Evento levou mais de 10 mil pessoas e com certeza já deixou um ‘gostinho’ de quero mais entre visitantes
Entre os dias 5 a 9 de julho, o município de Bonito mergulhou no mundo literário e na cultura durante a 7ª Flib (Feira Literária de Bonito), que recebeu renomados escritores, atores e músicos. Por lá tinha oficinas de formação, lançamentos de livros, gibiteca, apresentações de dança, música, exibição de documentários e muito mais. A atriz Elisa Lucinda e o músico Toni Garrido protagonizaram um belo encontro no palco principal. Quem também marcou presença foi o professor Biagio D’Angelo, da UnB (Universidade de Brasília) que ministrou oficina e teve uma experiência intensa. Resta alguma dúvida de que os visitantes e moradores respiraram literatura, cultura e música durante esses cinco dias? A 7ª edição da feira, com certeza já deixou um “gostinho” de quero mais entre os visitantes, moradores e artistas que passaram por lá.
No espaço natureza, durante sua palestra-show no sábado (8), a poetisa e atriz Elisa falou sobre temas polêmicos que permeiam a realidade do povo brasileiro, como racismo, invisibilidade das pessoas negras, desigualdade social e injustiças sociais. Elisa também citou o escritor brasileiro Castro Alves, que lutou incansavelmente contra a discriminação.
Horas depois da palestra de Elisa, o palco principal registrou um “encontro de gigantes”. O vocalista da banda Cidade Negra, Toni Garrido, fez um show que levantou a plateia na praça da Liberdade e também falou da importância de uma feira literária e principalmente dos professores e professoras presentes. Após ser ovacionado pela plateia, Toni convidou Elisa, que assistia ao show, para subir ao palco, quando ela declamou “Breu” e cantou com o artista ao som de rap, funk e samba.
A dupla se misturou à plateia, cantou, dançou, registrou selfies e Elisa enalteceu o diretor Zé Celso (in memoriam), destacado como um dos mais importantes diretores de teatro do país.
Oficinas
O escritor e professor Biagio D’Angelo, da UnB, ministrou a oficina de formação “Ser Humano e Ser Animal. Fábulas, Visões e Alegorias do Saber” e descreveu, à assessoria do evento, como foi a experiência “impressionante” de participar da Flib. “Eu acho que a coisa mais bonita que aconteceu nesses dias, não apenas a oficina, foi acompanhar todos os dias o que estava acontecendo. É impressionante! Crianças, atores, escritores, tudo um fervor de povo aqui presente. O que me impressiona é que a literatura aqui, neste momento, não é algo para intelectuais, para gente sisuda. É uma forma de poder interagir com uma fábula que está dentro de nós. Isso é uma coisa que me deixa muito feliz e que a Flib possa continuar, como diz Guimarães Rosa, de uma forma que se torne universal, para que não fique só uma atitude em si mesma”.
itura, principalmente para as crianças, a Gibiteca de Campo Grande também esteve na feira, apresentando o mundo dos gibis ao público. A gibiteca também levou para a praça a Bike Leitura, com exposições de gibis da Turma da Mônica, Cascão, Cebolinha, Magali, Zé Carioca, Pato Donald, O Menino Maluquinho, dentre outros.
Para a escritora Lucilene Machado, que participou da feira, o evento é de extrema importância para Mato Grosso do Sul, que há cada ano caminhapara registrar um grande público. “Eu considero um evento extremamente relevante para o Estado de MS, por se tratar de algo voltado à leitura, o que permite o aprimoramento pessoal e cultural da população. Ainda não temos um público do tamanho que desejamos, mas estamos caminhando para isso”.
Ela completa: “Estamos rodeados de evidências de que o nosso Estado não demonstra ser um Estado de leitores, o que é muito negativo. Não é um problema especificamente nosso, é um reflexo de um país com uma educação fragilizada, de forma que temos essa responsabilidade enquanto educadores, enquanto escritores, enquanto políticos e formadores de opinião. Devemos cooperar para que feiras desse porte aconteçam. Uma feira tem múltiplas funções, constitui-se um espaço para leitura, para fomentar a cultura e a educação. Ela aproxima o leitor do autor e pode chamar a atenção dos cidadãos para a importância da literatura, pautando e introduzindo o tema na agenda cultural do Estado. Além da comercialização que ela promove, a feira ofereceu às crianças, adolescentes e adultos momentos de atividades dinâmicas que despertam o interesse e o gosto pela leitura. Eu diria que a feira é, em si mesma, uma espécie de livro aberto”.
Por Livia Bezerra – Jornal O Estado de Mato Grosso do Sul.
Confira mais notícias na edição impressa do Jornal O Estado do MS.
Acesse também as redes sociais do O Estado Online no Facebook e Instagram.