A banda Biquini, anteriormente conhecida como Biquini Cavadão, acaba de lançar seu novo single, “A Vida Começa Agora”. Composta pelos quatro integrantes do grupo, a música, que já foi veiculada nas rádios, chega às plataformas digitais no dia 21 de fevereiro. A faixa traz uma reflexão sobre o momento atual, quando muitas pessoas se sentem presas a uma espera sem fim. Em uma conversa exclusiva com o Jornal O Estado, o vocalista Bruno Gouveia compartilhou detalhes sobre a nova música, a trajetória da banda e, claro, sobre a relação com seus fãs Sul-mato-grossenses.
Aos 40 anos de carreira, a banda vive sua fase mais próspera. Seus shows têm lotado grandes arenas e eventos por todo o Brasil, e não é somente pelo tempo de estrada, mas pela constante reinvenção que a banda promove ao longo dos anos. ‘A Vida Começa Agora’ vai além de um simples single; é um reflexo de sua trajetória, de um estilo de vida e da essência que define o grupo.
A faixa fará parte do primeiro EP a ser lançado celebrando os 40 anos da banda. A tour, que começará dia 15 de Março no Circo Voador, palco da primeira apresentação oficial da banda, terá o nome ‘A Vida Começa Aos 40’.
O Biquini é uma banda de rock brasileira, formada em 1985 no Rio de Janeiro por Bruno Gouveia, Miguel Flores, Álvaro Birita e Carlos Coelho. Atualmente, a formação conta também com os músicos convidados Marcelo Magal e Walmer Carvalho. Em 2022, a banda decidiu abreviar seu nome, que antes era “Biquini Cavadão”, para simplesmente “Biquini”, uma mudança que reflete como o público e a imprensa já a reconheciam e chamavam nos shows, onde os fãs costumavam entoar o nome de forma mais simples, apenas “Biquini”.
“A vida começa o tempo todo”
“A Vida Começa Agora” é o primeiro single de um EP que será lançado até maio, com quatro faixas. Para a reportagem do Jornal O Estado, Bruno Gouveia afirma que apesar de todas as músicas serem bastante promissoras, o vocalista acredita que essa canção representa um ponto de partida importante para a banda, especialmente neste momento de celebração dos 40 anos de carreira do Biquini.
“Completamos 40 anos porque partimos da ideia de que a vida começa o tempo todo. A vida começa a cada instante, com novos sonhos, novas metas. Isso se reflete não apenas no nosso trabalho, mas também em um contexto maior, como a questão do etarismo, que está muito presente na sociedade. Essa ideia de que, se você passou de certa idade, não tem mais nada a oferecer. Mas a fita começa quando você quiser, e é isso que queremos dizer, tanto na canção quanto na nossa turnê”, afirma o cantor, destacando que o grupo continua se reinventando a cada nova fase.
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Foto: Marcos Hermes/Divulgação
Nos 40 anos de carreira, o Biquini ainda tem projetos musicais que estão na lista de desejos da banda. Um deles é a gravação de um acústico, algo que o grupo planeja há cerca de 20 anos, mas que até agora não se concretizou. “Sempre falamos sobre isso, mas acabamos adiando, talvez pela energia dos nossos shows, que são sempre muito intensos, com uma vibração única, onde até os fãs mais jovens, de 18 anos, continuam pulando junto conosco, mesmo com a gente já beirando os 60”, explica.
Apesar da dificuldade em realizar esse projeto, o acústico permanece como uma meta, entre muitas outras ideias que a banda ainda quer concretizar, afirmando que há muitas histórias e sonhos para realizar no futuro.
A turnê comemorativa dos 40 anos do Biquini Cavadão já está com a agenda quase definida e começa no Circo Voador, no Rio de Janeiro, no dia 15 de março. A escolha dessa data não é por acaso: foi em março de 1985 que o grupo fez seu primeiro show, justamente nesse palco, marcando o início de sua carreira profissional. A turnê, que se estenderá por dois anos, passa por diversas cidades, e Campo Grande, está nos planos.
“Vai ser um prazer voltar ao estado, onde sempre tivemos as melhores lembranças e fizemos muitos shows, não só na Capital, mas também em várias cidades próximas. Então estamos realmente ansiosos pela possibilidade de tocar em MS mais uma vez. As nossas lembranças de Campo Grande sempre foram as melhores”, comenta Bruno.
O público poderá esperar grandes hits dos anos 80 durante a turnê, como ‘Tédio’ e ‘Timidez’, além de clássicos como ‘Meu Reino’ e ‘No Mundo da Lua’. Já da década de 90, a banda promete músicas como ‘Janaína’ e ‘Zé Ninguém’, e do século XXI, sucessos como ‘Dani’, ‘Quanto Tempo Demora um Mês’ e ‘Roda Gigante’. “Vamos resgatar músicas desse novo EP e, claro, trazer algumas surpresas, como pérolas esquecidas da nossa história”, afirma Bruno. A turnê será dinâmica e personalizada, com algumas canções sendo apresentadas em datas e shows específicos para agradar aos fãs mais exigentes.
Legado na História do Rock
O Biquini, integrante da geração do Rock Brasil dos anos 80, segue resistindo ao longo das décadas, sempre inovando. Bruno destaca que o segredo para essa longevidade está em dois pontos principais: a qualidade das músicas e o respeito. “Primeiro, é essencial fazer boas músicas. Não adianta ser uma pessoa bacana e não ter composições que realmente ressoem com o público. Ao longo dos 40 anos, a banda sempre se preocupou em criar músicas que atravessassem as gerações, com sucessos nos anos 80, 90, 2000 e 2010. O mais gratificante é ver como nossas músicas continuam sendo passadas de geração em geração, com faixas como ‘Timidez’, que até os jovens de 15 anos se identificam, muitas vezes porque ouviram dos pais. Sempre nos respeitamos e respeitamos todos ao nosso redor, o que foi crucial para nossa trajetória”.
Ao avaliar o cenário das rádios atuais, Bruno reconhece que o espaço para o rock brasileiro diminuiu nos últimos anos. Ele ressalta a importância da gratidão pela oportunidade que essas rádios oferecem.
“Atualmente, gêneros como sertanejo e funk dominam as rádios, enquanto o axé e o rock perderam espaço. Mesmo assim, as músicas do Biquini ainda encontram seu lugar nas rádios de rock e voltadas ao público adulto contemporâneo. Embora muitas rádios sigam com o comodismo de tocar sempre os mesmos estilos, a banda continua produzindo músicas com sua identidade. Um exemplo disso foi a parceria com Matheus & Kauan, que gravamos ma versão de Quanto Tempo Demora um Mês com a banda. Seguimos aberto a novas colaborações e sonoridades”.
A banda acredita que o streaming democratizou a música, dando mais visibilidade aos artistas que antes dependiam das gravadoras. No entanto, Bruno destaca que o retorno financeiro ainda precisa ser ajustado. “Poesia nem sempre viraliza, mas uma piada ou bordão pode alcançar muito mais rápido. A tendência da música se tornar mais superficial, com bordões e memes que viralizam rapidamente, mas não possuem a mesma profundidade poética das canções”.
Novos e Antigos Fãs
A banda percebe que a nova geração, como a geração Z, está começando a curtir as músicas do Biquini, algo que fica evidente nos shows. Bruno Gouveia explica que muitos fãs mais velhos, na faixa dos 30 e 40 anos, acabam levando seus filhos adolescentes para os shows. Além disso, a banda tem se apresentado em muitos shows ao ar livre, o que permite atingir um público que, muitas vezes, não conhece o trabalho do Biquini, mas sai do evento com uma boa impressão.
“Muitos desses jovens já conhecem nossas músicas, seja por influência dos pais ou porque as descobrem por conta própria. Nada melhor do que os próprios fãs, que não se contentam em ficar quietos, e querem compartilhar a música com amigos e familiares. Isso vai criando um movimento, gradualmente, como um trabalho de formiguinha, atingindo essa nova geração”.
O músico deixou uma mensagem especial para os fãs de Campo Grande, deixando claro que estará em terras pantaneiras em breve.
“Nós adoramos fazer shows por todo o país, e Mato Grosso do Sul não é diferente. Já fizemos alguns shows muito legais em Campo Grande, e é uma pena que não venhamos com a frequência que gostaríamos. Mas, com certeza, na comemoração de 40 anos de carreira da banda, Campo Grande não pode ficar de fora. Vamos tentar viabilizar essa possibilidade para celebrar esse marco com todos vocês. Muito obrigado pelo carinho de sempre, pessoal de Mato Grosso do Sul!”.
Por Amanda Ferreira e Marcelo Rezende