Avatar – Fogo e Cinzas: entre espetáculo visual, ambição industrial e recepção crítica dividida, longa chega hoje aos cinemas aprofundando o universo de Pandora

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Estreia hoje, 18 de dezembro, nos cinemas brasileiros “Avatar: Fogo e Cinzas”, novo capítulo de uma das franquias mais marcantes da história recente do cinema. Dirigido por James Cameron, o longa com classificação indicativa de 14 anos, retoma o universo de Pandora em uma aventura épica que combina espetáculo visual, ação intensa e conflitos emocionais profundos, reafirmando o impacto cultural da saga que conquistou o público desde 2009.

Com quase três horas e meia de duração, o filme aprofunda o drama da família Sully em meio a um cenário inédito e hostil. Ambientada na região vulcânica de Pandora, a narrativa acompanha Jake Sully (Sam Worthington) e Neytiri (Zoe Saldana) após a devastadora guerra contra a RDA e a perda do filho mais velho. A sobrevivência agora depende do domínio do fogo, elemento central do bioma e da nova ameaça que surge no planeta.

O principal antagonismo vem do Povo das Cinzas, uma tribo Na’vi agressiva e marcada pela violência extrema, liderada pelo implacável Varang (Oona Chaplin). Capazes de controlar o fogo e movidos por ambições de poder, os guerreiros desse clã colocam em risco o equilíbrio de Pandora. Em paralelo, os humanos intensificam seus esforços de colonização, forçando Jake e sua família a enfrentarem limites físicos e emocionais para proteger o futuro do planeta e recuperar a possibilidade de uma vida em paz.

Produção

O lançamento de “Avatar: Fogo e Cinzas” marca um novo momento para a franquia criada por James Cameron, não apenas pelo avanço narrativo, mas também pela escala industrial envolvida no projeto. Informações divulgadas pela imprensa internacional apontam que o investimento para colocar o filme de pé alcançou cifras raramente vistas em Hollywood, consolidando o longa como uma das produções mais caras já realizadas na história do cinema comercial.

Com gastos que extrapolam a casa dos 400 milhões de dólares e uma estratégia global de divulgação igualmente robusta, a expectativa financeira em torno do filme é proporcional à sua ambição artística. Para atingir um retorno considerado satisfatório dentro dos padrões da indústria, a nova produção ambientada em Pandora precisará conquistar o público mundial em larga escala, mantendo o desempenho bilionário que consagrou os capítulos anteriores da saga.

Narrativamente, Fogo e Cinzas também apresenta mudanças significativas ao público. Pela primeira vez desde o início da franquia, a história não será conduzida pela perspectiva de Jake Sully. O foco passa para Lo’ak, personagem vivido por Britain Dalton, indicando uma transição geracional dentro do universo de Avatar. O longa ocupa a terceira posição dentro de um arco planejado de cinco filmes, que seguem em desenvolvimento a longo prazo.

Os bastidores da produção ajudam a explicar a grandiosidade do resultado final. O processo de filmagem começou ainda em 2017, em paralelo ao longa anterior, atravessou interrupções causadas pela pandemia e só foi efetivamente finalizado anos depois, com gravações complementares realizadas já em 2024. Parte significativa do elenco retorna aos seus papéis, enquanto novos personagens ampliam o mosaico cultural de Pandora, incluindo líderes de clãs inéditos e figuras centrais para os conflitos da trama.

Desde o primeiro Avatar, lançado em 2009, James Cameron estabeleceu um padrão tecnológico que transformou a linguagem dos efeitos visuais e do cinema em 3D. Fiel à busca por inovação, o diretor segue explorando novas ferramentas para expandir esse universo, ainda que reforce a importância da presença humana em cena. “Avatar: Fogo e Cinzas”chega aos cinemas e antecede um intervalo de quatro anos até o próximo capítulo, com a conclusão da saga já projetada para a próxima década.

Crítica

A recepção crítica de “Avatar: Fogo e Cinzas” tem se mostrado dividida nos principais agregadores internacionais. Em plataformas especializadas, o longa registra um índice de aprovação moderado, construído a partir de mais de uma centena de análises publicadas por críticos de diferentes países, sinalizando que o novo capítulo da franquia não alcança consenso entre os avaliadores.

Entre as opiniões mais duras está a da jornalista Wenlei Ma, do veículo australiano The Nightly, que atribuiu nota intermediária ao filme. Em sua análise, a crítica aponta que o excesso de duração compromete o ritmo da narrativa, transformando a experiência em algo cansativo. Segundo ela, a sucessão de cenas grandiosas e conflitos reiterados acaba diluindo o impacto emocional da história, gerando a sensação de que muito acontece em tela sem que isso, de fato, avance o envolvimento do espectador com os personagens ou suas trajetórias.

O crítico Peter Howell, do jornal The Star, avaliou “Avatar: Fogo e Cinzas” com três estrelas e meia, destacando inicialmente o apuro técnico que se tornou marca registrada da franquia. Em sua análise, Howell ressalta a força visual do universo criado por James Cameron, com destaque para os Na’vi, as criaturas que dominam os céus e os oceanos de Pandora, além da riqueza da flora e fauna bioluminescentes. Para o crítico, a tecnologia 3D segue sendo um diferencial capaz de transformar a experiência do espectador, criando um nível de imersão que faz o mundo real parecer menos vibrante em comparação.

Apesar do impacto estético, Howell aponta limites narrativos que comprometem o filme como obra autônoma. Segundo ele, Fogo e Cinzas se perde na ambição de ser um grande evento cinematográfico, acumulando personagens, conflitos e momentos de clímax sem assumir o papel de fechamento que se espera de um terceiro capítulo.

O crítico observa que a recusa em encerrar a história, reforçada pelos planos de novos filmes, resulta em uma narrativa diluída, mais preocupada em sustentar a grandiosidade da franquia do que em oferecer uma conclusão consistente, evidenciando o dilema dos blockbusters contemporâneos entre espetáculo e densidade dramática.

Sobre IA

Durante uma exibição de “Avatar: Fogo e Cinzas” para a imprensa em Los Angeles, o diretor James Cameron se posicionou de forma crítica em relação ao uso indiscriminado de inteligência artificial no cinema. Em entrevista citada em reportagem da Folha, ele destacou o trabalho de uma equipe numerosa e altamente especializada para viabilizar a complexa tecnologia de captura de movimentos que dá vida aos personagens de Pandora, processo semelhante ao utilizado em produções como Planeta dos Macacos e O Senhor dos Anéis.

Embora reconheça que a IA poderia reduzir custos na pós-produção, Cameron afirmou não ter interesse em adotar a ferramenta nesse contexto. Para o cineasta, o uso excessivo da tecnologia pode incentivar atalhos criativos, afastando realizadores do contato direto com atores e do exercício da escrita autoral. Ele demonstrou preocupação, sobretudo, com jovens cineastas que veem na IA uma solução rápida diante da falta de recursos financeiros.

Os atores do elenco compartilham uma visão mais moderada sobre o tema. Sam Worthington afirmou que o assunto não foi central nas discussões da produção, enquanto Stephen Lang avaliou a inteligência artificial como uma ferramenta válida, desde que usada com responsabilidade. Ambos reforçam o compromisso da equipe com o cinema como arte coletiva, posição que reflete o prestígio de Cameron na indústria — evidenciado, inclusive, pelas indicações antecipadas de Fogo e Cinzas a premiações importantes, antes mesmo de sua estreia oficial.

Por Amanda Ferreira

 

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