Ator e piloto da Pantanal é memória viva das gravações

Lilique
Lilique

Luis Henrique Rondon Santagostino, o Lilique, aos 78 anos, volta após três décadas a reviver memórias que emocionam o Brasil inteiro. Ele foi contactado para a regravação da novela Pantanal, da qual já fez parte. De piloto a apoio de produção e elenco, acabou se tornando ator, produtor da obra, um verdadeiro faz tudo. Conhecedor da área de Aquidauana, Miranda e Corumbá por terra, céu e água, Lilique conta com alegria e revive seus feitos nos anos de 1990. Ele se tornou amigo dos atores, principalmente de Cristiana Oliveira, a quem ajudou por diversas vezes.

Quando a novela histórica para a teledramaturgia brasileira completou 28 anos, a eterna Juma Marruá chorou no reencontro. “Foi uma emoção muito grande. Fiquei até preocupado porque ela não parava de chorar. Falei para ela ‘menina calma’”, lembra Lilique. São coisas que ficam, não só com a protagonista da época, mas com os demais envolvidos. O piloto fala que ela foi uma das pessoas que criaram um vínculo forte com ele, mas para tudo era consultado. “Precisavam de cigarro era comigo, precisavam de calcinha era comigo, precisavam de absorvente era comigo, tudo era comigo porque era eu que ia e voltava da fazenda”, conta.

O piloto com 25 mil horas de voo e que, ainda na ativa, pilota para cinco fazendeiros da região, revela que a atriz Cristiana Oliveira adoeceu e foi ele que a levou para o médico dele, motivo do fortalecimento da amizade entre os dois. Lilique levava a atriz até onde era possível fazer uma ligação.

“A Cristiana tinha uma filha pequena e nossas comunicações eram muito precárias na época. Eu a encontrava chorando pelos cantos. Quando perguntava o motivo, ela dizia estar com saudades da filha. Eu arrumava um jeito de colocá-la em um voo que vinha para Campo Grande e ela falava ao telefone com a criança, com a menina dela e a gente voltava no mesmo dia, no máximo no dia seguinte”, destaca.

Orgulho do passado

Orgulhoso do passado, Lilique diz que foi ele que agilizava as coisas com a primeira Pantanal. “Participei de tudo. Tinha quatro contratos com a Manchete. Mexia com tudo que precisava. Tinha cinco ou seis aviões disponíveis para isso. Eu coordenava a coisa toda. A novela de ponta a ponta passava por mim. O Jayme Monjardim me perguntou na época se eu podia fazer parte e eu disse que se tivesse condições, faria. Fiz o papel do Ary, o piloto do Zé Leôncio. Foi um envolvimento muito grande”, recorda.

Para ele, as filmagens da novela mudaram completamente daquela época para cá. Ele acredita que as pessoas responsáveis pelo remake tomaram conhecimento da importância de Lilique na produção da gravação original e analisam como ele poderia participar. Ele acabou de ser vacinado contra o coronavírus e agora espera para fechar algo com a Globo que traz novamente Marcos Palmeira (Zé Leôncio) e Almir Sater para o elenco. “Eu não tenho condições de carregar sacos mais, mas eles têm que utilizar meu conhecimento como pantaneiro. Conheço o local a pé, a cavalo bastante, de carro e muito de avião. Sei quem era proprietário do quê, sei onde fica cada lugar. Foram meus primos e primas que cederam as propriedades para as locações das gravações”, diz.

A Fazenda Rio Negro será de novo o cenário da novela desta vez escrita pelo diretor Bruno Luperi, neto do autor original, Benedito Ruy Barbosa. As pré-gravações começam neste fim de semana por Aquidauna, depois Miranda e finalizando em Corumbá. O local era do avô de Lilique que passou boa parte da infância e juventude por lá.

“Na época da novela era de um tio meu e quando um amigo em comum foi consultado pelo Jayme, ele indicou meu nome como a única via para chegar ao Pantanal. Ele me achou e contou a história. Eu disse que de Pantanal sabia de tudo e mais um pouco. Eu pedi a sinopse para eu saber o que ele queria. Li e disse agora já sei. O levei para mostrar o local. Em dez minutos ele sentou e acertou tudo com meu primo. Eu disse que tinha toda a estrutura para viabilizar o que era necessário. Em 25 dias estruturei da maneira que ele precisava e depois foi só correria”, finaliza.

O Pantanal, agora global, de Juma Marruá, a mulher onça, vai ser fiel ao original de 1990, garante a produção e deve entrar no horário nobre a partir do segundo semestre deste ano.

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