Até os ‘telhados do mundo’: campo-grandenses aventuram-se ao topo do Monte Everest

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Os campo-grandeses Firmino e Murilo fizeram caminhada de 12 dias e chegaram ao topo - Foto: Arquivo pessoal

Fora dos limites do olhar, um casal campo-grandense aventurou-se em uma jornada até os “telhados do mundo”. Em uma caminhada com duração de 12 dias, após enfrentarem momentos de tensões, desassossegos e angústias, o casal Firmino Cortada e Murilo Cunha chega à considerada mais alta montanha do planeta Terra: o Monte Everest. Entretanto, a dupla revela ter vivenciado uma experiência muito significativa e rica em aprendizado. 

Em 1852, o Everest foi identificado pelo matemático e topógrafo indiano Radhanath Sikdar (1813-1870) como a montanha mais alta do mundo, com 8.848 metros de altitude. Desde então, o pico, situado no continente asiático, na Cordilheira do Himalaia, entre o Tibete e o Nepal, é o maior desejo de muitos alpinistas e turistas que sonham com essa escalada desafiadora, apesar de a aventura poder ser fatal, tendo em vista que ventos fortes, escassez de oxigênio e avalanches são alguns dos percalços que testam o limite do corpo e, às vezes, podem até culminar na morte de diversos exploradores. 

Influenciados pelo filme “Everest” (2015) do diretor islandês Baltasar Kormákur, o empresário Firmino Cortada e o gestor Murilo Cunha idealizaram a tão sonhada viagem por oito anos. Quando, enfim, em 2023, conseguiram transformar o sonho em realidade. Contudo, Firmino revela que visitar locais singulares é uma constante na vida do casal, mas frisa que a montanha foi a aventura mais provocativa. O empresário ainda acresencenta que um planejamento financeiro é necessário para concretizar o turismo. 

“Nós nunca havíamos feito trilha com essa magnitude. Nós já fizemos trilha, por exemplo, na Pedra da Gávea, no Rio, no Alaska, onde, no último dia de viagem, pegamos uma temperatura de menos 46 graus e também já fomos à Ucrânia, em Chernobyl. Após assistir ao filme ‘Everest’, momento em que realmente foi nos despertado o interesse em subir a montanha, nós nem imaginávamos que poderíamos ir, até encontrarmos um blogueiro de viagem, o Lorenzo Firmino, que realizou essa escalada até o topo da montanha. Conversamos com ele e pegamos o contato de uma agência de turismo no Nepal, nos organizamos financeiramente, digo que pelo menos em torno de 20 mil é necessário, mas foi a partir daí que a nossa aventura começou. O mal da montanha é a loteria, é cheia de surpresas e inspira muitos cuidados”, destaca o empresário.

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Foto: arquivo pessoal

Montanha sagrada 

A montanha é considerada sagrada para muitos povos, desde chineses, tibetanos, sherpas, até os nepaleses, que nomearam o Everest como Sagarmatha, que significa “rosto do céu”. Segundo Murilo, o comportamento e outras características culturais foram os pontos que mais chamaram a atenção durante o percurso, além dos cuidados requisitados para cumprir o trajeto. 

“O que mais nos impressionou foram os portes que carregam cargas absurdas na trilha, às vezes mais de 100 kg, uma condição que, para nós, é sub-humana. As vacas por lá que, apesar de serem sagradas e não servirem como alimento, são animais de transporte. Além disso, nós aprendemos muito sobre a religião deles, tivemos um contato maior com o budismo, o hinduísmo. Entretanto, alguns aspectos foram bem difíceis de se adaptar, como a questão da higiene. A falta de banho me pegou muito, as acomodações são alojamentos com camas muito duras, o banheiro é comunitário, bem sujo e daqueles antigos. É um buraco no chão e são muito recorrentes esses sanitários mais simples, nessa região. Então, são costumes diferentes, mas viver uma experiência assim, diferente, nos deixou muito satisfeitos, mas esgotados (risos). Lá é lindo, mas muito sofrido”, disse Murilo. 

Quem sobe ao Everest destaca que a experiência testa os limites do corpo. Em 2006, o afamado alpinista brasileiro Vitor Negrete subiu pela segunda vez até o topo da montanha, no entanto, dessa vez, sem o auxílio de oxigênio e do guia local. Negrete alcançou seu objetivo, chegou até o cume, mas faleceu horas depois, devido ao desgaste físico e hipotermia. Conforme relata Firmino, é preciso ter uma cabeça muito boa para lidar com essas indisposições, entretanto, a viagem rende muitas reflexões.

“É muito cansativo, tem que ter cabeça boa. A montanha, o trajeto, ele pode provocar dor de cabeça, enjoo, vômito, náusea, dor de estômago e desmaio. Não é necessário um preparo físico profissional, mas é importante ser uma pessoa ativa, praticar exercícios ao menos três ou quatro vezes na semana, ter uma alimentação equilibrada, realizar exames antes de embarcar. Ao menos são cuidados que fizemos antes viajar. E assim, tem gente que já subiu no topo do Everest e vai tentar vir para o acampamento base de novo, e tem quem nunca mais queira fazer essa viagem. Mas com certeza é uma experiência que te faz pensar com mais carinho a respeito de tudo que você possui. Sem falar nas paisagens, são exuberantes. Entretanto, nossa próxima viagem será uma aventura na Disney mesmo (risos)”, afirma Firmino.

Por – Ana Cavalcante

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