Neste sábado (25) o instrumentista sul-mato-grossense Antônio Porto realiza um show especial em comemoração aos seus 60 anos, no espaço Teatral Grupo de Risco. “As canções que me formaram” será um concerto intimista, com violão e voz, com canções próprias e que ajudaram Porto a se formar como artista.
“Na próxima semana faço 60 anos. Como estou em Campo Grande até o dia 27, resolvi fazer esse show para comemorar essa idade, que para mim, é bem emblemática. Eu já tinha o desejo de fazer isso, porém morando em São Paulo e na correria de lá, eu não consegui a concentração necessária para articular isso e também pela falta de espaços sem burocracia, e que não fosse um bar”, comenta.
“Me encontrei por um acaso com a Roma do Teatral Grupo de Risco, e ela me ofereceu o novo espaço deles para que eu pudesse fazer. Era o que eu precisava. Assim, vou realizar o meu desejo de um show de caráter intimista, de voz e violão, porém com um repertório que resume não só a minha trajetória, mas que as pessoas também se identificarão pelo coletivo imaginário do seu conteúdo e incluindo algumas de minhas canções que foram inspiradas nas várias fases musicais que vivenciei e que também já são conhecidas do público campo-grandense”, complementa.
O artista
Antônio Porto é um músico campo-grandense, que teve contato com música desde cedo, principalmente com o violão, por influência do pai e do irmão mais velho. Com 15 anos, já despontava na cena cultural de Campo Grande como músico amador e no mesmo período desenvolveu aptidão para outros instrumentos como guitarra, baixo, bateria, teclados e bandolin.
“Comecei a tocar violão muito cedo. Meu pai e meu irmão mais velho eram violinistas. E isso foi natural. Quando vi já estaca tocando também. Depois, conforme as oportunidades surgiram, fui me dedicando a outros instrumentos, pela facilidade natural que eu tinha para isso”, relembra Porto em entrevista ao jornal O Estado.
Nos anos 80, o artista se muda para São Paulo, onde participa da banda do cantor e compositor Renato Teixeira, e da banda nordestina ‘Perigo Na Área’, que tocava em diversos espaços noturnos da cidade. “Toquei com muita gente, aprendi mais coisas, me aperfeiçoei no meu conceito musical”.
Carreira Internacional
A partir daí, Porto se lançou para o mundo, com trabalhos internacional e parcerias com artistas de outros países. “Depois veio a Europa, onde vivi por mais de uma década e onde toquei com os principais artistas da Áustria, Alemanha, e de outros locais, principalmente Africa. A Áustria se tornou a minha segunda pátria. Amo Viena como se fosse minha cidade. E, até hoje, mesmo tendo saído de lá há tantos anos, sinto que é recíproco”, destaca.
Ao todo, Porto passou 10 anos na Europa, onde passou por diversas influências musicais, da música africana a do Oriente Médio, jazz, MPB, salsa latino-americana, tocou em importantes festivais de Jazz; estudou improvisação com músicos europeus, israelenses e brasileiros que estavam na Europa, como Alegre Correa e Timna Brauer. Também integrou uma banda com o austríaco Huberto Von Goisern, com quem gravou dois DVDs e um CD.
De volta as raízes
“Quando voltei para o Brasil, trouxe toda essa bagagem e a implantei nos trabalhos que inseri aqui”, explica. Além de Campo Grande, Porto morou no Rio de Janeiro e São Paulo, onde teve a oportunidade de tocar com Tetê Espíndola, também de Campo Grande, Paulo Simões, Guilherme Rondon, e realizou a produção musical e arranjos para CDs, trilha sonora para filmes e propagandas de televisão. De 2008 a 2013, Porto trabalhou tocando baixo acústico para o artista Almir Sater.
“Desde então fixei morada em São Paulo, onde estou até hoje, além de todos os trabalhos que faço com vários artistas de diferentes partes do Brasil. Coordeno há 5 meses um sarau chamado ‘Quinta na Rotina’, que é feito todas as quintas-feiras, no Teatro da Rotina, na Vila Madalena, e que está se tornando aos poucos uma referência na noite paulistana, com um público muito ligado ao que há de mais icônico na história da música brasileira, que é a proposta do nosso sarau”.
Opinião
O músico reconhece que tem uma influência significativa no cenário cultural, embora afirme que seu público local é pequeno, mas extremamente fiel e carinhoso. Ele menciona que adora tocar para essas pessoas, descrevendo-as como afetuosas e capazes de criar uma atmosfera de “dose perfeita de emoção” em seus shows. Apesar disso, reforça que sua trajetória ocorre fora das estruturas burocráticas ou das instituições governamentais, e destaca que realiza tudo de forma independente. “Não há ressentimento da minha parte”, garante ele, ao falar sobre a falta de apoio de curadores ou gestores culturais. “Se eu não agrado a eles… paciência. Não há rancor.”
O artista relembra um período em que foi mais contestador e militante nas discussões sobre gestão cultural. Com o tempo, no entanto, amadureceu a ideia de que ninguém é obrigado a gostar dele ou de seu trabalho. “É a vida!”, comenta, com serenidade. Ele também não esconde o orgulho de sua trajetória. Saiu de sua terra natal como um jovem pobre e sem recursos, mas construiu uma carreira sólida, tocando em festivais importantes e se apresentando em cerca de 40 países.
“Eu nasci com o dom de não precisar de muito para viver, de não pensar em ser famoso e de me contentar com o pouco de muita qualidade. E é assim que vai continuar sendo”.
Serviço
O show “As canções que formaram” de Antônio Porto será realizado neste sábado (25), às 21h, no Teatral Grupo de Risco, na rua Trindade, 401. Os ingressos estão por R$ 24 e podem ser adquiridos pelo número 11 9 9494 1316.
Por Carolina Rampi
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