Artista campo-grandense lança 2ª edição da exposição ‘O Tempo Quando Olho’, em Dourados

Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal
Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal

Abertura será na sexta-feira (8) com vernissage e livepainting

Com obras que incluem desenhos, ilustrações, pinturas e instalações, a artista campo-grandense Sara Welter, conhecida como SYUNOI leva a exposição ‘O Tempo Quando Olho’ para o município de Dourados, de 8 de agosto até 5 de setembro, com vernissage e livepainting, no Sucata Cultural, sempre às 19h, com entrada gratuita. Entre a curadoria de obras esta a série de desenhos do projeto ‘Resquícios do Tempo’, onde retrata 10 patrimônios históricos de Campo Grande e também, a instalação ‘Em algum lugar já não existo mais’, realizada como TCC (Trabalho de Conclusão de Curso) de Artes Visuais.

Syunoi aborda o tempo de maneira poética e filosófica, convidando os espectadores a refletirem sobre as marcas que ele deixa em nossas vidas. A mostra explora como o tempo, invisível e constante, permeia cada ação e pensamento. Com foco nos patrimônios de Campo Grande, as obras do projeto ‘Resquícios do Tempo’, que farão parte da exposição, também poderão dialogar com o município de Dourados, conforme a artista.

“Falar e contar sobre história, não se limita apenas ao local de origem; o projeto ‘Resquícios do Tempo’ tem esse pontapé inicial focada nos patrimônios históricos de Campo Grande, mas tem tanta história envolvida que abraça a imensidão da história do Estado. Muitos dos locais desenhados trazem a história da ferrovia e de mudanças, que foram importantes em questões da Capital, e que influenciaram outras cidades em MS”, explica.

“Esses desenhos transmitem essa ideia de refletir sobre a história e olhar com devida atenção ao passado, para entendermos onde estamos no presente. Além disso, eles possuem uma estética de abandono que se assemelha a outros locais, que provavelmente existem também em Dourados. A intenção é olhar esses lugares antigos e abandonados e questionar: ‘qual é a história daquele lugar?’, ‘quem passou por ali?’”, completa.

Tempo e existência

O conceito do tempo sempre esteve presente no trabalho de SYUNOI, mas foi só após alguns anos de exploração artística que ela percebeu a profundidade dessa relação. A artista descobriu que grande parte de suas produções abordam o tempo, seja como uma ideia ou metáfora, seja como a força que impõe condições sobre tudo ao seu redor. A exposição de Dourados trará novamente a instalação ‘Em algum Lugar já não existo Mais’, presente na edição de Campo Grande.

“A instalação questiona o vazio existencial e esse é um assunto muito falado hoje, ainda mais com essa grande imersão da IA [Inteligência Artificial] e todas as coisas que envolvem a nossa existência humana, esses questionamentos sobre o tempo, sobre o futuro, sobre o presente e passado sempre estão no nosso inconsciente e as obras surgem para trazem essa reflexão ao público sobre tudo isso”, opina Sara para a reportagem.

Preferências

A escolha pelo papel como material de trabalho se deve à sua acessibilidade e versatilidade. Para a artista, o papel é um material fácil de encontrar e de armazenar — ela mesmo guarda tubos de papel enrolado em sua casa. O uso desse material, no entanto, vai além da praticidade: ele reflete diretamente sobre o desgaste do tempo.

“Sou uma artista que gosta de abraçar esse tipo de acontecimentos, quando mancha ou amassa creio que faz parte de como aquele objeto artístico conversa com o espaço e com o que está a volta. E propriamente ele imprimi essa memória e efemeridade quando vai se desdobrando dentro dessas condições, como os primeiros esboços, o desenho, o toque da mão e até onde for inserido”.

Syunoi descreve o lápis como uma ferramenta simples, mas certeira, usada para registrar a ideia do tempo. O conceito de que o tempo “digerirá tudo que toca” permeia sua exposição, que se desdobra em uma narrativa visual que transita entre o figurativo e o abstrato. As instalações, por sua vez, ocupam o espaço de maneira imersiva, criando uma experiência sensorial que convida o espectador a caminhar por elas, interagir com as obras e, assim, vivenciar o tempo de forma quase física.

“O desenho e a pintura ela surge com muita facilidade, consegue transmitir muito claramente tudo aquilo que passa na cabeça. A instalação, por exemplo, vem numa série de etapas, primeira ideia que tive foi em inserir o público em um lugar onde pudessem estar imersos num sentimento muito profundo, que questionassem tudo, e a partir de estudos e desenhos, a instalação surgiu”.

Dúvidas

Um dos maiores desafios que Syunoi se propõe é trabalhar com o conceito de pertencimento, um tema que se entrelaça com a ideia de memória e com as marcas que o tempo deixa nas pessoas e nos espaços. Em sua pesquisa, a artista se depara com a dúvida como um motor criativo: a incerteza sobre quem somos e de onde viemos.

“O mundo atual está no levando a um excesso de tudo, temos a ilusão que temos acesso a tudo, e o quão bom é estar acessando tanta informação, sendo que, na verdade, a única informação que podemos acessar é o presente. A arte nos faz parar e entender que momentos tem a nos oferecer, faz refletir, entender, questionar, e nos conectarmos com nós mesmos”.

Syunoi afirma que não há uma influência clara em suas criações, que surgem a partir de tudo o que ela vê, toca, ouve e, principalmente, sente. O sentimento e as questões que permeiam sua percepção são os motores do seu trabalho. Para a artista, o processo criativo é orgânico e intuitivo: “Às vezes, penso em uma ideia e vou dialogando com ela até chegar ao papel, e, quando isso acontece, o acaso guia o processo de produção”.
Serviço: A exposição ‘O Tempo Quando Olho’ estará disponível ao público a partir do dia 8 de agosto até 5 de setembro, sempre às 19h, de forma gratuita, no espaço Sucata Cultural, Rua Onofre Pereira de Matos, 815, Centro de Dourados.

Por Amanda Ferreira e Carolina Rampi

 

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