Animais de estimação proporcionam benefícios na saúde mental e na rotina dos tutores

Foto: Reprodução/Arquivo pessoal
Foto: Reprodução/Arquivo pessoal

Psicólogo explica que a relação do homem com os animais é ligada ao desenvolvimento social

Hoje, 4 de outubro, é comemorado o Dia Mundial dos Animais! A data também faz alusão a São Francisco de Assis, considerado o padroeiro dos animais e do meio ambiente. A companhia dos animais domésticos na vida dos seres humanos ganhou tanto destaque e importância que os tutores de animais de estimação reconhecem a alegria imediata que eles proporcionam na rotina.

Mas os benefícios de ter um amigo peludo – ou qualquer outro bichinho – não param por aí: é cientificamente comprovado que eles trazem inúmeros benefícios para o bem-estar das pessoas.

Um dos maiores impactos está relacionado diretamente aos sentimentos e à saúde mental. “Ter um pet alivia sintomas de ansiedade, depressão e estresse, além de proporcionar mais momentos de felicidade, conforto e gratidão, e ainda de ser fonte de amor e companheirismo para muita gente”, afirma a psicóloga, psicanalista e psicoterapeuta Beatriz Breves.

A diagramadora fotográfica Evelyze Figueiredo, 31 anos, atua no resgate de animais e ajuda a encaminhá-los para adoção. A ideia de ajudar os peludinhos veio com o tempo, ao ver o descaso das pessoas com os bichinhos, bem como a irresponsabilidade de tutores em casos em que os animais não são castrados, não têm alimentação ou outros cuidados adequados. “Acho que minha revolta foi o que me moveu mais que tudo. Na minha vizinhança havia uma colônia de 15 gatos. Eu e minha mãe fizemos rifas, os vizinhos e amigos nos ajudaram e, com essa mobilização, hoje todos os gatos estão castrados. São atitudes simples para nós, mas de grande ajuda para eles, que dependem de nós e precisam de ajuda.”

Ela afirma que seus pets são grandes aliados para manter a estabilidade da saúde mental, após ser diagnosticada com ansiedade e TOC (transtorno obsessivo-compulsivo). “Meus gatos – particularmente – notam quando estou em crise e preciso de ajuda. Eles me sondam, deitam em meu colo, ronronam, tentam me acalmar como podem e conseguem isso facilmente. Minha ‘doguinha’, Julie, é mais agitada, mas percebe quando estou triste e tenta me animar. Eles me ajudam muito em meus transtornos, e graças a eles estou aprendendo algo muito difícil para nós humanos, que é focar no agora, viver aquele momento presente em questão. Acho isso muito importante.”

Terapia assistida

O psicólogo clínico Ezequiel Almeida, especialista em saúde mental e dependência química, explica que a relação do homem com os animais está intrinsecamente conectada ao próprio desenvolvimento e à socialização do ser humano desde seus primórdios. “Tal relação de troca das necessidades do homem com animais, e vice-versa, está ligada à subsistência, e vem evoluindo até os dias atuais. Dentro deste contexto, no início da década de 1960, houve os primeiros experimentos da relação terapêutica entre homens e animais com a TAA (Terapia Assistida por Animais), nos Estados Unidos, por intermédio de um estudo de Boris Levinson, que incluiu seu próprio cão em terapia com crianças. Na década de 1970, o procedimento foi continuado por Samuel e Elisabeth Corson, que o denominaram de ‘pet therapy’”, explica.

Ezequiel nos conta que, desde então, vários avanços foram percebidos no processo terapêutico com o uso de animais em casos variados, desde crianças com paralisia cerebral; distúrbios neurológicos do desenvolvimento, distúrbios do espectro autista, entre outros. “Os avanços nessas áreas são contínuos e contam com ampliação em outras áreas da saúde mental e fisiológica, como em pessoas em tratamento quimioterápico, traumas, quadros psiquiátricos e no desenvolvimento de vínculos para população carcerária.”

Almeida considera que os animais ajudam no tocante ao tratamento durante a reabilitação de dependentes químicos, com relevante impacto positivo. “Nota-se uma melhora significativa no tratamento de dependentes químicos, ajustando a relação de confiança e autocuidado, o desenvolvimento das habilidades sociais e como fatores de proteção na abordagem de abstinência. Observamos que a atividade que envolve não só o cuidado de animais e o seu manejo, mas também a interação do dependente químico e alcoolista, é ampliada nas funções do campo da afetividade e vínculos positivos, também auxiliando na redução da ansiedade e dos quadros depressivos devido ao elo criado entre o cuidador e o animal”, pontua o psicólogo.

Quem tem pets é mais feliz?

Para Ezequiel, a relação com os bichinhos proporciona ações e atitudes que podem, sim, resultar em felicidade. “Acredito que o convívio com eles nos remete a uma relação de cuidados com o outro, e restabelece funções essenciais da nossa psique, necessárias para a saúde integral”, assevera.

Para Evelyze, com certeza, sim, e o que ela nos diz vem ao encontro do que disse Almeida. “Eles alegram muito ao nosso dia, acho que principalmente por nos ensinar a alegria em coisas simples. Eles nos ensinam muito todos os dias, sobre amor, espiritualidade, paciência, cuidado, responsabilidade e, como disse anteriormente, a viver o agora e apreciar as coisas simples da vida. Nos tornam pessoas melhores e mais humanas, é só saber enxergar, que você aprenderá grandes e importantes lições para a vida. Aprendi e aprendo muito com eles”, assevera a jovem.

São Francisco de Assis

A data de hoje é muito comemorada pela Igreja Católica, dada a relação com São Francisco, que é considerado o padroeiro dos animais. Em muitas paróquias são realizadas missas, onde os donos podem levar seus bichinhos para receber uma bênção especial. Em Campo Grande, por exemplo, a Paróquia São Francisco, no bairro de mesmo nome do padroeiro, tradicionalmente faz missas para abençoar os bichinhos. Tentamos contato com a igreja para confirmar se haverá programação este ano, mas até o fechamento desta edição não obtivemos retorno.

Por Méri Oliveira – Jornal O Estado do MS

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