Uma comédia romântica moderna que explora os dilemas entre amor verdadeiro, conveniência social e os conflitos do desejo na era dos relacionamentos calculados, estreia hoje nos cinemas brasileiros!
A cineasta Celine Song, que conquistou público e crítica com o sensível “Vidas Passadas”, retorna às telas com uma nova proposta: misturar romance, comédia e dilemas sentimentais contemporâneos em “Amores Materialistas” (“Materialists”, no original). O longa-metragem, que estreia nesta quinta-feira, 31 de julho, em todo o Brasil, tem 1h57 de duração e classificação indicativa de 14 anos. A trama acompanha Lucy, uma casamenteira interpretada por Dakota Johnson, que se vê às voltas com o coração dividido entre dois homens de mundos completamente distintos.
Do lado da estabilidade financeira e da sofisticação, está Harry (Pedro Pascal), um empresário bem-sucedido e irmão do noivo de um casal que Lucy uniu com sucesso. Do outro, John (Chris Evans), um garçom carismático que sonha em se tornar ator, e que também é um antigo amor mal resolvido da protagonista. O reencontro inesperado entre os dois antigos amantes coloca em xeque as escolhas de Lucy e expõe o conflito entre segurança emocional e desejo verdadeiro.
Com uma narrativa espirituosa e repleta de diálogos afiados, Amores Materialistas propõe uma reflexão sobre os relacionamentos modernos, os interesses por trás das escolhas amorosas e o que, afinal, vale mais: o conforto de uma vida planejada ou a paixão de um amor imperfeito. A direção sensível de Celine Song imprime um olhar íntimo sobre os dilemas femininos, sem perder o charme das boas comédias românticas.

Foto: Reprodução
Produção
Filmado entre abril e junho de 2024 nas ruas de Nova York, com uma breve sequência registrada no México, o filme é um retrato visualmente poético de um triângulo amoroso urbano. Com um orçamento de 20 milhões de dólares, o longa-metragem investe tanto em sua narrativa quanto em sua estética: a diretora Celine Song testou diversas câmeras ao longo das filmagens, mas acabou se rendendo à textura e às cores captadas pela película de 35mm. Segundo ela, a escolha estava conectada à própria essência do amor: “Era assim que o amor seria representado? claro que sim. Isso tem a ver com o modo como amamos Nova York”, afirma ela em entrevista para a The Movie Podcast.
O projeto nasceu de maneira quase intuitiva. Em um encontro com os três protagonistas, Dakota Johnson, Pedro Pascal e Chris Evans, Celine sentiu que havia encontrado sua história. Para a cineasta, o amor não acontece à primeira vista, mas sim na primeira conversa. “Saí daquela conversa apaixonada pela ideia dessas pessoas como personagens”, contou. A empolgação foi tanta que ela imediatamente escreveu à produtora A24 dizendo: “Acho que encontrei nossa Lucy”.
Na base do roteiro, Song costura dois mundos do afeto: o espiritual e o material. A trajetória de Lucy, a protagonista, é também uma desconstrução de como tentamos quantificar o amor, por estabilidade, conveniência ou aparência, até que tudo desmorona. A diretora explica que, ao fim, Lucy retorna a uma verdade mais crua e essencial, semelhante à que marcou Vidas Passadas: a de que o amor verdadeiro, mesmo imperfeito, é mais real e poderoso do que qualquer conquista tangível.

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Crítica Especializada
Até o fechamento desta reportagem, Amores Materialistas registrava 79% de aprovação no “Tomatômetro” do site Rotten Tomatoes, com base em 235 críticas publicadas, um desempenho sólido para um longa do gênero. No Pipocômetro, indicador de repercussão popular, o índice era um pouco mais moderado: 67%. Já no Brasil, o site especializado “Adoro Cinema” avaliou o filme com 3,5 estrelas, destacando sua habilidade de equilibrar o realismo afetivo com a fantasia romântica.
Na crítica assinada por Aline Ferreira, o filme é descrito como uma comédia romântica que começa com um tom levemente pessimista, mas que se transforma em um “conto de fadas moderno”, impulsionado pelo carisma do trio principal. Chris Evans e Pedro Pascal trazem charme e presença à trama, enquanto Dakota Johnson entrega uma performance que oscila entre a introspecção e o carisma despreocupado uma combinação que reflete bem o espírito urbano e multifacetado de Nova York, onde a história se passa.
Na Vulture, Angelica Jade Bastién critica Amores Materialistas por recuar diante de temas complexos como classe social e violência sexual. Para ela, o filme usa o trauma de uma personagem secundária apenas como ferramenta para o crescimento emocional da protagonista, esvaziando discussões mais ricas. Ao escolher um final romântico convencional, Bastién afirma que o longa abandona a crítica ao capitalismo no amor moderno e opta por uma visão melosa e simplificada, que considera uma “trapaça”.

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Kathryn Reklis, do site Christian Century, observa que Amores Materialistas não se apoia em um conceito espiritual amplo, como o budismo em Vidas Passadas, mas carrega um tipo de fatalismo sociológico ocidental. Segundo ela, a decisão final de Lucy pode dividir opiniões, mas revela uma tentativa de conciliar amor e lógica social em meio a um mar de opções. Reklis destaca ainda que os filmes de Celine Song têm forte apelo entre a Geração Z, por sugerirem que nem tudo pode ser controlado por escolhas individuais — uma mensagem que ressoa em tempos de exaustão com a busca incessante por vidas “perfeitas”.
Amores Materialistas já está em cartaz em todas as redes de cinema de Campo Grande e em diversas salas pelo Mato Grosso do Sul. Para garantir seu lugar, confira a programação do seu cinema favorito e aproveite a estreia desta comédia romântica que promete conquistar corações e provocar reflexões.
Amanda Ferreira