Umas das melhores coisas da vida é como as surpresas vão surgindo de forma tão aleatória que nos deixam felizes. Uma madrugada de insônia como de costume nos tempos em que estávamos vivendo me fizeram cair no perfil do Greta Van Fleet, uma banda estadunidense que algumas pessoas classificam como “Led Zeppelin cover” mas não entraremos nesse mérito. Vagueando pelas playlists montadas no perfil dos caras surge a faixa chamada “Always There”, daquele tipo de som envolvente e mostra toda originalidade da banda. Numa segunda olhada percebo que se trata da trilha sonora de um filme chamado “A Million Little Pieces” (2018). Uma pose um tanto estranha com aquela sensação “de já vi esse cara em algum lugar”.
Neste drama acompanhamos a internação de James Frey. O filme é baseado em um best-seller desses que estão nas livrarias dos aeroportos – não que não haja livros que deem pra tirar algum proveito nesses locais, mas é uma loteria. James passa por poucas e boas e vai para uma clínica como um último recurso de seu irmão Bob Frey (Charlie Hunnam), vivendo aquele momento intenso de tudo ou nada, essa tensão é presente na atmosfera do filme. Por mais que tenhamos visto esse tipo de história uma centena de vezes com roupagens novas, o filme traz um empenho muito bonito por parte de seu elenco. James é incorporado por Aaron Johnson de uma forma brutal e muito viva, tanto nas palavras quanto nas ações, o que torna muito intenso e desperta um interesse pelo desfecho que cresce de forma natural.
A diretora Sam Taylor-Johnson, esposa de Aaron, tem muito controle do tom que pretende manter em cada ato, principalmente nessa dualidade que o personagem carrega por todo o filme, que é querer se livrar das drogas mas também, ter um desejo enorme para usar outra vez.
(Confira mais na página C2 da versão digital do jornal O Estado)