O evento reúne as mais diversas linguagens artísticas de todo o Brasil em uma programação de quatro meses em Dourados
A cidade de Dourados recebe a 6ª edição do Festival Sucata Cultural, projeto que valoriza e promove a arte local, regional e nacional. Com início no dia 9 de maio e programação estendida até agosto, o festival reúne uma diversidade de expressões artísticas, incluindo circo, música, teatro, dança e artes visuais. A proposta é criar um espaço de troca entre linguagens e artistas de diferentes regiões do país. A abertura da temporada foi marcada por uma noite repleta de arte e emoção, com o show musical da cantora Giani Torres, a exposição “Corpo Manifesto”, do Coletivo Dorcelina Folador, e o espetáculo convidado “Fruto”, do artista douradense João Dias.
Ao longo dos próximos meses, o festival seguirá com apresentações aos sábados, sempre às 20h, com a montagem “Tudo se Acaba em Ferrugem e Solidão”, da artista Lucrécia Prieto, nos dias 24 e 31 de maio. A entrada custa R$ 15. A exposição “Corpo Manifesto” continua aberta para visitação durante todo o mês de maio, reforçando o compromisso do projeto com o acesso à arte e ao pensamento crítico por meio da imagem e da performance.
Em junho, a programação segue com novas atrações: a abertura será no dia 6 (sexta-feira), às 19h, com o show musical de Soulra, de Dourados, e a exposição “Reafirmando Territórios”, do Coletivo Enegrecer. A trupe circense Variedades Variadas, de São Bernardo do Campo (SP), se apresenta nos dias 7 e 14. Já em julho, os destaques ficam por conta do show da banda Argonautas, de Dourados, e da exposição “Força de Ipê”, do artista Daniel Haas. A cena teatral terá a performance “Procedimento #6”, com Jack Mourão e Reginaldo Borges, de Campo Grande. Em agosto, a programação se encerra com o show do grupo “É do Que Há e a exposição “O Tempo Quando Olho”, da artista Syunoi.
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- Diversidade Serão quatro meses de programação variada entre música, teatro, danças e artes visuais – Foto: Elisa Lorini
Por trás das cortinas
Criado em 2018, o Projeto nasceu da falta de espaços para apresentações artísticas em Dourados, especialmente após o fechamento definitivo do Teatro Municipal em 2019. Formado por duas companhias de repertório, o grupo Sucata Cultural viu a necessidade de fortalecer o mercado local e criar oportunidades para artistas, em especial os formados pelo curso de Artes Cênicas da UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados).
A primeira edição foi realizada de forma independente, com espetáculos das companhias residentes e custeada somente por bilheteria. Durante a pandemia, o projeto seguiu em formato digital. Desde então, tem buscado editais e parcerias para viabilizar sua continuidade. Em 2024, o festival chega à sexta edição, com programação ampliada e financiamento da Prefeitura de Penápolis, garantindo quatro meses de atividades culturais na cidade.
Para a reportagem do Jornal O Estado, João Rocha, um dos artistas integrantes do Instituto, fundador e também organizador do projeto, destaca que com o passar dos anos e o crescimento do projeto, é hoje considerado uma das maiores mostras de teatro em duração no país.
“Em um cenário de teatros fechados, centros culturais desativados e pouco investimento, o Sucata se tornou por muito tempo o único palco acessível para artistas locais e de outras regiões. A programação inclui espetáculos de diversas partes do Brasil com foco em diversidade estética, temática e representatividade. Mais do que entreter, o festival tem como missão provocar reflexões críticas sobre o território e o papel da arte na sociedade”, destaca João.
Para a reportagem, a sócia fundadora do Sucata Cultural e Produtora cultural e artista, Társila Bonelli, esta sexta edição é realizada por uma equipe de cerca de 11 pessoas, incluindo uma parceria com o portal Notícias Dourados. Os espetáculos de teatro, circo e dança acontecem sempre aos sábados, com uma curadoria formada por representantes do próprio Sucata Cultural. As propostas recebidas passaram por análise de conteúdo, viabilidade técnica e financeira, especialmente por haver inscrições de diferentes regiões do Brasil e até de fora do país.
“A estreia foi marcada por casa cheia, mesmo com a chuva e os ajustes de última hora na programação. O show de abertura e a exposição atraíram um bom público, lotando o espaço. O primeiro espetáculo da temporada também registrou uma boa média de público, mesmo em um momento em que a cidade sedia diversos outros eventos simultaneamente”, afirma Társila.

Resistência Grupo surgiu para fortalecer e divulgar o trabalho de artistas do Estado e do Brasil – Foto: Elisa Lorini
Uma Cultura presente
Segundo João Rocha, A Temporada Sucata Cultural 2025 tem a expectativa de receber cerca de 3 mil pessoas ao longo dos quatro meses de programação, com público distribuído entre espetáculos, shows e exposições. A divulgação também é um ponto forte do projeto: com a distribuição de folders, panfletos e presença digital, a estimativa é de que a iniciativa atinja até 100 mil pessoas indiretamente, ampliando o alcance da arte local e promovendo o acesso à cultura de forma massiva.
“Ver aquela ideia inicial, de garantir que o teatro fosse acessível e contínuo, e não um evento eventual para poucos, se tornar realidade é algo que me deixa profundamente feliz. A arte precisa estar onde as pessoas precisam. Precisamos sair dos grandes palcos e eventos para dialogar diretamente com a população. É uma luta diária, feita com coragem e honestidade, que hoje é reconhecida até nacionalmente, como no MICA (Mercado das Indústrias Culturais do Brasil)”, explica João.
O Sucata Cultural se consolidou como uma verdadeira resistência da arte e dos artistas do interior de Mato Grosso do Sul e do Brasil. Para Társila, a cada edição, o projeto cresce, conquistando públicos cada vez mais diversos e proporcionando espaço não apenas para artistas locais, mas também para grandes nomes nacionais e até internacionais, como ocorreu em edições passadas com a participação de artistas do Paraguai.
“O Sucata Cultural desempenha um papel fundamental em Dourados, sendo o único projeto desse porte na cidade no momento. Ele se destaca pela parceria e fomento ao fazer artístico tanto local quanto estadual. Em uma de suas edições, o projeto alcançou uma marca inédita, com a temporada mais longa já registrada, durando 8 meses, algo raramente visto em festivais no Brasil. A cidade de Dourados necessita de arte e cultura de forma contínua, e é justamente isso que a Temporada Sucata Cultural proporciona”, finaliza, Tárcila.

Foto: Elisa Lorini
Sucata Cultural
A instituição é um Espaço Cultural na cidade de Dourados no Mato Grosso do Sul, onde são desenvolvidas Aulas de Circo, Teatro e Dança. Além de um teatro de bolso com estrutura para apresentações artísticas, biblioteca.O espaço “Lá no Jardim – Café e Cozinha criativa” dedicado a gastronomia e apresentações musicais. É também a sede Executiva e de Treinos/Ensaios das Cias Artísticas: “Cia TheAstai” e “Circo Le Chapeau”.
Apresentações deste fim de semana
Neste sábado, 24 de maio, a programação será pelo espetáculo “Tudo se Acaba em Ferrugem e Solidão”, de Lucrécia Prieto. O espetáculo narra a história da sentimentalista, que em busca de si própria, um corpo dissidente que não se identifica com o que sente, encontra na ficção de corpos robóticos uma possibilidade de existência. A peça será na Rua Onofre Pereira de Matos, N 805, Centro – Dourados / MS, a partir das 19 horas. Entrada a R$ 15,00 reais.
Para conferir o resto da programação ao longo dos meses, confira as redes sociais do Sucata; @sucatacultural e o site oficial do instituto, www.sucatacultural.com.br/.
Amanda Ferreira