17ª Primavera dos Museus destaca “Memórias e Democracia” em Mato Grosso do Sul

Museus
Foto: divulgação

De 18 a 24 de setembro, Mato Grosso do Sul sediará a 17ª Primavera dos Museus, um evento que abordará o tema “Memórias e Democracia: pessoas LGBT+, indígenas e quilombolas em museus”. Organizado pelo Sistema Estadual de Museus e com a parceria de diversas instituições, o evento contará com uma série de atividades em museus localizados em Campo Grande, Corumbá e Costa Rica, tanto presencialmente quanto virtualmente.

Entre os museus participantes estão o Museu Casa do Dr. Gabi, Memorial do Homem Pantaneiro, Museu da Imagem e do Som, Museu de Arqueologia, Museu de Arte Contemporânea, Museu das Culturas Dom Bosco, e muitos outros. A Primavera dos Museus é uma iniciativa idealizada pelo Instituto Brasileiro de Museus (IBRAM), com coordenação estadual pelo Sistema Estadual de Museus de MS.

Melly Senna, Gerente de Patrimônio Cultural da Fundação de Cultura de MS, destacou a importância do evento ao trazer à tona a visibilidade de grupos historicamente invisibilizados nos espaços museais. Ela ressaltou que a Primavera dos Museus é um momento fundamental para discutir temas cruciais para a sociedade e sua relação com os museus.

O coordenador do Sistema Estadual de Museus de MS, Douglas Alves da Silva, enfatizou que a temática deste ano, “Memórias e Democracia: pessoas LGBT+, indígenas e quilombolas”, valoriza a memória desses grupos e destaca suas lutas por direitos civis, preservação de culturas e línguas, liberdade e dignidade como elementos fundamentais para a construção democrática de um país mais justo e igualitário. A 17ª Primavera dos Museus promete ser um evento enriquecedor e esclarecedor para todos os envolvidos.

17ª PRIMAVERA DO MUSEUS

“O tema Memórias e Democracia: pessoas LGBT+, indígenas e quilombolas é a inspiração para a realização das atividades da 17ª Primavera dos Museus, oferecendo oportunidades para refletirmos sobre a construção da democracia de seus agentes. A história da formação do Brasil, na tarefa de implementar um regime efetivamente democrático e que, ao mesmo tempo, fosse capaz de garantir e de criar direitos, é marcada por crises e interrupções, como a que vivemos, no dia 8 de janeiro de 2023, com a ameaça de golpe de Estado e os ataques terroristas ao patrimônio histórico, cultural e à dimensão política de nosso país.

É por reconhecer que a democracia se faz a muitas mãos, que associamos o debate sobre a retomada da construção da democracia com a participação de muitos dos seus agentes ainda hoje invisibilizados ou marginalizados. No contexto de um novo governo que promove a reconstrução e união do Brasil, queremos estimular que os museus, detentores e promotores da memória, da cultura, e das artes, contribuam para o reconhecimento, a valorização e o protagonismo das pessoas LGBT+, indígenas e quilombolas na produção das suas próprias memórias.

Onde estão essas pessoas nos museus? Que acervos representativos de suas culturas eles preservam? Como eles são apresentados para a sociedade e como os museus contribuem para seu reconhecimento e valorização? Quem os museus ouvem quando tratam de pessoas LGBT+, indígenas e quilombolas?

As memórias da comunidade LGBT+ são fundamentais para compreender a luta por direitos civis, igualdade e respeito. Ao longo da história, indivíduos LGBT+ têm enfrentado discriminação, marginalização e perseguição em muitas sociedades. Essas memórias coletivas abrangem movimentos de protesto, manifestações, eventos significativos, como as revoltas de Stonewall em 1969, e os esforços contínuos para alcançar, por exemplo, a igualdade no casamento, adoção e não discriminação.

A democracia desempenha um papel importante ao garantir que os direitos das pessoas LGBT+ sejam protegidos e respeitados. Por meio da participação política e do envolvimento com instituições democráticas, a comunidade LGBT+ pode lutar por mudanças sociais e legislativas que reconheçam plenamente seus direitos e liberdades.

Ela também é essencial para preservar suas culturas, línguas e conhecimentos ancestrais. Muitas comunidades indígenas enfrentaram séculos de colonialismo, exploração e opressão que causaram a perda de terras, a destruição de tradições e a negação de seus direitos fundamentais.

A democracia efetiva para os povos indígenas implica o respeito aos seus direitos de autodeterminação, consulta e consentimento livre, prévio e informado sobre questões que afetam suas terras e comunidades, em uma abordagem inclusiva que valorize suas memórias e perspectivas.

As memórias das comunidades quilombolas são um testemunho da resistência e resiliência ao longo do tempo. Os quilombos surgiram como comunidades autônomas de pessoas afrodescendentes que escaparam da escravidão e lutaram por liberdade e dignidade.

Para as comunidades quilombolas, a democracia significa reconhecimento oficial de suas terras e direitos, preservando suas tradições culturais e garantindo o acesso a serviços básicos, como educação e saúde. É essencial que suas vozes sejam ouvidas nas decisões que afetam suas vidas e territórios.

É importante enfatizar que a expropriação e a violência foram e são estendidas a todos aqueles e aquelas que não são considerados abençoados e merecedores, àqueles, para quem, às custas de manter privilégios, são expropriados de seus direitos, ou seja, todo aquele e aquela, diversos dos padrões de uma cultura patriarcal.

Mas a memória destes feitos está marcada nos corpos e objetos. Está presente, às vezes mal disfarçado, às vezes muito explícitos, nas nossas narrativas, nas nossas práticas institucionais e nas relações de trabalho, pois a ideologia que cria uma sociedade una, quando na verdade está dividida, coloniza a nós todos e atravessa todas as nossas relações e instituições. E, assim, o tempo presente tem convocado os museus a reverem suas histórias e narrativas, a lançar outro olhar sobre suas coleções e iniciar um processo sincero de escuta, revisão e reparação.

Portanto, a memória é um elemento vital para a construção da democracia e para a promoção da igualdade e da justiça social. Por um lado, preservar as memórias das pessoas LGBT+, indígenas e quilombolas é fundamental para que suas lutas, realizações e identidades sejam valorizadas e respeitadas na sociedade contemporânea e os museus têm essa responsabilidade.

A democracia verdadeira deve garantir a inclusão dessas vozes historicamente marginalizadas, permitindo que sejam protagonistas de seu próprio destino e da construção de um futuro mais justo e igualitário. Está na hora dos acervos LGBT+ saírem dos armários, do conhecimento ancestral de indígenas e quilombolas serem reconhecidos, de suas lutas serem valorizadas.

Com informações da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul.

 

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