Suspeita de vaca louca deixa mercado apreensivo em MS

Foto: Divulgação
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Resultado da análise deve sair ainda esta semana

Após o caso suspeito de vaca louca no Pará, naturalmente, o mercado fica apreensivo e, em Mato Grosso do Sul, não é diferente. Segundo o presidente do Sicadems (Sindicato das Indústrias de Frios, Carnes e Derivados do Estado), Sérgio Capuci, se caso for confirmado, o impacto maior pode ser em frigoríficos que exportam para a China.

“Frigoríficos que estão habilitados para exportação para a China são os que devem sofrer maior impacto. Nessas indústrias, o impacto é realmente muito grande, inclusive podendo parar temporariamente e conceder férias coletivas. Quando se tem um caso suspeito, a emissão de certificados para a China fica comprometida. Porém estamos diante de uma suspeita, o resultado oficial deve sair amanhã, só assim será possível traçar estratégias”, destaca.

Ainda conforme o Sicadems, Mato Grosso do Sul tem três frigoríficos habilitados a exportar para a China. Um em Iguatemi (Agroindustrial) outro em Rochedo (Naturafrig) e outro em Aparecida do Tabuado (FrigoSul).

“Em Mato Grosso do Sul, o estrago não deve ser muito grande em razão das poucas unidades que realizam a atividade. Já em São Paulo e Mato Grosso esses sim devem ser impactos, onde a medida provável é suspensão de atividades até que seja resolvida a situação. Acredito que esse seja um caso atípico, que acontece normalmente em gado de idade avançada, sendo mais fácil de resolver exigindo menos tempo para isso”, completa.

O Mapa (Ministério da Agricultura e Pecuária) investiga o caso e afirma que a suspeita já foi submetida à análise laboratorial para confirmação ou não. “A partir do resultado, serão aplicadas imediatamente as ações cabíveis”, informa a nota. O Governo do Pará informou que a notificação foi no sudeste do estado.

O diretor-presidente da Iagro (Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal), Daniel Ingold, lembra que o Estado não tem notificações da doença, mas que é natural a apreensão do mercado. “O mercado reconhece a preocupação com a segurança alimentar, mas até o momento, o Estado não tem nenhuma notificação ou suspeita da doença. Porém, o mercado está naturalmente apreensivo aguardando a postura da China, como comprador em relação ao assunto”, destaca.

Indagado sobre a prevenção da doença, Ingold explica que o trabalho já é realizado pelas agências de defesa animal. “São feitas vigilâncias e controle em relação à vaca louca. Então, se caso for confirmado a encefalopatia espongiforme bovina, será um caso atípico que é causado de forma espontânea em animais velhos, como é o caso em questão e não há risco ao consumidor”, finaliza.

Criadores

Na visão do presidente da Acrissul (Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul), Guilherme Bumlai, não tem risco sanitário se o caso for isolado. “A princípio parece ser um caso isolado, sem qualquer risco sanitário. O que fica é a preocupação de eventual embargo com viés econômico! Precisamos discutir para que casos isolados e atípicos não sirvam de oportunidades para compradores afetarem os preços. Por isso a importância da revisão do protocolo brasileiro junto à China em casos isolados como esse”, comentou.

Segundo um pecuarista, que preferiu não se identificar, o caso suspeito causa, sim, uma pressão no setor em Mato Grosso do Sul. “Tem um acordo comercial que se trata de um cumprimento de protocolo sanitário firmado entre o Brasil e a China, que se caso tivesse qualquer notificação da doença, as exportações estariam barradas. Sendo assim, se caso a vaca louca for confirmada, os frigoríficos não irão querer comprar e o boi irá acabar sobrando no pasto”, adianta o pecuarista.

Exportações

Dados da Carta Conjuntura Internacional, divulgada pela Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul), mostram que, no 4° trimestre de 2022, a carne bovina foi um dos principais produtos exportados para China, Estados Unidos, União Europeia e Mercosul.

Ao todo, no acumulado do ano passado, o Estado exportou US$ 1.133.117.206 de carne bovina para outros países. Caso já registrado A última ocorrência de mal da “vaca louca” foi confirmada em 2021 pelo Mapa no Brasil. Foram casos em frigoríficos de Belo Horizonte (MG) e Nova Canaã do Norte (MT). Após a confirmação, a OIE (Organização Mundial de Saúde Animal) foi notificada oficialmente.

No caso da China, em cumprimento ao protocolo sanitário firmado entre o país e o Brasil, as exportações de carne bovina chegaram a ser suspensas temporariamente.

O que é a doença?

A doença encefalopatia espongiforme bovina se manifesta por meio de desordens comportamentais, causadas por alterações do estado mental – apreensão, nervosismo, agressividade e falta de coordenação dos membros durante a marcha e incapacidade de se levantar. De acordo com o Canal Rural, o animal afetado deixa de se alimentar e rapidamente perde a condição corporal.

Sendo assim, a vaca louca é desenvolvida por meio do contato com o cérebro ou outros tecidos do sistema nervoso de um exemplar contaminado. O contato pode acontecer por ingestão de alimentos ou derivados contaminados por tecido nervoso ou por instrumentos que entraram em contato com tecido nervoso doente.

Por Marina Romualdo e Evelyn Thamaris – Jornal O Estado do MS.

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