Produção e agroindústria pecuária colaboraram para recuo ainda menor
O PIB (Produto Interno Bruto) do agronegócio brasileiro poderá fechar o ano de 2023 com queda de 0,94%, segundo relatório da CNA (Confederação da Agricultura do Brasil). O recuo ocorre devido à redução de preços de commodities agrícolas enfrentadas pelo setor, e de insumos para a produção, estima a instituição.
“A principal razão para o resultado negativo é o comportamento desfavorável dos preços do agronegócio, os quais foram registrados em todos os seus segmentos, mas especialmente no campo e quanto aos insumos”, disse a confederação, em relatório.
O presidente da confederação, João Martins, atribui também a queda nas atividades econômicas relacionadas ao comércio de produtos agrícolas, às interferências climáticas .“Não foi um ano fácil. Nós tivemos problemas climáticos, queda acentuada de preço, problemas de mercado externo”, avalia.
Apesar dos números negativos, o PIB do agronegócio pode alcançar R$ 2,6 trilhões em 2023 – terceiro maior valor da série histórica iniciada em 1996, atrás apenas de 2021 e 2022. Em relação ao setor externo, a previsão é de recorde nas exportações do agronegócio brasileiro, em 2023. Até outubro, foram exportados US$ 139,6 bilhões, crescimento de 3% em relação ao mesmo período de 2022. A expectativa é que o valor chegue a US$ 164 bilhões.
Cenário para 2024
Para o próximo ano, ainda segundo a CNA, a relação entre custos de produção e a queda no preço das commodities também pode comprometer a receita do setor. Efeitos climáticos, sobretudo o El Niño, devem impactar também a produtividade no Brasil.
O resultado do PIB do setor dependerá dos efeitos do fenômeno climático El Niño para a safra de grãos que está sendo plantada, que enfrenta, até o momento, chuvas insatisfatórias no centro-norte e precipitações excessivas no Sul, especialmente no Rio Grande do Sul, disse a CNA.
“O resultado do PIB no ano que vem vai depender, sobretudo, da relação entre preços de produtos e custos de produção nos diferentes segmentos (para ambos, são esperadas quedas frente a 2023); da magnitude da retomada da agroindústria… e dos efeitos do El Niño sobre as produtividades no Brasil”, conclui o relatório.
Para a CNA, o cenário do setor agropecuário, no próximo ano, vai “continuar sendo impactado” pela incertezas sobre o cumprimento da meta fiscal (de zerar o déficit das contas públicas, em 2024), pela aprovação da reforma tributária e também do aumento da insegurança jurídica no campo.
Comércio externo
O agronegócio brasileiro exportou US$ 13,4 bilhões em outubro de 2023 – 2,3% menos que no mesmo período de 2022. Mesmo com a queda, o valor representou 45,4% de toda a exportação brasileira no mês. Os dados são da Balança Comercial do Agronegócio, divulgada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
Segundo a SCRI (Secretaria de Comércio e Relações Internacionais) do ministério, o resultado das vendas externas de outubro foi influenciado principalmente pelo recuo do índice de preços dos produtos exportados.
Dentre os principais, estão a soja em grãos, o milho e o açúcar. As exportações de soja em grãos bateram recorde para os meses de outubro, com 5,5 milhões de toneladas – alta de 45,7% em comparação com o mesmo mês de 2022. Cerca de 88% (US$ 2,9 bilhões) do total foi exportado para a China.
Os chineses foram os principais importadores de milho. Das 8,4 milhões de toneladas exportadas em outubro, 40,9% (3,5 milhões de toneladas) foram para o país asiático. O açúcar, por sua vez, teve alta de 15,4%, passando de US$ 1,3 bilhão para US$ 1,5 bilhão.
Por –Suzi Jarde.
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