Com mais de 3,1 milhões de hectares, MS é o maior estado do Brasil em área de sistemas integrados
Por Taynara Menezes- Jornal O Estado de MS
Mato Grosso do Sul é o Estado com maior área em sistemas integrados na produção agropecuária. São mais de 3,1 milhões de hectares com ILPF (Integração-Lavoura-Pecuária- -Floresta) mesclando dois ou três componentes de cultura no sistema produtivo. Os dados fazem parte do último estudo realizado, em 2020, pela Associação Rede ILPF.
Mato Grosso é o segundo maior em área, com 2,281 milhões de hectares, seguido pelo Rio Grande do Sul com 2,216 milhões.
Só em 2021, o Estado foi o terceiro a atingir a maior porcentagem de participação em sistemas de integração, em área de uso agropecuário com 16,25%, ficando atrás apenas do Rio Grande do Sul com 31,17% e de Santa Catarina com 28,87%.
O gerente técnico do Sistema Famasul, José Pádua, avalia a utilização desses sistemas como um compromisso de produtores rurais com a sustentabilidade. “A integração lavoura-pecuária-floresta é uma combinação de diferentes culturas que traz benefícios à agropecuária e ao proprietário rural, além de diversificar as fontes de receita, e também segue as diretrizes ESG que fortalecem a sustentabilidade do negócio”, destaca.
A integração é uma técnica que proporciona diversas melhorias ambientais, sociais e econômicas como conservação de solo; aumento da biodiversidade; mitigação de GEE (gases do efeito estufa); bem-estar animal; geração de empregos diretos e indiretos; diversificação de renda para pequenos, médios e grandes produtores; entre outros.
Estratégias
O Plano ABC (Plano Setorial de Mitigação e de Adaptação às Mudanças Climáticas para a Consolidação de uma Economia de Baixa Emissão de Carbono na Agricultura) é uma estratégia para cumprir o acordo realizado em 2009 na Conferência das Partes de Copenhague, que realizam ações com os Sistemas Agroflorestais e a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta.
De nível nacional, o plano teve o período de vigência inicial entre 2010 e 2020, com a meta de aumentar em 4 milhões de hectares as áreas com sistemas integrados de produção. Só nos cinco primeiros anos, o acréscimo de 5,96 milhões de hectares respondeu pelo sequestro de 21,8 milhões de toneladas de CO2 , ultrapassando a meta estipulada.
Com novas metas, em 2021, o governo federal lançou o Plano Estratégico do ABC+, com visão estratégica para um novo ciclo (2020-2030).
Para o enfrentamento dos impactos da mudança do clima estão as seguintes ideias: AIP (Abordagem Integrada da Paisagem); a combinação de estratégias de adaptação e mitigação; e o estímulo a adoção e manutenção de sistemas, práticas, produtos e processos de produção sustentáveis.
Prevenção
Em 2014, Mato Grosso do Sul passou a contar com dois novos planos de preservação ambiental, por meio da Lei Estadual nº 4.555, a PEMC (Política Estadual de Mudanças Climáticas) e do PROCLIMA (Plano Estadual MS Carbono Neutro).
Ambos criados para estabelecer ações e medidas de responsabilidade do Poder Público para mitigar as emissões de gases causadores de efeito estufa, coordenadas pela Semagro (Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar). A consultora técnica do Sistema Famasul, Daniele Coelho, destaca o Projeto Estado Carbono Neutro que nasceu com o objetivo de nortear as ações de política pública para gerar bases metodológicas econômicas, com apoio do setor agropecuário e industrial.
“Com MS desenvolvendo e adaptando tecnologias para a redução e mitigação das emissões de gases de efeito estufa, contribuirá grandemente e será exemplo ao país. Não é possível pensar mais em política de desenvolvimento sem a adoção de práticas sustentáveis de produção. Esse é o modelo de gestão ambiental ideal e que o atual governo do MS está buscando implantar, ratificando o conceito de destinos turísticos, tradição na produção agrícola, ambiente favorável e infraestrutura ideais para a implantação de novos negócios no Brasil”, afirma.
Como uma das ferramentas de preservação, o programa ABC Cerrado surgiu de uma parceria entre o Senar (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural), o Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) e a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária).
No mesmo intuito de sustentabilidade, o programa FIP Paisagens Rurais orienta, auxilia e incentiva o produtor rural na adoção de práticas de manejo, conservação e recuperação ambiental produtiva, disseminando o uso de práticas de agricultura sustentáveis.
O coordenador do projeto FIP Paisagens Rurais do Senar-MS, Fabiano Pessatti, destaca a importância das ações nos locais atendidos.
“Atualmente estamos atendendo 177 propriedades com 9 técnicos de campo e 1 supervisora, totalizando 59,5 mil hectares de área atendida, sendo que destas, 8,37 mil ha adotaram tecnologia ABC e 3,59 mil ha realizaram intervenções de manejo, conservação e recuperação da área ambiental”, detalha.
A atuação do projeto é limitada por bacias hidrográficas que abrange os municípios de Bataguassu, Santa Rita do Pardo, Campo Grande, Nova Andradina, Nova Alvorada do Sul, Sidrolândia, Terenos, Jaraguari, Rochedo, Corguinho, Rio Negro, Bandeirantes, São Gabriel do Oeste, Rio Verde, Camapuã e Água Clara.
Confira mais notícias na edição impressa do Jornal O Estado de MS.
Acesse as redes sociais do O Estado Online no Facebook e Instagram.
Leia também:
Vendaval pode prejudicar áreas da 2ª safra de milho que ainda não foram colhidas