Em segunda reunião do ano, ministérios estudam medidas conjuntas para manter a estabilidade da agropecuária no país
Devido ao impacto das mudanças climáticas, com estiagens em determinadas regiões e chuvas intensas em outras, a atual safra de grãos 2024/2025, sofre com perdas de produtividade e os impactos dos preços das commodities e do custeio da produção. Diante do cenário, em reunião com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, nesta semana, o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, apresentou perspectivas da produção agrícola brasileira, especialmente em relação à safra de soja e milho.
“Devemos ter um ano de pouca renda no campo, aliado a isso, problemas climáticos em todo o Brasil que demandam atenção e medidas a serem adotadas pelo Governo Federal para manter a estabilidade do setor, bem como o crescimento da economia e a geração de empregos. É importante ressaltar que não existe crise no setor. Tivemos um superávit na balança comercial de quase U$ 12 bilhões em janeiro e estamos atentos à produção para que ela continue se desenvolvendo com estabilidade”, detalhou Fávaro.
O Mapa (Ministério da Agricultura e Pecuária), junto à Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), vem fazendo o acompanhamento da safra, que atualmente está em aproximadamente 30% da colheita, e elaborando propostas em tempo real, conforme se apresenta o desempenho da produção.
No dia 30 de janeiro, Fávaro apresentou as primeiras projeções do cenário da agropecuária nacional de 2024 para Haddad e, desde então, o Mapa vem trabalhando conjuntamente com o Ministério da Fazenda para o estudo das propostas a serem apresentadas.
Defesa Agropecuária
Outro assunto discutido durante o encontro foi a reestruturação das carreiras da Defesa Agropecuária. As reivindicações da categoria apresentam impactos orçamentários e estão sob avaliação do MGI (Ministério da Gestão e Inovação dos Serviços Públicos). No entanto, Fávaro ponderou a Haddad a importância da interlocução entre as pastas.
Manifestação dos deputados
Segundo a Aprosoja/MS (Associação de Produtores de Soja e Milho), a safra 2024/25 poderá apresentar redução de até 13,5% a menos que a anterior. Após conferir nos detalhes as estimativas de quebras e os impactos financeiros no setor agrícola, o deputado federal Beto Pereira (PSDB) se pronunciou na tribuna da Câmara para cobrar do Planalto medidas emergenciais que reduzam os prejuízos.
Os fenômenos climáticos interferem diretamente no desempenho do setor primário, notadamente na produção de grãos, e atingem duas das mais importantes commodities brasileiras no exterior, analisou o parlamentar. Ele sugeriu aos ministérios da Agricultura e Pecuária e da Fazenda a prorrogação de prazos dos financiamentos agrícolas (Pronaf, Pronamp e FCO) e pediu que sejam estendidas as parcelas da modalidade de custeio por no mínimo seis meses e reconhecê- -la como investimento no fim do contrato.
“A forte queda na produtividade provocada pelas oscilações do clima, somada ao elevado custo de produção, acendeu o sinal de alerta para a agropecuária de Mato Grosso do Sul”, frisou o deputado.
O deputado observou que além das questões climáticas existe outro fator de prejuízo, que é consequente desvalorização do segmento. “A forte queda na produtividade provocada pelas oscilações do clima, somada ao elevado custo de produção, acendeu o sinal de alerta para a agropecuária de Mato Grosso do Sul”, disse.
Beto Pereira teme que o cenário de quebras evolua e até provoque um quadro de crise econômica em MS com reflexo nacional. “O momento é de extrema preocupação”, reforçou.
Quem também se pronunciou a respeito da pauta, durante sessão plenário, foi o deputado estadual Junior Mochi. O parlamentar encaminhou indicação à Ministra do Planejamento, Simone Tebet, e ao Ministro de Estado de Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Luiz Paulo Teixeira Ferreira, solicitando a implementação de medidas urgentes relacionadas ao financiamento agrícola no Estado.
Essas medidas incluem o PRONAF, PRONAMP e FCO, operacionalizados por instituições financeiras públicas e privadas. A solicitação feita por Mochi é uma resposta ao ofício encaminhado pela Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul) e Aprosoja ao gabinete do parlamentar.
De acordo com Mochi, a produtividade agrícola está projetada para sofrer uma queda significativa de 13,5% na produção, acompanhada de uma redução de aproximadamente 35% nos preços da soja e do milho e outras commodities. Essa diminuição, aliada à queda geral nos preços das commodities, coloca os produtores em uma situação delicada, afetando sua capacidade de pagamento e comprometendo a economia do Estado.
“Essa medida visa garantir que os produtores tenham condições de custear as próximas culturas sem inviabilizar sua produção”, afirmou.
Mochi reforça a importância do atendimento da solicitação em prol dos produtores do Estado. “A implementação dessas medidas é fundamental para assegurar a sustentabilidade da atividade agrícola em nosso Estado e evitar impactos negativos ainda maiores na economia de Mato Grosso do Sul” finalizou.
Por Bruna Marques (com informações da Acrissul).
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