Agricultura familiar abastece 55,7% dos municípios de MS

Foto: Reprodução
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IBGE aponta que mais da metade das cidades compram produtos de pequenos produtores

A agricultura familiar segue como base da segurança alimentar em Mato Grosso do Sul. Segundo dados divulgados nesta sexta-feira (7) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o setor abasteceu 55,7% dos municípios do Estado em 2023 — mais da metade das cidades sul-mato-grossenses.

As informações constam no suplemento de Segurança Alimentar e Nutricional da Pesquisa de Informações Básicas Municipais e Estaduais 2024, que traz um retrato da gestão pública voltada ao acesso a alimentos. O levantamento revela que, apesar da presença expressiva da agricultura familiar, o Estado ainda enfrenta fragilidades na estrutura institucional que deveria garantir políticas permanentes de segurança alimentar.

Em Mato Grosso do Sul, 44 dos 79 municípios adquiriram alimentos de pequenos produtores por meio do PAA (Programa de Aquisição de Alimentos). A maior parte das compras — 86,4% — foi destinada à rede socioassistencial, como Cras e Creas, enquanto apenas três cidades direcionaram parte dos produtos a mercados públicos ou sacolões municipais.
Na alimentação escolar, o Pnae (Programa Nacional de Alimentação Escolar) teve alcance ainda maior: 62 municípios (78,4%) compraram alimentos da agricultura familiar para abastecer as escolas da rede pública.

O Estado conta atualmente com seis mercados públicos, distribuídos entre Amambai, Aquidauana, Bela Vista, Campo Grande, Glória de Dourados e Sidrolândia. Há também 132 feiras livres ativas em 58 municípios e apenas uma cozinha comunitária, localizada em Rochedo. Campo Grande, Dourados, Ponta Porã e Santa Rita do Pardo foram as únicas a declarar possuir bancos de alimentos.

Apesar dessas iniciativas, nenhum dos 79 municípios sul-mato-grossenses possui um Plano Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional. Apenas 18 cidades têm conselhos relacionados ao tema, e somente sete estavam ativos em 2024.

A pesquisa também mostra que 57 municípios (72%) realizaram, em 2023, ações para ampliar o acesso à alimentação, como distribuição de cestas, refeições prontas e vales-alimentação. A maioria beneficiou públicos específicos, como usuários da rede socioassistencial (94,4%), povos indígenas (38,6%) e pessoas em situação de rua (36,8%).

Para a gerente de Estudos e Pesquisas Sociais do IBGE, Vânia Maria Pacheco, o conceito de segurança alimentar vai muito além da simples oferta de alimentos.

“A segurança alimentar não se limita à disponibilidade. Envolve acesso, qualidade nutricional e estabilidade. É uma política multidimensional, que deve assegurar o direito de todos à alimentação digna”, explica.

Em Mato Grosso do Sul, 29 municípios (36,7%) desenvolveram ações de regulação do acesso e da comercialização de alimentos, como normas sanitárias para produtos regionais e regras para cantinas escolares.

 

Djeneffer Cordoba

 

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