Foram 10 abordagens, com um deles recusando até os cobertores
As temperaturas caíram mais que o esperado em Mato Grosso do Sul na madrugada de ontem (21). E, mesmo diante de tanto frio em Campo Grande, com a mínima em 5,4ºC e sensação térmica de 3ºC, 40% dos moradores de rua abordados pela SAS (Secretaria Municipal de Assistência Social) durante a noite da última quinta-feira (20) recusaram acolhimento.
Ao todo, dez pessoas foram abordadas, inclusive um dos abordados recusou até mesmo o cobertor, benefício entregue a eles, independentemente se será acolhido ou não.
Conforme a assistente social do SEAS (Serviço Especializado em Abordagem Social), Patrícia Ariane da Costa Silvestre, um dos motivos da recusa é por causa da dependência química. “Esse é um dos principais motivos, pois eles sabem que sendo encaminhados às unidades de acolhimento, eles deverão ficar sem os entorpecentes”, explicou.
Entretanto, o morador de rua Edney Souza Pimenta, 39 anos, que mora em um barraco no pontilhão da Avenida Manoel da Costa Lima com a Avenida Ernesto Geisel, afirmou que enfrentou a noite em situações precárias, mas, que ainda assim, não iria para o abrigo se fosse abordado, por conta do trabalho. “A noite foi bem gelada, nem consegui dormir, passei muito frio, mas se fosse abordado pelos agentes, eu recusaria a ajuda, porque no abrigo a gente não pode trabalhar e aqui eu consigo fazer meus artesanatos e vender”, assegurou.
Vale ressaltar que na segunda-feira (17) esses moradores em situação de rua no pontilhão da Ernesto Geisel foram desalojados por equipes da prefeitura, entretanto, conforme Edney, eles retornaram para o local no mesmo dia. “O problema é que agora nem as pessoas que nos ajudavam com alimentação vêm aqui, porque acreditam que não estamos mais aqui. Mas, no mesmo dia, eu refiz o barraco onde mora eu e meu pai, na verdade só mudei o local. A gente não tem para onde ir”, explicou.
A SAS atende 24 horas e tem sete equipes de plantão para as abordagens. E, com a pandemia do novo coronavírus, conta com quatro pontos de acolhimento. São eles: Cetremi (Centro de Triagem do Migrante e População em Situação de Rua), que atende os casos mais graves e pessoas adictas; Escola Municipal Padre Tomaz Ghirardelli, que atende os migrantes e imigrantes; o Centro Dia, local exclusivo para o acolhimento de idosos; e a Escola Municipal Doutor Plínio Barbosa Martins, voltada para atendimento da população em situação de rua de Campo Grande.
(Confira mais na página A5 da versão digital do jornal O Estado)
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