Para que o meio cultural não fique totalmente defasado em tempos de pandemia, as Companhias artísticas estão buscando se reinventar, modificando as apresentações presenciais para o meio virtual. Com isso, a Cia. Dançurbana, de Campo Grande, começou a realizar nos dias 19 e 20 de agosto, as primeiras apresentações online e ao vivo do espetáculo solo “Talvez Seja Isso”, interpretado por Jackeline Mourão. Dia 26 e 27 de agosto, às 19 horas, também será apresentado pelo canal no Youtube do grupo.
Para o diretor da Dançurbana, Marcos Mattos, um dos desafios é conseguir transferir o público dos palcos para o online. “Logo no início da pandemia demos um mês e meio de pausa e em seguida já começamos as atividades e com essa forma online, a nossa expectativa é sempre positiva, queremos que tenha público para poder assistir o trabalho que a gente criou durante esse período. ‘Talvez Seja Isso’ já existia e ele foi recriado para esse novo formato”, explica.
“Quanto Custa?”
A performance faz parte da temporada “Quanto Custa?”, que tem como objetivo deixar o público decidir qual valor irá pagar pela apresentação, sendo a partir de R$ 5. A arrecadação desses quatro dias de apresentações será destinada para a manutenção e sobrevivência da Companhia.
Conforme informado pela assessoria, o projeto da contribuição livre está sendo realizado há dois anos, o que possibilitou que muitas pessoas tivessem acesso ao teatro pela primeira vez.
Para quem quiser colaborar, as ações deste mês estão sendo realizadas no site. Após a confirmação do pagamento, a Companhia enviará por email um link de acesso ao canal no Youtube “Cia Dançurbana” para o dia da apresentação escolhida.
Ainda de acordo com a assessoria, além disso, a Cia estabeleceu parcerias com pessoas físicas, instituições e grupos representativos para a distribuição de ingressos gratuitos. Neste mês de agosto, pessoas atendidas pela Central Única das Favelas de Mato Grosso do Sul (CUFA/MS) serão contempladas.
Solo “Talvez Seja Isso”
O trabalho faz parte do “Projeto Singulares – Mostra de Solos”, criado entre 2019 e 2020, com seis solos desenvolvidos. A direção é de Marcos Mattos e Renata Leoni, criação audiovisual e trilha sonora de Reginaldo Borges e figurino e texto de Maíra Espíndola.
Neste, em específico, a intérprete Jackeline vai revelar na cena, desejos de criações pessoais, sobretudo mostrar as imperfeições, singularidade, fragilidade e ressignificação. Mostrar um corpo capaz de ser o que é e o que quiser, alcançando limites e potencialidades.
O livro “Mulheres que correm com os lobos”, de Clarissa Pinkola Estés, serviu de suporte para a criação do solo, pois identifica a essência da alma feminina e mostra uma forma de libertação. Segundo a direção, é uma apresentação que atinge a inquietude, a crítica e a curiosidade.
“O contexto do ‘Talvez Seja Isso’ paira pelo universo feminino e pelas mulheres guerreiras. A ideia desse projeto dos solos é que cada intérprete-criador pudesse colocar o seu desejo de criação em uma obra. Normalmente, quando você trabalha em grupo, esse desejo parte muito da direção, nunca parte do intérprete. Então, nossa intenção foi inverter a lógica, para que o intérprete trouxesse o seu desejo e que toda equipe abraçasse”, enfatiza Marcos.
A apresentação solo, de certa forma, contribuiu para o atual momento em que todos estão vivendo. “De certa maneira tem algumas questões que facilitam ser o solo nesse momento. Só um artista em cena, uma equipe técnica reduzida, além disso, também facilita o processo de colocar o espetáculo para rodar”.
(Texto: Izabela Cavalcanti)