Os deputados estaduais discordaram e realizaram um caloroso embate, ontem (27), durante a sessão na Assembleia Legislativa. E o assunto que ditou o ritmo de vários pronunciamentos foi a da polêmica internacional do aumento dos focos de queimadas no Brasil em 2019 – que tem preocupado o mundo quanto à Amazônia.
Ponto de partida da discussão, Marçal Filho, protocolou um pedido de indicação, para que senador Nelson Trad (PSD) aprove no Congresso uma nota de repúdio a Emmanuel Macron, presidente da França, que tem liderado uma frente de críticas à política brasileira de proteção ambiental.
A fala do deputado do PSDB causou pronunciamento de outros cinco, que apresentaram diferentes posicionamentos sobre o tema. Durante a discussão, representantes do PT e do PSL fugiram da temática e realizaram ataques diretos entre os partidos.
O deputado Marçal Filho em respostas aos últimos pronunciamentos de Macron sobre a criação de um Estado soberano da Amazônia citou que o francês teria interesse de “internacionalizar” a Amazônia. Para ele, em sentido de propriedade em hipótese alguma o Brasil pode aceitar que outro país toque em assuntos que dizem respeito unicamente a nossa nação.
A partir da fala do colega, Pedro Kemp (PT), lamentou os acontecimentos recentes no Brasil, com relação às queimadas na Amazônia. Além disso, o deputado criticou a atuação do governo federal que, de acordo com ele, demorou para tomar uma atitude.
Kemp afirmou que o posicionamento dos países do G7 devem ser ouvidos pois, devido aos grandes impactos do efeito estufa sentidos por eles, apresentam maior consciência ambiental. Ele também atribuiu ao presidente Jair Bolsonaro (PSL), a responsabilidade por “desmantelar a política de proteção ambiental”, acabar com o Ibama e incentivar o desmatamento. “Eles querem desmatar a Amazônia para criar gado”, enfatizou.
Já o parlamentar Zé Teixeira (DEM) defendeu que não podem ser feitas generalizações sobre a atuação dos produtores rurais e o desmatamento. De acordo com ele, os produtores cumprem as porcentagens de desmatamento previstas na lei e aqueles que não a cumprem, devem ser punidos. Apesar de declarar que o presidente deveria “ficar mudo” e exigir maior atuação dos ministérios, ele também criticou o pronunciamento de Macron, lembrando o recente incêndio na Catedral de Notre Dame e nas florestas pela Europa.
“Se querem mandar no nosso país, recuperem o deles”.
Bancada do PSL reage e petista cutuca bolsonaristas: ‘defendem o indefensável’
Na sua intervenção, Coronel David (PSL) depositou na conta do governo anterior a questão das queimadas na Amazônia afirmando que o ocorrido “é decorrente do enfraquecimento dos governos anteriores”. De acordo com ele, o colega petista teria sido “desastroso” em sua participação na tribuna e o acusou ainda de usar a palavra “sem embasamento”.
Já o deputado Capitão Contar declarou que a onda de críticas à gestão Bolsonaro teria como intenção “pretextos para se internacionalizar a Amazônia”. “Querem achar pelo em ovo para poder denegrir o bom governo do presidente. A Amazônia é brasileira e sempre será nossa”. De acordo com o parlamentar “o número de desmatamento reduziu”.
As duas análises, atiçaram a bancada petista a buscar uma comparação da era Lula/ Dilma, que durou 13 anos ao momento atual do Brasil. “Eu desafio qualquer um a comparar os números dos governos do PT com esse governo Bolsonaro”, falou após invocar dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Cabo Almi (PT), por sua vez, foi mais incisivo quanto assunto: “estão tentando defender o indefensável”. E ainda fez um desafio de futurologia. De acordo com ele, “se continuar desse jeito, nem os mais apaixonados pelo Bolsonaro vão conseguir sustentar”. (Julia Renó e Laura Brasil)