A crise causada pelo novo coronavírus colocou o pobre em foco na televisão e o Brasil nunca mais será o mesmo depois que a pandemia passar, afirmou hoje o economista e ex-ministro da Fazenda Antônio Delfim Netto ao UOL Entrevista.
Segundo ele, a separação entre as pessoas em ricos e pobres vai ter de ser um objeto importante da política econômica que virá após a crise do coronavírus passar.
Como uma das medidas a serem adotadas posteriormente, Delfim citou a reforma no sistema tributário brasileiro. Já há propostas sobre o tema em discussão no Congresso, mas para o economista é preciso um projeto mais amplo, que inclua transferência de renda. “Teremos de fazer uma reforma tributária séria, não igual essa que está lá, feita pelos joelhos.
Terá de fazer uma transferência de renda, sabendo que o crescimento virá do aumento de investimento. Fazer uma política econômica capaz de dar outra vez para o brasileiro, para que o filho esteja melhor que o pai”, declarou.
Delfim disse que havia no país um certo “conformismo com a extrema desigualdade” social e que a crise tornou visível parte da sociedade, especialmente os trabalhadores informais, que estava esquecida. “Você terá de fazer políticas capazes de atendê-las. Fazíamos isso antes.
O Bolsa Família era um exemplo. Vamos sair dessa crise com outra concepção. O vírus colocou na televisão o pobre, mostrou um fato que a sociedade talvez soubesse que existia, mas que não tinha visto”, afirmou.
(Texto: Ana Beatriz Rodrigues com informações do Portal UOL)