A frota de ônibus do Consórcio Guaicurus voltou a operar 100% nesta sexta-feira (19) em Campo Grande, encerrando quatro dias de paralisação dos motoristas e trabalhadores do transporte coletivo. A informação foi confirmada pelo STTCU (Sindicato dos Trabalhadores do Transporte Coletivo Urbano de Campo Grande), que assegurou a normalização do serviço essencial à população desde as primeiras horas da manhã.
Para quem depende do transporte público, a retomada representou alívio. A jornalista Amanda Ferreira, moradora do bairro São Jorge da Lagoa, utiliza diariamente os ônibus para se deslocar até o trabalho, no bairro Santa Dorothea, e relatou os impactos da paralisação em sua rotina.

Linha 085, por volta das 6h15, com movimento abaixo do normal – Foto: Juliana Aguiar
“Esses dias foram terríveis para mim, porque dependo dos ônibus para tudo. Meu horário de entrada no trabalho é às 7h, mas devido à greve, a empresa organizou uma logística para buscar e levar os funcionários em casa e, com isso, eu estava chegando por volta das 8h30, o que atrasava minha rotina”, afirmou.
Apesar dos transtornos, Amanda destacou compreensão com a mobilização dos trabalhadores. “Entendo o lado dos motoristas, acho justa a paralisação, porque ninguém é obrigado a trabalhar de graça, todo mundo tem contas para pagar. A cidade precisa do transporte e só temos ônibus, mas eles têm direito de lutar pelo salário deles”, completou.

Terminal Morenão – Foto: Amanda Ferreira
Com o retorno da frota, o movimento foi mais intenso nos primeiros horários do dia, especialmente nos terminais. Ao longo da manhã, porém, o fluxo de passageiros diminuiu, cenário atribuído ao fim do ano letivo em escolas e universidades e ao recesso de fim de ano, que reduz a circulação de trabalhadores de diversos segmentos.

Terminal Bandeirantes com pouco movimento na manhã desta sexta-feira – Foto: Amanda Ferreira
A greve teve início na segunda-feira (15) e deixou a cidade sem ônibus por quatro dias, obrigando usuários a recorrerem a caronas, táxis, aplicativos de transporte ou longas caminhadas para chegar ao trabalho. O movimento foi motivado pelo atraso no pagamento de salários e do 13º salário.

Pontos de ônibus na Avenida Júlio de Castilho, estavam vazios ou com poucos passageiros na manhã desta sexta-feira – Foto: Juliana Aguiar
O acordo que resultou no fim da paralisação foi fechado na quinta-feira, após negociações envolvendo a Prefeitura de Campo Grande, a Câmara Municipal e o Governo do Estado de Mato Grosso do Sul. O principal ponto foi a garantia do pagamento imediato de parte dos salários atrasados e do 13º, viabilizado por uma antecipação de recursos estaduais, o que permitiu ao sindicato autorizar a retomada imediata das atividades.
No âmbito jurídico, o Ministério Público do Trabalho solicitou a extinção da multa de R$ 520 mil aplicada ao sindicato durante a greve e o abono das faltas registradas entre os dias 15 e 18 de dezembro. O pedido de abono já consta no acordo homologado, enquanto a exclusão da multa ainda será analisada pelo desembargador César Palumbo Fernandes.
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