Programa baseado na ajuda mútua soma quase 600 mil atendimentos no Estado e realiza fórum na Capital
Presente em 144 países e considerado hoje a terceira maior comunidade de Narcóticos Anônimos (NA) do mundo, o programa de recuperação baseado na ajuda mútua vem ampliando sua atuação em Mato Grosso do Sul e reforçando uma mensagem direta à sociedade: a recuperação da dependência química é possível. A afirmação é do representante da causa, C. B. em entrevista exclusiva ao jornal O Estado, às vésperas do Fórum de Ação Local, que será realizado entre os dias 19 e 21 de dezembro, em Campo Grande.
O Narcóticos Anônimos é uma irmandade sem fins lucrativos, formada por homens e mulheres para quem as drogas se tornaram um problema maior. São adictos em recuperação que se reúnem regularmente para se ajudarem a permanecer limpos, em um programa de total abstinência.
“O NA é um programa de recuperação baseado na ajuda mútua. A principal missão é levar a mensagem de recuperação ao adicto que ainda sofre, mostrando que é possível viver sem drogas, um dia de cada vez”, explica C. B.
Programa aberto e sem exigências além da vontade de mudar
O acesso ao Narcóticos Anônimos é simples e democrático. Qualquer pessoa que tenha problemas com drogas pode participar das reuniões, independentemente do tipo de substância utilizada, da condição social ou da religião.
“O único requisito para ser membro é o desejo de parar de usar drogas”, reforça o representante.
As reuniões são gratuitas e acontecem em ambiente de acolhimento, respeito e ausência de julgamentos, princípios considerados fundamentais para que o processo de recuperação aconteça.
Brasil é a terceira maior comunidade de NA no mundo
O Narcóticos Anônimos chegou ao Brasil no início dos anos 1980 e, desde então, cresceu de forma expressiva. Atualmente, o país é a terceira maior comunidade de NA do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos e do Irã.
Em todo o território nacional, acontecem mais de 5 mil reuniões por semana, promovidas por mais de 1.700 grupos, espalhados em mais de 660 municípios.
Em Mato Grosso do Sul, o NA está presente desde o início dos anos 1990. Hoje, a irmandade conta com grupos em 12 municípios, que realizam 119 reuniões semanais. Somente em Campo Grande, são oferecidas 93 reuniões por semana, o que faz da Capital um polo estratégico para a expansão da mensagem de recuperação no Estado.
Um recurso para toda a sociedade
Além das reuniões voltadas a pessoas que têm ou acreditam ter problemas com drogas, o Narcóticos Anônimos atua como um recurso social, oferecendo uma série de serviços gratuitos de informação à sociedade.
Entre as ações estão os Serviços de Hospitais e Instituições, que levam reuniões a presídios, clínicas terapêuticas e unidades de saúde, além dos Serviços de Informação ao Público, com palestras, fóruns, entrevistas e participação em eventos comunitários.
O programa também mantém uma linha de ajuda, que orienta pessoas que buscam reuniões ou informações, e distribui materiais informativos sobre recuperação.
“Essas atividades são fundamentais tanto para a manutenção do processo de recuperação dos nossos membros quanto para a divulgação do programa à sociedade”, destaca C. B.
Fórum de Ação Local fortalece serviços em MS
Entre os dias 19 e 21 de dezembro, Campo Grande sedia o Fórum de Ação Local, uma atividade voltada ao desenvolvimento da irmandade e ao fortalecimento dos serviços do Narcóticos Anônimos na região.
O encontro reunirá lideranças nacionais e locais, com o objetivo de ampliar o acesso à recuperação em todo o Mato Grosso do Sul.
“O fórum é um espaço de diálogo, aprendizado e planejamento. Ele pode gerar impactos concretos, como a ampliação do número de reuniões, o fortalecimento dos serviços em hospitais e instituições e a melhoria da comunicação com a sociedade”, explica o representante.
Segundo ele, Campo Grande foi escolhida por ser um polo estratégico, com forte atuação do NA e grande potencial de expansão da mensagem para o interior do Estado.
Anonimato, acolhimento e segurança
Um dos pilares do Narcóticos Anônimos é o anonimato, princípio que garante segurança, igualdade e liberdade para que todos possam participar sem medo de exposição.
“O anonimato cria um ambiente seguro. O acolhimento acontece por meio da identificação, do respeito e da ausência de julgamentos”, afirma C.
“Existe uma saída”
Para quem enfrenta problemas com drogas, mas ainda tem medo de procurar ajuda, a mensagem do NA é clara: ninguém precisa enfrentar a dependência sozinho.
“Esse medo é compreensível, mas no Narcóticos Anônimos a pessoa encontra outras que já passaram por situações semelhantes e descobriram uma nova maneira de viver. Existe uma saída, e ela começa com um simples pedido de ajuda”, diz.
Ao final, C. B. reforça a principal mensagem da irmandade: “Um adicto, qualquer adicto, pode parar de usar drogas, perder o desejo de usar e encontrar uma nova maneira de viver.”
Serviço
Para quem busca apoio ou mais informações sobre o Narcóticos Anônimos: ligue 132 ou acesse www.na.org.br
Por Suelen Morales