Mato Grosso do Sul segue como um dos estados mais perigosos para mulheres no Brasil
Com a ocorrência de seis feminicídios entre novembro e dezembro de 2025, totalizando 39 casos, Mato Grosso do Sul já registra aumento de 11,43% neste tipo de crime em relação a 2024, quando 35 mulheres foram mortas no contexto da violência de gênero. O 35º e 36º feminicídios, que fizeram os números ultrapassarem os do ano passado, foram praticados em um crime duplo, em novembro, quando Higor Thiago Santana de Almeida, de 31 anos, matou a ex-companheira, Rosimeire Vieira de Oliveira, de 37 anos, e a mãe dela, Irailde Vieira Flores de Oliveira, de 83 anos, em Rochedo.
Números parciais de 2025 — levantados pela reportagem do O Estado por meio de notícias veiculadas nos últimos 2 meses — mostram que Mato Grosso do Sul continua figurando entre os Estados mais violentos para as mulheres no cenário nacional, seguindo o mesmo ritmo do ano passado. De acordo com dados do Anuário Brasileira de Segurança Pública, divulgados no final do primeiro semestre deste ano, em 2024, MS ocupou o 2º lugar no ranking nacional, com uma média de 2,4 mortes por 100 mil habitantes, atrás apenas do Mato Grosso, onde o índice foi de 2,5 por mil moradores.
As mesmas notícias apontam que, em números absolutos, ou seja, sem considerar a proporção populacional, o mesmo cenário se repete à nível nacional e mostram o crescimento da violência contra mulher em todo Brasil, que é o 5º país onde mais se mata mulher por questões de gênero no mundo. Até o momento, foram registrados mais de mil casos de feminicídios — sem considerar a subnotificação.
Batendo recordes, São Paulo ficou em 1º lugar neste lamentável ranking em 2024 e 2025 até então, com 253 e 207 feminicídios, respectivamente. Outra localidade que se destaca é a Bahia, com 97 feminicídios, registrados, também, até o início deste mês. Já Mato Grosso, até o momento, tem, pelo menos, 52 mortes violentas de mulheres.
Mato Grosso do Sul tem 39 mulheres mortas
Vítima do segundo feminicídio registrado em dezembro, o 39º do ano, Aline Barreto da Silva, de 33 anos, morreu na madrugada do domingo (14), em Ribas do Rio Pardo, assassinada com três facadas. O principal suspeito é o companheiro de Aline, Marcelo Augusto Vinciguerra, de 31 anos, que passou por audiência de custódia e permanece preso preventivamente.
De acordo com a investigação da Polícia Civil, anteriormente, os dois mantiveram um relacionamento de 12 anos, mas haviam se separado há 4 anos. Em abril, a vítima tentou romper sua relação com Marcelo de vez, impondo uma medida de restrição à ele, contudo, no dia do crime, a determinação estava inválida, uma vez que o casal teria reatado o relacionamento a cerca de 1 mês.
Ainda conforme o apurado, a morte foi precedida por uma discussão e, inclusive, Aline chegou a ligar para a PM (Polícia Militar) para pedir ajuda por se sentir ameaçada. De acordo com os agentes que atenderam ao chamado, quando a guarnição chegou ao local, não encontraram ninguém no endereço informado. Por outro lado, testemunhas relatam que a polícia não chegou a aparecer no local.
A vítima foi ferida por uma faca com dois golpes no tórax e um perna, foi socorrida, mas não resistiu aos ferimentos, vindo a óbito momentos depois no hospital para o qual foi encaminhada.
A faca que teria sido usada para matar Aline foi encontrada junto ao suspeito, que estava na residência, local do crime, quando foi preso. O suspeito permaneceu em silêncio durante a oitiva policial.
Diante do aumento da violência contra as mulheres, o Governo de Mato Grosso do Sul convocou uma coletiva de imprensa nesta terça-feira (16), para detalhar as medidas recentes de combate à violência doméstica adotadas no Estado, com objetivo de promover maior eficiência e celeridade na apuração dos crimes.
Por Ana Clara Julião