O TJMS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul) determinou o afastamento do vereador Arnaldo Glagau (PSD), investigado por suposta participação em um amplo esquema de corrupção instalado na Prefeitura de Terenos. A decisão, divulgada nesta semana, atende a pedido do MPMS (Ministério Público Estadual) e impõe ao parlamentar o uso de tornozeleira eletrônica por 90 dias, além de outras restrições.
Glagau não poderá manter contato com demais investigados e está proibido de firmar novos contratos com o Poder Público. As medidas também atingem os empresários Rinaldo Córdoba de Oliveira e Rogério Luís Ribeiro, apontados como integrantes do mesmo núcleo criminoso.
Operação Spotless: investigação revelou fraude sistemática em licitações
O afastamento ocorre no contexto da Operação Spotless, deflagrada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) e pelo Gecoc (Grupo Especial de Combate à Corrupção) em 9 de setembro de 2025. Na data, foram expedidos 16 mandados de prisão e 59 mandados de busca e apreensão em Terenos, Campo Grande e Santa Fé do Sul (SP).
O então prefeito Henrique Budke (PSDB) foi preso na ação e apontado como líder da organização criminosa, responsável por fraudar licitações por meio de servidores públicos que manipulavam editais para direcionar contratos a grupos empresariais específicos. A apuração indica que as fraudes, somente no último ano, ultrapassaram R$ 15 milhões.
Segundo o MPMS, editais eram elaborados “sob medida”, simulando competição legítima, enquanto integrantes do esquema pagavam propina a agentes públicos para atestar falsamente o recebimento de serviços e agilizar pagamentos.
A Spotless foi resultado de informações colhidas na Operação Velatus, de 2024, que já havia identificado indícios da atuação da quadrilha dentro da administração municipal. O nome da operação é uma referência à necessidade de manter os processos de contratação pública livres de “manchas” ou desvios.
Budke conseguiu habeas corpus no STJ ainda em setembro de 2025, mas permaneceu afastado do cargo por decisão referendada pelo Judiciário.
MP denuncia prefeito afastado e mais 25 por organização criminosa
O Ministério Público apresentou denúncia formal contra Henrique Budke e outras 25 pessoas, incluindo servidores, empresários e agentes públicos supostamente ligados ao esquema. Budke segue preso há mais de 20 dias.
A denúncia afirma que licitações de obras públicas eram direcionadas e que empresas se revezavam nos contratos para manter o fluxo de vantagens ilícitas. Havia pagamento de propina ao prefeito e a outros envolvidos.
Entre os denunciados estão:
Henrique Budke (PSDB), prefeito afastado de Terenos;
Arnaldo Glagau (PSD), vereador e empresário;
Rinaldo Córdoba de Oliveira e Rogério Luís Ribeiro, empresários também monitorados por tornozeleira;
Além de servidores públicos, engenheiros, comerciantes e diversos empresários ligados a obras e serviços municipais.
“O que se apurou é uma organização criminosa instalada no Poder Executivo, atuando há anos para fraudar licitações e saquear os cofres públicos, um verdadeiro balcão de negócios comandado pelo prefeito municipal”, destacou o procurador-geral de Justiça, Romão Ávila Milhan Júnior.
Com o afastamento do vereador Glagau, o cenário político de Terenos segue abalado. O caso é considerado uma das maiores operações anticorrupção já realizadas no município, com reflexos diretos na administração pública e na Câmara Municipal.
As investigações seguem em andamento, e os denunciados permanecem à disposição da Justiça enquanto o processo corre em sigilo.
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