Os chilenos começaram a votar na manhã deste domingo (16) para escolher o próximo presidente do país, em uma das eleições mais disputadas dos últimos anos. As urnas abriram por volta das 9h (horário de Brasília) e devem permanecer ativas até as 19h, com possibilidade de prorrogação caso haja filas. A expectativa é de que os primeiros resultados sejam divulgados rapidamente, embora a apuração total leve algumas horas.
Segundo as pesquisas mais recentes, nenhum dos oito candidatos que disputam a sucessão de Gabriel Boric deve alcançar mais de 50% dos votos no primeiro turno, cenário que aponta para um segundo turno em 14 de dezembro. O levantamento mais recente da Atlas/Intel mostra Jeannette Jara, da coalizão de esquerda, na liderança com 33,2% das intenções, seguida por um empate técnico entre José Antonio Kast, líder da extrema-direita, e Johannes Kaiser, da direita, ambos com 16,8%.
Nomes como Franco Parisi (14,2%) e Evelyn Matthei (13,9%) também aparecem com força, enquanto Harold Mayne-Nicholls (1,9%), Marco Enríquez-Ominami (1%) e Eduardo Artés (0,1%) completam a lista de candidatos.
Segurança e migração dominam o debate
A campanha presidencial foi marcada por temas como segurança pública e migração. Kast consolidou grande parte de seu discurso em propostas de endurecimento contra o crime e o narcotráfico. Segundo o Centro de Estudos Públicos (CEP), 35% dos entrevistados o consideram o mais preparado para enfrentar o narcotráfico, enquanto 32% acreditam que ele é o melhor para manter a ordem social.
A migração, especialmente de venezuelanos, também se tornou uma pauta central. Kast defende medidas rígidas para controlar a entrada de imigrantes irregulares, alinhando a discussão ao seu discurso de segurança. Já Jeannette Jara tem alertado para possíveis retrocessos em direitos das mulheres caso Kast ou Kaiser vençam, o que elevou o tom da disputa e aprofundou a divisão entre eleitores.
Disputa acirrada no segundo turno
Apesar da vantagem de Jara no primeiro turno, pesquisas como a Atlas/Intel mostram que a disputa se torna mais equilibrada quando reduzida a dois candidatos. Os votos dispersos hoje entre Kast, Kaiser, Matthei e Parisi tendem a convergir para a direita em um eventual segundo turno.
Os cenários projetados mostram Kaiser com 46% contra 41% de Jara, enquanto Kast aparece com 46% diante de 40% da candidata de esquerda. O potencial de união da direita, ainda fragmentada, pode tornar a batalha final mais desafiadora para a esquerda chilena.
O futuro político em jogo
Para a esquerda, a eleição é vista como a oportunidade de consolidar uma agenda focada em programas sociais, combate à desigualdade e ampliação de políticas públicas, bandeiras centrais da campanha de Jeannette Jara. O desafio, porém, é transformar esse projeto em maioria eleitoral diante de um eleitorado disperso e sensível ao discurso de segurança pública.
Para a direita, o pleito representa a possibilidade de reorientar o país após anos de tensões institucionais e instabilidade política. Kast tenta capitalizar o sentimento de mudança com uma retórica de “lei e ordem”, enquanto Kaiser mantém forte apelo entre grupos que defendem um governo mais conservador e rígido.
Além da escolha presidencial, a renovação do Congresso também pesa no futuro do Chile. Sem uma base sólida, qualquer governo terá dificuldades para aprovar reformas estruturais. Por isso, o resultado legislativo será tão determinante quanto o presidencial na definição da capacidade de governabilidade para os próximos anos.
A eleição deste domingo, marcada por incertezas e polarização, deve moldar profundamente o rumo político e social do país.
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