2ª edição apresenta obras de jovens cineastas em programação que une sessões competitivas e debates
Começa nesta quarta-feira (12) a segunda edição do Festival Curta Campo Grande, com sessão de abertura marcada para às 19h30, na Associação Cultural Teatro do Mundo. A programação inicial exibe a coleção Directors’ Factory Ceará Brasil, formada por quatro curtas produzidos por jovens cineastas em parceria com profissionais internacionais.
Os filmes estrearam na Quinzena dos Realizadores, durante o Festival de Cannes 2025, e apresentam novas vozes do Norte e Nordeste em diálogo com o cinema mundial. Entre os títulos estão “Fera do Mangue”, dirigido por uma cineasta indígena cearense em parceria com um diretor israelense, e Ponto Cego, premiado no Festival do Rio.
Para o idealizador e diretor-geral Dannon Lacerda, exibir obras resultantes de experiências formativas amplia o olhar do público e estimula a produção audiovisual local. A abertura contará ainda com apresentação da cantora e intérprete Luciana Fisher. O festival é uma realização da Corixo Produções, com apoio da Política Nacional Aldir Blanc e execução da Prefeitura de Campo Grande, por meio da Fundac.

Filme Ponto Cego – Foto: Reprodução
Produção
Nesta edição, a organização do festival incluiu ações voltadas a estudantes da rede pública, levando o cinema até as escolas como parte da programação que antecede as exibições principais.Para a reportagem do O Estado, a produtora do festival, Bianca Machado, destacou que o trabalho começa dentro das salas de aula.
“A gente já começa hoje a investir nos estudantes. O Curta Campo Grande está lá na Escola Estadual Maria Constança de Barros Machado para falar para as crianças: ‘a gente tem cinema no Brasil e no MS, você pode ser cineasta, vá ao cinema, convide seus pais para assistirem, vão na Mostrinha que vai ter sábado. É uma maneira de formar público, e estar na escola é esse momento”, afirmou.
Uma das organizadoras e produtoras do Festival Curta Campo Grande, Carolina Dório, afirmou ao Jornal O Estado que a segunda edição chega com uma programação ampliada e mais próxima do público. O evento deste ano traz novas frentes de atuação, com destaque para atividades voltadas à infância, juventude e formação audiovisual, além de ocupar diferentes espaços culturais da cidade.
“Além das mostras competitivas, o festival traz sessões especiais voltadas à infância e juventude, debates com realizadores, oficinas formativas e uma programação que ocupa novos espaços da cidade. O público pode esperar um festival cada vez mais aberto, diverso e afetivo. Nosso desejo é seguir crescendo de forma orgânica, mantendo o espírito de partilha que deu origem ao Curta Campo Grande”, explicou Carolina.

Filme Como Ler O Vento – Fotos: Reprodução
Curadoria
A mostra competitiva do Festival Curta Campo Grande reúne uma diversidade de olhares e estilos cinematográficos, apresentando obras dirigidas por talentos de diferentes regiões do país.
Na categoria MS, concorrem A última porteira, de Rodrigo da Silva Rezende; Eleonora, de Lígia Tristão Prieto; Les garçons, de Bruno Nishino e Marco Calábria; Olhos fechados, de Roberto Leite; Sebastian, de Cainã Siqueira; e Tempestade ocre, de Deivison Pedrê.
Já na categoria Curta Brasil, disputam A mulher esqueleto, de Yolanda Barros Margarida Freire; Arame farpado, de Gustavo Carvalho; A saga, de Dayse Amaral Dias; BoiUna, de Adriana de Faria; Bijupirá, de Eduardo Boccaletti; Cardo, de Allan Riggs e Guilherme Suman; Cavalo marinho, de Leo Tabosa; Fruta Fizz, de Kauan Okuma Bueno; Fuá, o sonho, de Viviane Jag Feg Farias e Amália Brandoff; Linda do Rosário, de Vladimir Seixas; O céu não sabe meu nome, de Carol Aó; Quando eu for grande?, de Manu Cappu; Mãe, de João Monteiro; Minha mãe é uma vaca, de Moara Passoni; O primo holandês, de Nuno Lindoso; Peixe morto, de João Fontanelle; e Via sacra, de João Campos.
Na categoria Curta Doc, completam a seleção Campo cênico, de Pedro Miyoshi; Construindo a quarta parede, de Bruno Augusto da Silva; Contra correnteza, de Henrique Fabiano de Souza; Jardim de Pedra, de Daphyne Schiffer Gonzaga e Rodrigo da Silva Rezende; Koi e o rio, de Ricardo Pieretti Câmara e Maurício Copetti; Outros abrigos, de Thiago Cardoso; e Palavra, de DF Fiuza.
A curadoria do Festival Curta Campo Grande passou por um processo intenso que envolveu a análise de mais de mil filmes inscritos de diferentes regiões do país. Segundo a organização, o principal critério de seleção foi a força do olhar de cada obra, produções capazes de traduzir as realidades de seus territórios e apresentar narrativas potentes e inovadoras.
“Nosso critério principal sempre foi a força do olhar, filmes que traduzem a realidade de seus territórios, que ousam na forma e que nos tocam pela potência narrativa. Ter na programação obras que já circularam por festivais como Cannes é motivo de alegria. O que guia nossas escolhas é a autenticidade de cada filme e sua capacidade de dialogar com o público, ampliando perspectivas e sensibilidade”, afirma Carolina.

Filme A Vaqueira, A Dançarina E O Porco – Foto: Reprodução
Visibilidade
O Festival Curta Campo Grande reforça em sua segunda edição o compromisso com a diversidade regional e o diálogo entre diferentes territórios do cinema brasileiro. A proposta é dar visibilidade a produções do Norte, Nordeste e Centro-Oeste, fortalecendo conexões entre realizadores e ampliando a circulação de obras fora dos grandes centros de produção audiovisual.
“Valorizar as vozes do Norte, Nordeste e Centro-Oeste é reconhecer a pluralidade do nosso país e reafirmar que o cinema produzido fora dos grandes centros tem uma força poética e política fundamental. Essas trocas com realizadores, curadores e festivais parceiros fortalecem nossa identidade e ampliam o alcance do evento”, revela Carolina.
Para Bianca, O Festival Curta Campo Grande também atua como iniciativa cria oportunidades de exibição e circulação para obras produzidas localmente, aproximando criadores e público.
“Curta-metragem é um formato pelo qual a maioria dos grandes cineastas já passou. É o momento de contar uma história inteira em pouco tempo ou apresentar um recorte de uma narrativa maior. O Curta Campo Grande vem justamente para dar visibilidade a essas produções, oferecendo um espaço para exibir e escoar o material produzido no estado e em Campo Grande”, finaliza.
Serviço: A abertura do Festival Curta Campo Grande 2025 será realizada hoje, 12 de novembro (quarta-feira), às 20h, na Associação Cultural Teatro do Mundo, localizado na R. Barão de Melgaço, 177 – Centro. Entrada gratuita. Para conferir a programação completa, mais informações sobre os filmes e amostras, acesse o site www.festivalcurtacampogrande.com.
Amanda Ferreira