Com crise do cacau e avelã, caixas de bombons ficam 56,76% mais caras

Foto: Roberta Martins
Foto: Roberta Martins

Chocolates ficam mais caros neste fim de ano e consumidores sentem o peso no bolso

Os amantes de chocolate devem preparar o bolso neste fim de ano. Sobrou até para as tradicionais caixas de bombons, famosas por ter preços mais acessíveis as principais marcas já registram aumento considerável nos supermercados, reflexo do encarecimento global do cacau e de outros insumos usados pela indústria. Na sexta-feira (07), a reportagem do O Estado esteve em seis estabelecimento de Campo Grande, onde o preço do item variou de R$13,90 a R$ 21,79 – com aumento expressivo de 56,76%.

A quantidade dentro das embalagens é outro ponto que penaliza o bolso do consumidor, com apenas 10 unidades, aproximadamente. Dentre as variações o produto da Lacta, por exemplo, custam em média R$ 17,52, da Garoto R$ 21,79 e da Nestlé R$ 16,73, valores que já superam os praticados no mesmo período do ano passado. Com a chegada das confraternizações de fim de ano como o “amigo chocolate”, a demanda pelo item pode inflacionar ainda mais o produto nas prateleiras.

A acadêmica Roberta Dorneles conta que o impacto é perceptível nas compras de rotina. “Agora que tem chegado esse final de ano eu percebi que teve um aumento nos preços. Fui recentemente no mercado e achei tudo bem mais caro. Gastei cerca de R$ 100 e levei pouca coisa, as barras que são o que costumo comprar estavam mais caras, os preços estão pesando no bolso realmente”, relata.

O cenário pode ficar ainda mais preocupante, pois estamos nos aproximando da época em que a demanda pelo chocolate aumentam com as produções em confeitarias.

Crise do cacau

O aumento dos preços não é apenas resultado da inflação interna. A explicação principal vem de fora, onde as mudanças climáticas estão afetando diretamente as plantações de cacau na África Ocidental, região responsável por cerca de 60% da produção mundial.

Países como Gana e Costa do Marfim enfrentam surtos de pragas e doenças agrícolas que prejudicam o cacaueiro. A consequência é uma queda na oferta e uma escalada nos preços. Nos últimos dois anos, o valor da amêndoa quadruplicou, saltando de aproximadamente US$ 2.500 por tonelada em 2023 para mais de US$ 10 mil em 2025.
O Brasil, que já foi líder mundial na produção, ainda tenta se recuperar das perdas causadas pela praga Vassoura de Bruxa nas décadas passadas.

Avelã encarece sobremesas

Além do cacau, outro ingrediente essencial está mais caro, como a avelã. Segundo a economista Cristiane Mancini, o preço da avelã turca já ultrapassou US$ 4,91 o quilo (cerca de R$ 27) e pode chegar a US$ 10 (R$ 54) ainda neste ano. A Turquia é a principal produtora de avelã , e exporta para o mundo, inclusive, para o Brasil, conforme explica a especialista.
“O produto é fundamental em chocolates e sobremesas gourmet. Essa escassez pode elevar o preço de produtos presentes e impactar o poder de compra do consumidor, além de levar as indústrias a reduzir o tamanho dos chocolates”, explica sobre o avelã.

A Turquia, responsável por mais de 70% da produção mundial de avelãs, enfrenta oscilações nas safras devido a condições climáticas adversas. “O congelamento de parte da produção turca elevou os preços e alarmou fabricantes como Ferrero e Nestlé, que dependem fortemente do insumo”, completa Mancini.

Estimativas indicam que mais de 72% das avelãs produzidas no mundo provêm da Turquia, com cerca de 60% originárias da região do Mar Negro Oriental, onde Giresun está localizada (Instituto Turco de Estatística (TurkStat). Deixando fabricantes como a Ferrero, Kraft Heinz Co, Mondelez International Inc e Nestlé vulneráveis, já que os preços e a quantidade da produção variam bastante conforme a safra.

“A partir do momento que há problemas na produção (na oferta), ela não consegue exportar da mesma forma. Então o “pouco” que ela exporta, o intermediário compra e acaba repassando o custo para o consumidor que vai pagar mais caro para ter o mesmo produto ou ainda, eles podem reduzir a quantidade de avelã no produto”, conclui Mancini.

 

Gustavo Nascimento

 

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