Outros 73,8 mil contribuintes, com rendimentos entre R$ 5 mil e R$ 7 mil, terão redução proporcional da alíquota
A ampliação da faixa de isenção do IRPF (Imposto de Renda da Pessoa Física), aprovada pelo Senado, deve aliviar o bolso de mais de 236 mil contribuintes de Mato Grosso do Sul. A proposta garante isenção total para quem recebe até R$ 5 mil por mês e entra em vigor em janeiro de 2026.
De acordo com estimativas do Governo Federal, 162,9 mil sul-mato-grossenses que ganham até R$ 5 mil mensais deixarão de pagar o imposto. Outros 73,8 mil contribuintes, com rendimentos entre R$ 5 mil e R$ 7 mil, terão redução proporcional da alíquota, o que deve aliviar a carga tributária sobre a faixa intermediária de renda.
O impacto regional é expressivo, já que boa parte dessa base tributária corresponde a trabalhadores formais do setor de serviços, comércio e administração pública, segmentos que sustentam a maior parte da geração de empregos no Estado. Na prática, o novo limite pode significar maior poder de compra e estímulo ao consumo local, especialmente entre as famílias de classe média.
A proposta, que mantém o texto aprovado pela Câmara dos Deputados, também cria uma contribuição adicional para rendas muito elevadas. Quem recebe acima de R$ 600 mil por ano passará a pagar uma taxa extra, que pode chegar a 10% para ganhos superiores a R$ 1,2 milhão anuais. A cobrança também se estenderá a lucros e dividendos recebidos por pessoas físicas, quando os valores ultrapassarem R$ 50 mil por mês.
Segundo economistas, a mudança representa uma das maiores atualizações na tabela do IR desde 2015, com potencial de redistribuir renda e aquecer o consumo interno. No entanto, especialistas alertam que o efeito da isenção pode se dissipar com o tempo se a tabela não for corrigida periodicamente pela inflação.
“É uma medida positiva, que amplia a capacidade de consumo das famílias e reduz a defasagem histórica da tabela. Mas, sem um mecanismo de atualização anual, a tendência é que o benefício perca força gradualmente”, avalia o economista Eugênio Pavão, ouvido por O Estado.
A expectativa é de que a medida também tenha reflexo direto no comércio sul-mato-grossense. Com menos imposto retido na fonte, trabalhadores terão mais liquidez para consumo e pagamento de dívidas, favorecendo setores como varejo, alimentação e serviços — justamente os que mais movimentam a economia local.
O projeto segue agora para sanção presidencial, e o governo já trabalha na reformulação do sistema de declaração anual, que deverá incorporar as novas faixas de rendimento a partir do exercício fiscal de 2026.
Por Djeneffer Cordoba