Em viagem pela Europa, o ex-presidente Lula disse a um jornal suíço que é contra a apresentação de pedido de impeachment do presidente Jair Bolsonaro. Antes de receber o prêmio de cidadão honorário de Paris, Lula afirmou ao ‘Le Temps’ que é preciso esperar pelos quatro anos de mandato de Bolsonaro.
“Eu tenho alertado o PT ter paciência, porque nós temos que esperar quatro anos”, disse. “A não ser que Bolsonaro cometa um ato de insanidade, cometa um crime de responsabilidade, a gente então possa fazer o impeachment dele, mas se não fizer isso, nós não podemos achar que nós podemos derrubar um presidente porque não gostamos dele. Não podemos”, declarou.
Esquerda sem discurso
Para Lula, a esquerda perdeu o discurso em todo o mundo. “Nós perdemos o discurso e em alguns lugares começou a se usar a palavra ajuste fiscal e o Estado é muito pesado, é preciso abrir o Estado. E o Estado ao invés de se transformar numa coisa cada vez mais forte, pública, se transformou cada vez mais numa coisa mais fraca privada. Então eu acho que a esquerda tem que reconstruir o seu discurso, e por isso que eu estou botando a questão da desigualdade como um tema prioritário”, afirmou.
O ex-presidente também falou sobre o teor do discurso que fará nesta segunda durante a homenagem que receberá em Paris. “Eu vou falar das desigualdades e de mostrar o que acontece neste momento com a democracia brasileira. Eu vou te contar uma coisa, eu cometi um erro muito grave no Brasil, isso aos olhos da elite brasileira, que foi permitir que os pobres conquistassem um mínimo de cidadania, e por isso eles não perdoam e por isso esse processo todo de perseguição”, afirmou.
Na entrevista, traduzida pelo blog do jornalista Jamil Chade, Lula ainda defendeu o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, chamou de farsante o autodeclarado presidente Juan Guaidó e disse que ele deveria ter sido preso.
(Texto: Congresso em Foco)