Identificação foi feita por impressões digitais em registros argentinos da ditadura
A Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos (CEMDP) confirmou neste sábado (13) a morte do pianista Francisco Tenório Cerqueira Júnior, desaparecido em 1976 durante uma turnê pela Argentina. O músico, que acompanhava Toquinho e Vinicius de Moraes, foi executado a tiros e enterrado como indigente na periferia de Buenos Aires.
Segundo a Equipe Argentina de Antropologia Forense (EAAF), a identidade foi reconhecida por meio da análise das impressões digitais. O corpo havia sido recolhido em 20 de março de 1976, em Tigre, região metropolitana da capital, apenas dois dias após o desaparecimento do artista. Os restos mortais foram sepultados no cemitério de Benavídez sem qualquer identificação.
A descoberta resultou de um cruzamento de dados conduzido pela Procuraduría de Crímenes contra la Humanidad, que revisou processos de vítimas não identificadas entre 1975 e 1983. Esses registros, arquivados durante a ditadura argentina, começaram a ser reavaliados para verificar vínculos com casos de desaparecidos políticos.
Em nota, a CEMDP informou que já comunicou a família e que seguirá acompanhando o caso. O órgão estuda, junto às autoridades argentinas, a possibilidade de exumação do corpo para análise genética.
O desaparecimento de Tenório está inserido no contexto da Operação Condor, aliança entre regimes militares da América do Sul nos anos 1970 para perseguir opositores. O Brasil, junto a Argentina, Chile, Paraguai, Uruguai e Bolívia, trocava informações e colaborava em prisões, sequestros e assassinatos.
“A comissão segue à disposição para oferecer todo o apoio necessário aos familiares neste processo, assim como colaborar com os esforços para localização dos remanescentes humanos do artista brasileiro”, destacou o comunicado.
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