Canetas para emagrecimento dividem farmácias em Campo Grande

CANETA EMAGRECEDORA-FOTO: NILSON FIGUEIREDO
CANETA EMAGRECEDORA-FOTO: NILSON FIGUEIREDO

O avanço das chamadas “canetas emagrecedoras”, medicamentos injetáveis utilizados no tratamento de diabetes e obesidade, trouxe preocupação a entidades de saúde e dividiu a rotina das farmácias em Campo Grande. Enquanto algumas unidades relatam aumento na procura, outras afirmam não ter registrado mudanças significativas — e há casos em que os estabelecimentos optaram por suspender a venda por receio de golpes e assaltos.

A presidente do CRF-MS (Conselho Regional de Farmácia de Mato Grosso do Sul), Daniely Proença, explica que o órgão acompanha de perto os impactos da popularização desses medicamentos e reforça a necessidade de orientação profissional.

“O CRF fiscaliza a atuação do farmacêutico, enquanto a vigilância sanitária fiscaliza o espaço onde o produto é comercializado. Nosso objetivo é sempre conscientizar sobre os riscos da automedicação e da importância da consulta e do acompanhamento profissional. Agora também estamos incluindo as canetas emagrecedoras em nossas campanhas informativas, com materiais educativos e possíveis parcerias com outras entidades de saúde”, afirmou.

Segundo ela, o conselho mantém ações de proximidade com a população. “Temos campanhas sobre o uso racional, o descarte correto e a importância da orientação do farmacêutico, que é o último profissional de saúde a ter contato com o paciente antes do uso do medicamento. Na sede do CRF-MS, há um espaço para descarte de remédios vencidos ou em desuso, e nossos profissionais estão sempre à disposição para esclarecer dúvidas”, completou.

Farmácias relatam realidades diferentes
Nas farmácias, a percepção é variada. Algumas redes não notaram alta na procura, enquanto outras relataram até problemas de segurança. Na Mais Farmácias, a farmacêutica Ana Emília Weiss disse que o interesse se mantém estável, mas há dificuldade em garantir o abastecimento.

“A procura está normal, porém os laboratórios não conseguem atender a demanda. Agora que a venda se tornou controlada, muitas pessoas vão ao Paraguai comprar, porque lá não exige receituário. Aqui, além do valor alto, há necessidade da receita médica. Na unidade em que atuo, não temos mais esses produtos”, relatou.

Na Morena Farma, a responsável informou que até o momento não houve procura. Já na Drogasil do bairro Parati, os atendentes confirmaram aumento na procura, mas afirmaram não ter como mensurar a proporção.

Na Farmácia Ultra Popular, da Vila Progresso, o clima é de apreensão. A farmacêutica explicou que o estabelecimento não comercializa o Mounjaro, um dos mais procurados, e trabalha apenas com as versões nacionais.

“A gente tem até medo de vender essas canetas, porque há muitos golpes de falso pagamento e assaltos em busca do produto. Por isso, optamos por não disponibilizar o Mounjaro. Vendemos apenas as nacionais”, relatou.

Marcas e preços
Atualmente, as farmácias em Campo Grande trabalham com medicamentos das farmacêuticas Novo Nordisk e Eli Lilly, como Ozempic, Wegovy e Mounjaro. A Drogasil da Rua da Divisão informou que atualmente oferece a caneta da marca Olire por R$333,91.

Enquanto cresce o interesse do público, especialistas reforçam a mesma orientação: o uso dessas canetas exige prescrição médica, acompanhamento contínuo e nunca deve ser iniciado por automedicação.

Por Suelen Morales

 

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