Queimadas passam de 2,7 mil e “causam” 953 ataques de abelhas

Foto: CBM MS
Foto: CBM MS

Corpo de Bombeiros alerta para aumento dos chamados de emergência; veranico, altas temperaturas e incêndios desorientam abelhas e elevam risco à população

O avanço da estiagem, o aumento das temperaturas e a alta incidência de queimadas têm intensificado o número de ataques de abelhas em Mato Grosso do Sul neste início de setembro de 2025. Dados exclusivos obtidos pelo Jornal O Estado apontam que, de janeiro a agosto, o Corpo de Bombeiros registrou 953 ocorrências de picadas de abelha em todo o Estado, incluindo Campo Grande, que concentrou 381 atendimentos somente em agosto.

No mesmo período, o Estado contabilizou 2.767 ocorrências de incêndios em vegetação e incêndios florestais, o que preocupa as autoridades e contribui para o aumento dos casos. Segundo o Corpo de Bombeiros e a Defesa Civil, o comportamento mais agressivo dos enxames está diretamente relacionado às condições climáticas atípicas deste ano.

Desde 20 de agosto, Mato Grosso do Sul enfrenta um veranico com temperaturas até 5°C acima da média histórica. A combinação de calor intenso, fumaça e destruição de colmeias tem desorientado os insetos, que migram para áreas urbanas em busca de abrigo e alimento.

“Com a destruição de colmeias e o aumento da fumaça, os enxames ficam estressados e mais propensos a ataques. O problema se intensifica nas cidades, onde os insetos buscam novos abrigos. Só que a movimentação urbana, os cheiros, os poluentes como fumaça de escapamento de veículos incomodam as abelhas e favorecem os ataques na cidade”, explicou ao O Estado, o subtenente do CBMS, Chermont.

Queimadas e abelhas: uma relação direta
De acordo com o CBMMS, agosto foi o mês mais crítico para os incêndios, com 953 registros no estado e 381 apenas na Capital. Os bairros Lagoa, Anhanduizinho, Segredo e Bandeira lideraram as ocorrências relacionadas à presença de enxames próximos a residências, escolas, praças e áreas de grande circulação.

Os incêndios impactam diretamente a fauna, destruindo ninhos e forçando os insetos a ocuparem espaços urbanos, o que aumenta os chamados de emergência para a remoção de colmeias e casos de picadas.

Serviço aéreo realiza 11 operações contra incêndios em 20 dias
Campo Grande vive um período crítico de queimadas e, em menos de 20 dias de atuação, o GOA (Grupamento de Operações Aéreas) do Corpo de Bombeiros Militar de Mato Grosso do Sul já foi acionado em 11 ocorrências de combate a incêndios em diferentes regiões da cidade. O cenário é agravado pelo calor intenso, baixa umidade relativa do ar e tempo seco.

As ações se concentraram principalmente nos bairros Bandeira, Anhanduizinho, Lagoa e Segredo, exigindo, na maioria dos casos, múltiplos lançamentos de água. Para conter as chamas, foram utilizadas as aeronaves Air Tractor Bombeiro 04 e Bombeiro 05, que juntas despejaram 134,8 mil litros de água em áreas de pastagens, terrenos baldios, margens de rodovias e pontos de preservação ambiental.

Serviço aéreo pioneiro
A utilização de aeronaves modelo Air Tractor para combater incêndios urbanos representa uma ação inédita em Mato Grosso do Sul. Até então, apenas o Distrito Federal havia adotado essa estratégia no Brasil. O objetivo é tornar o combate mais ágil e eficiente, reduzindo os impactos do fogo, principalmente em áreas de preservação, e protegendo o patrimônio da população.

O lançamento de água, chamado alijamento, é realizado de forma segura, sem oferecer riscos à população. Para isso, os aviões seguem protocolos específicos e realizam voos de reconhecimento antes de cada operação.

Segundo o Corpo de Bombeiros, a prioridade do uso das aeronaves é o combate a incêndios florestais. No entanto, diante do aumento das ocorrências na região metropolitana da Capital, os recursos aéreos também têm sido empregados em apoio às equipes terrestres, após avaliação técnica de viabilidade.

Multas e conscientização
Em 2025, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Gestão Urbana e Desenvolvimento Econômico, Turístico e Sustentável (Semades) aplicou 66 multas por queimadas urbanas, com valores entre R$1.609,50 e R$6.438,00, conforme a área afetada.

Paralelamente, a Semades mantém a campanha anual “Agosto Alaranjado”, que orienta a população sobre os riscos e impactos das queimadas urbanas e florestais e informa como denunciar ocorrências pela Central de Atendimento 156 ou pelo aplicativo Fala CG 156.

Pela legislação municipal (Lei nº 2.909, Art. 18-A), é proibida a prática de queimadas em terrenos baldios e quintais, cabendo ao proprietário adotar medidas para evitá-las.

Por Suelen Morales e Geane Beserra

 

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