Alice Yura concorre na categoria on-line do PIPA 2025 com suas obras conceituais
A artista sul-mato-grossense Alice Yura é a primeira do estado a concorrer ao Prêmio PIPA na categoria online em 2025. Natural de Aparecida do Taboado e com trajetória dividida entre sua cidade natal e São Paulo, ela integra a lista de indicados a uma das premiações mais relevantes da arte contemporânea no Brasil. Voltado a artistas com até 15 anos de carreira, o prêmio busca ampliar a visibilidade de produções consistentes no cenário nacional. Ao longo de sua história, apenas duas artistas do Mato Grosso do Sul foram indicadas, incluindo Alice.
Com uma pesquisa que cruza arte e vida, Alice desenvolve sua produção principalmente por meio da fotografia e da performance. Seus trabalhos partem de vivências pessoais, mas não se limitam ao autorretrato. Em suas obras, questões como identidade de gênero, ancestralidade japonesa, regionalidade e subjetividade ganham forma, propondo uma leitura crítica sobre o corpo, a cultura e o pertencimento no Brasil contemporâneo.
Alice concorre exclusivamente na categoria PIPA Online, decidida por voto do público. Os dois artistas mais votados recebem R$ 5 mil cada. No 1º turno (4 a 10 de agosto), cada pessoa deve votar em pelo menos 3 artistas para que o voto seja válido. No 2º turno (18 a 24 de agosto), basta um único voto. O resultado será divulgado em 25 de agosto através do site que também pode ser acessado para a votação: www.premiopipa.com/alice-yura/.
Com a indicação, Alice passa a integrar a plataforma do Instituto PIPA, com uma página no site oficial que reúne uma vídeo-entrevista, imagens de seus trabalhos, textos críticos, clipping de imprensa, currículo, publicações e materiais sobre sua trajetória artística.
Trabalho artístico
A artista Alice Yura soube de sua indicação ao Prêmio PIPA 2025 por e-mail e, desde então, passou a integrar a plataforma do Instituto PIPA, enviando imagens e informações para a criação de sua página oficial no site. Além da visibilidade institucional, o prêmio também divulga a agenda de seus artistas nas redes sociais, ampliando o alcance de suas participações em eventos e exposições.
Criado em 2010, o Prêmio PIPA é hoje uma das principais iniciativas de valorização da arte contemporânea brasileira, reconhecendo artistas com produção consistente e projetando novos nomes para o circuito nacional.
Em entrevista ao Jornal O Estado, Alice Yura destacou que sua produção dentro da arte contemporânea brasileira tem ganhado visibilidade desde 2019, com convites para exposições e eventos em instituições como a Pinacoteca de São Paulo que adquiriu uma de suas obras em 2023, MASP, SESC Pompeia e o Museu do Amanhã.
“Em 2024, participei da minha primeira mostra internacional, na Americas Society, em Nova York. Acredito que minha trajetória contribui para ampliar o olhar sobre a arte brasileira, especialmente por trazer uma perspectiva sul-mato-grossense que desafia o eixo tradicional Rio-São Paulo e propõe novas formas de pensar o que é a arte no Brasil hoje”, destaca.
Sobre sua linguagem artística, Alice Yura destaca que a fotografia e a performance são centrais em sua produção.Para a artista, sua obra carrega uma dimensão crítica da realidade, propondo reflexões sobre o que é ser uma mulher trans, uma pessoa com ascendência asiática no Brasil e uma artista do interior do Mato Grosso do Sul.
“Embora eu transite por outras formas de expressão, são essas duas que fundamentam meu trabalho. A partir delas, desenvolvo questões sobre os atravessamentos do corpo, da identidade e da política.Trago essas questões para dentro do meu trabalho justamente para tensionar, questionar e, ao mesmo tempo, afirmar um lugar de existência”, afirma.

Alice é de Aparecida do Taboado e tem a trajetória dividida entre a cidade natal e São Paulo – Foto: Arquivo pessoal de Alice
Representação
Alice se diz honrada por levar o nome do estado e de sua cidade, Aparecida do Taboado, ao circuito nacional. Mulher trans e nipo-caipira, ela explica que sua identidade estrutura o trabalho mais no campo conceitual do que estético, guiando reflexões sobre corpo, território e existência.
“Meu trabalho contribui para ampliar o olhar sobre a arte brasileira e denunciar a falta de incentivo à produção contemporânea fora do eixo Rio-São Paulo.Sou uma artista do interior, e isso carrega um significado importante. São poucos os artistas do nosso estado que rompem as fronteiras locais”, conta.
A artista acredita que prêmios como o PIPA ajudam a ampliar o espaço para artistas de outras regiões, mas alerta para a pouca inserção de artistas do Centro-Oeste, especialmente do Mato Grosso do Sul, onde ela é a única indicada este ano e a segunda na história do prêmio. Sobre sua participação, Alice espera que a indicação traga mais visibilidade, novas conexões e oportunidades para seu trabalho, mas mantém os pés no chão
“Eu encaro esses prêmios com leveza e tranquilidade, mas entendendo a importância que eles têm para criar oportunidades de mostrar essa produção que não é do Sudeste. Uma produção de uma artista que trabalha também com sua ancestralidade japonesa e que é uma mulher trans”, afirma.
Para votar
Alice finaliza que para apoiar seu trabalho basta acompanhar suas redes sociais, @yura.alice no Instagram e @alice.yura no TikTok.Acompanhar também suas exposições em instituições culturais e adquirir suas obras. Para votar no Prêmio PIPA, basta acessar sua página no site oficial www.premiopipa.com/alice-yura/, se cadastrar por e-mail e confirmar o voto.