“Estuprador não educa”: estudantes protestam na UFMS e exigem demissão de professor condenado por estupro

Foto: Nilson Figueiredo
Foto: Nilson Figueiredo

Manifestação cobra resultado do PAD instaurado há seis meses; decisão final deve sair em setembro

Estudantes da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) se reuniram nesta quarta-feira (20) em um ato para exigir a demissão imediata de um professor do Inbio (Instituto de Biociências), condenado em primeira instância por estupro de uma aluna da própria instituição. O crime ocorreu em 2016, e a sentença foi proferida em 12 de março de 2025.

A manifestação, organizada por representantes de centros acadêmicos e coletivos estudantis, ocorreu em frente à reitoria da UFMS e reuniu alunos, professores, ativistas e movimentos sociais. O grupo cobra que o PAD (Processo Administrativo Disciplinar), instaurado pela universidade logo após a condenação, resulte na demissão do docente por justa causa.

“Não vamos aceitar um estuprador dentro da UFMS”
Durante o ato, a estudante Rebeca Garcia, representante do Centro Acadêmico de Biologia, destacou a revolta dos alunos com a permanência do professor nos quadros da instituição. “A gente vem aqui, como estudante e como cidadão, reivindicar e exigir a demissão de um professor condenado por estupro. Não queremos barganha, não queremos conversa, não queremos justificativas. Queremos a demissão imediata, por justa causa, porque houve condenação e a universidade tem a obrigação legal e moral de proteger seus estudantes”, disse.

O PAD foi instaurado em março e tem prazo inicial de 60 dias, prorrogável por mais 60 dias. A última prorrogação encerra em 13 de setembro, data em que os alunos esperam que seja publicada a decisão final.

“Estamos aqui para cobrar que o resultado seja a demissão. Não aceitamos mais uma prorrogação, não aceitamos omissão. São nove anos de espera por justiça”, desabafou a estudante Maria Clara Pereira, também do curso de Ciências Biológicas.

Pressão popular e críticas à UFMS
Entre os manifestantes, havia também integrantes de coletivos externos à universidade. Tina Martins, ativista do Movimento Correnteza, criticou a demora da UFMS e apontou falhas na condução do caso: “Faz quase dez anos que o crime aconteceu. A condenação já saiu, está comprovado que ele cometeu o estupro, e a UFMS continua protelando. O professor está afastado, recebendo salário e benefícios, e só não teve promoção por causa da pressão popular. A universidade precisa ter coragem de fazer o certo”, afirmou.

Os estudantes ainda alegam que a instituição falhou ao não instaurar o PAD na época da denúncia, permitindo que o professor permanecesse em sala de aula por anos, inclusive tendo contato com outras alunas.

Posição oficial da UFMS
Procurada pelo Jornal O Estado, a UFMS informou, por meio de nota, que o servidor segue integralmente afastado desde a condenação e teve anulada sua promoção referente ao período 2023-2025.

Foto: Nilson Figueiredo

“O servidor afastado está impedido de obter a progressão referente ao período 2023-2025 e a UFMS imediatamente anulou a sua promoção. O servidor segue integralmente afastado, aguardando a conclusão do processo administrativo disciplinar”, disse a instituição.

A reitoria ainda não se manifestou sobre a possibilidade de demissão imediata e se comprometeu a divulgar o resultado do PAD assim que for concluído.

Entenda o caso
2016 – Crime de estupro ocorre dentro da UFMS, envolvendo o professor e uma aluna do Inbio.

2025 –Após nove anos, em 12 de março, o docente é condenado em primeira instância.

Março/2025 – UFMS instaura PAD para avaliar possível demissão.

Setembro/2025 – Prazo final para conclusão do processo administrativo.

Enquanto aguardam a decisão, os estudantes afirmam que não vão parar de protestar.Novos atos já estão sendo organizados para o início de setembro, caso a universidade não anuncie a demissão.

Por Suelen Morales

 

Confira as redes sociais do Estado Online no Facebook Instagram

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *