Em quase 40 anos, bioma Pantanal perdeu 73% de sua superfície alagada

Foto: SOS Pantanal
Foto: SOS Pantanal

MapBiomas indica mudança nos ciclos de inundação com reduções a cada década

O Pantanal registrou entre 1985 e 2024 uma redução de 73% em sua superfície de água em relação à média dos últimos 40 anos. Segundo a Coleção 10 de mapas anuais de cobertura e uso da terra do Brasil, divulgada nesta quarta-feira (13) pelo MapBiomas, o bioma foi o que mais secou no país no período.

Em 2024, a área alagada permaneceu abaixo da média histórica em todos os meses do ano, configurando a maior seca desde o início da série. Os ciclos de inundação estão cada vez menores e as secas mais intensas a cada década.

O levantamento revela que, em 1985, 24% do território pantaneiro estava coberto por água, e em 2024, esse índice caiu para 3%. No mesmo intervalo, o bioma perdeu 1,7 milhão de hectares de áreas naturais, o equivalente a 12% de sua vegetação nativa e corpos d’água, convertidas para uso antrópico.

A mudança na paisagem também é visível segundo os pesquisadores. O Pantanal ganhou mais áreas com vegetação herbácea e arbustiva, mas essa transição está longe de ser positiva. “O que houve foi a substituição da água por vegetação rasteira. O aumento dessa vegetação ocorreu em áreas que antes estavam permanentemente alagadas”, explica Eduardo Vélez, da equipe MapBiomas Pampa.

Monitoramento da água do Pantanal
Além do Pantanal estar secando, ele também está esquentando. Estudos climáticos divulgados pelo Instituto SOS Pantanal indicam que, até o final do século, o Pantanal poderá enfrentar um aumento médio de temperatura entre 5 e 7 °C e uma redução de até 30% nas chuvas que abastecem seus ecossistemas. Esse novo regime climático intensifica secas e favorece incêndios de grandes proporções, como os episódios que vêm se repetindo desde 2020.

Diante deste preocupante cenário, o projeto “Águas que falam” nasceu, unindo em parceria o SOS Pantanal, a Chalana Esperança, a SOS Mata Atlântica e com recursos da Everest purificadores de água. O projeto tem o objetivo de monitorar e avaliar a qualidade da água em comunidades vulneráveis na Bacia do Alto Paraguai, mapeando problemas relacionados, desenvolvendo estratégias de potabilização da água nas comunidades e envolvendo-as na governança hídrica do bioma.

Além disso, o Instituto também estruturou uma frente estratégica de atuação voltada à prevenção e ao combate aos incêndios. Com foco em soluções de impacto e escala, promovendo a formação de 29 brigadas comunitárias ao longo do território pantaneiro e seu entorno, apoiamos tecnicamente mais de 70 brigadas através do monitoramento de mais de 1,2 milhão de hectares e contribuímos para a criação de planejamentos territoriais de manejo do fogo na paisagem.

Redução nacional de áreas úmidas
O estudo também mostra que, no total, o Brasil perdeu 10 milhões de hectares de áreas úmidas entre 1985 e 2024, uma redução de cerca de 12% dessas formações naturais. Todos os biomas registraram perda de superfície de água, com exceção da Mata Atlântica, onde a criação de reservatórios e hidrelétricas expandiu as áreas alagadas, especialmente a partir dos anos 2000.

Por Geane Beserra

 

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