Conta de luz mais cara eleva inflação em julho, mas queda nos alimentos contém alta do índice

Foto: Nilson Figueiredo
Foto: Nilson Figueiredo

IPCA acumulado em 12 meses chega a 5,23%, acima do teto da meta; energia teve maior impacto individual

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O custo da energia elétrica foi o principal fator que fez a inflação oficial do país subir em julho. De acordo com dados divulgados nesta terça-feira (12) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) avançou 0,26% no mês, resultado acima do registrado em junho (0,24%). Apesar disso, o recuo no preço dos alimentos pelo segundo mês consecutivo evitou uma alta maior do indicador.

Nos últimos 12 meses, o IPCA acumula 5,23%, superando o teto da meta de 4,5% definida pelo CMN (Conselho Monetário Nacional). O índice está acima do limite desde setembro de 2024, quando chegou a 4,42%. O pico recente ocorreu em abril deste ano, com 5,53%.

A energia elétrica residencial subiu 3,04% em julho, representando o maior impacto individual do mês no índice: 0,12 ponto percentual. Esse aumento foi impulsionado pela bandeira tarifária vermelha patamar 1, que acrescenta R$ 4,46 a cada 100 kWh consumidos. A cobrança, em vigor desde junho, é usada para cobrir custos de usinas termelétricas acionadas em períodos de baixa nos reservatórios. Reajustes em contas de luz em cidades como São Paulo, Curitiba, Porto Alegre e Rio de Janeiro também influenciaram o resultado nacional.

De janeiro a julho, a energia acumula alta de 10,18%, o maior avanço para o período desde 2018, quando chegou a 13,78%. “É a maior variação para o período janeiro a julho desde 2018, quando o acumulado foi de 13,78%”, afirmou o gerente da pesquisa, Fernando Gonçalves. Segundo ele, “sem o efeito da conta de luz, o IPCA fecharia o mês em 0,15%”.

Por outro lado, o grupo alimentação e bebidas caiu 0,27% em julho, com destaque para batata-inglesa (-20,27%), cebola (-13,26%) e arroz (-2,89%). A redução nos preços dos alimentos no domicílio, que já havia sido registrada em junho (-0,18%), ajudou a frear a inflação. “Se os alimentos não tivessem ficado mais baratos na média, o IPCA de julho seria de 0,41% em vez de 0,26%”, explicou Gonçalves.

Entre os nove grupos de produtos e serviços pesquisados pelo IBGE, três apresentaram deflação: além de alimentos e bebidas, recuaram vestuário (-0,54%) e comunicação (-0,09%). No grupo transportes, houve alta de 0,35%, puxada pelas passagens aéreas, que subiram 19,92% devido à demanda do período de férias escolares. Os combustíveis, porém, registraram queda de 0,64%, sendo o quarto mês seguido de recuo.

O levantamento ainda apontou aumento de 0,76% nas despesas pessoais, pressionado pelo reajuste das loterias (11,17%), terceiro maior impacto individual do mês. No entanto, Gonçalves destacou que os dados de julho não refletem o “tarifaço” imposto pelos Estados Unidos a parte das exportações brasileiras, que começou a valer apenas em agosto. “Seria prematuro”, afirmou, acrescentando que, caso os produtos visados pela tarifa não encontrem outros mercados e permaneçam no Brasil, o excesso de oferta pode reduzir preços, especialmente de itens perecíveis.

O IPCA mede a variação de preços para famílias com renda de um a 40 salários mínimos, a partir de informações coletadas em 16 capitais e regiões metropolitanas do país.

*Com informações da Agência Brasil

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