Espaços da UFGD serão transformados com murais de grafite e lambe-lambe

O Projeto Galeria a Céu Aberto tem o compromisso de tornar os espaços acolhedores  - Foto: Raique Moura/Divulgação
O Projeto Galeria a Céu Aberto tem o compromisso de tornar os espaços acolhedores - Foto: Raique Moura/Divulgação

Projeto ‘Galeria a Céu Aberto’ faz parte das comemorações de 20 anos da instituição

A UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados) celebra 20 anos em 2025 e como parte das comemorações, artistas visuais estão transformando os espaços da instituição com grafites que dialogam com a cultura, o meio ambiente e as identidades locais. A ação integra o projeto ‘Galeria a Céu Aberto’, promovido pela PROEC (Pró-reitoria de Cultura e Extensão), e seguirá até setembro.

O projeto pretende levar murais artísticos — em grafite, lambi-lambi e outras técnicas — para as unidades da UFGD, aproximando a arte do cotidiano acadêmico e tornando os espaços mais inspiradores. As intervenções incluem cerca de 23 pinturas em locais como a caixa d’água da Unidade 1, os blocos A, B e D da Unidade 2, a quadra de esportes, a Moradia Estudantil e as fachadas de todas as faculdades.

Para o Jornal O Estado, o coordenador de cultura da UFGD, Gil de Medeiros Esper, explica que a ideia do projeto é integrar a arte urbana ao cotidiano da universidade, sem que essa arte ficasse separada do próprio meio ambiente. Para isso, a escolha dos artistas participantes foi essencial.

“Ao invés de direcionar os artistas com temas fechados, optamos por respeitar a linguagem e as motivações de cada um. A única recomendação era que considerassem que suas obras fariam parte de uma universidade pública e que tentassem criar algum tipo de diálogo com esse espaço — mas sempre de forma livre, a partir da sua estética e das suas inquietações”, disse. “Isso gerou um resultado muito potente e diverso. Em alguns casos, os próprios espaços inspiraram novas abordagens; em outros, o contato entre os artistas durante a execução das obras acabou provocando trocas e influências mútuas. A universidade virou, literalmente, um ateliê a céu aberto”, destacou.

Primeiros

Durante a primeira quinzena de agosto, os murais estão sendo produzidos principalmente na Unidade 2. Os artistas trabalham em horários variados, conforme a rotina de cada um e as condições climáticas, sem uma programação fixa. Quem circular pelo campus nesse período poderá acompanhar ao vivo o processo criativo e observar a transformação dos espaços em uma verdadeira galeria a céu aberto.

A curadoria do projeto foi conduzida pela Coordenadoria de Cultura (COC), com apoio voluntário do artista e produtor Raique Moura, referência estadual nas artes visuais. A escolha dos 18 artistas levou em consideração a diversidade de estilos, trajetórias e representatividade, além da viabilidade técnica e logística de execução. Por se tratar de um trabalho artístico singular e autoral, a contratação foi realizada por inexigibilidade de licitação, conforme o artigo 74, inciso III, da Lei nº 14.133/2021.

A seleção buscou valorizar a cena local, com artistas de Dourados como Maria Luiza, Parrésio, Damata, Lumar, Henrique, Lívia, Nathalia Escobar, Débora Koala e Jaciara Maschnner, e também promover intercâmbio com outros nomes do estado e do país, como Caio Green, Rafael Mareco, Léo Mareco e Alice Hellman, além dos convidados nacionais Auá Mendes (artista indígena), Deco Treco, Vandal, Wes Gama e Feijão.

“Essa curadoria foi construída com muito cuidado. A gente sabia que, para marcar os 20 anos da UFGD de forma significativa, era essencial valorizar tanto a produção local quanto trazer novas referências para o nosso campus. Por isso, buscamos um equilíbrio entre artistas de Dourados e nomes de outras regiões do Brasil. A diversidade de estilos, trajetórias e temas foi um critério central — queríamos que os muros da universidade refletissem a pluralidade da arte urbana hoje. Não nos interessava impor uma narrativa única, mas sim abrir espaço para múltiplas vozes”, explicou Esper.

Entre os destaques, está Vandal, de Goiânia, conhecido por suas obras vibrantes com referências ao cerrado e ao cotidiano; Parrésio, multiartista douradense que atua no hip-hop e no grafite desde 2013; Wes Gama, criador do estilo “Caipira Futurista”, que mistura reflexões sociais e ambientais em personagens marcantes; Damata, que integra sua formação em Gestão Ambiental ao muralismo para representar mulheres, povos originários e a biodiversidade brasileira; e Rafael Mareco, de Campo Grande, que atua no grafite desde 2009 e hoje se destaca também em ilustração, animação e modelagem 3D.

“Foram selecionados 18 artistas com base na qualidade do trabalho, no impacto visual das obras anteriores, no potencial de diálogo com o espaço universitário e, claro, considerando o orçamento disponível, buscamos propostas que trouxessem a melhor relação entre custo e qualidade artística”, enfatizou o coordenador.

Arte a vista

O Projeto Galeria a Céu Aberto reafirma o compromisso da UFGD em tornar seus espaços mais acolhedores e inspiradores, ao mesmo tempo em que fortalece a cena artística regional e promove um diálogo cultural com artistas de todo o país. Ainda conforme Esper, o impacto já é visto até mesmo no relacionamento entre artistas e acadêmicos.

“O retorno tem sido muito bonito. Estudantes trazem café ou bombons para os artistas, param para conversar, tiram foto, filmam… Tem gente aproveitando os murais como cenário para vídeos, ensaios fotográficos, até para estudar num lugar mais inspirador. Rolou um movimento de redescoberta dos espaços da própria universidade. A arte está espalhada por diferentes pontos, criando um percurso visual por dentro da UFGD. É como se cada mural criasse uma nova porta de entrada para o campus — e o mais legal é ver a comunidade se apropriando disso com tanto afeto”, finalizou.

 

Por Carolina Rampi

 

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