Biólogo Diego Viana destaca que situação em Corumbá já está sendo acompanhada por órgãos federais
Moradores da Serra do Amolar, no Pantanal, irão à Brasília para se reunirem com a ministra do Meio Ambiental e Mudanças do Clima, Marina Silva. O encontro, que acontecerá na quinta-feira (24), abordará diversos temas, como os problemas gerados pelas queimadas de 2024, a necessidade de apoio para as brigadas comunitárias, o desenvolvimento e defesa dos territórios tradicionais, bem como a mudanças no comportamento das onças, que passaram a ser cada vez mais avistadas nas áreas urbanas de Corumbá e Ladário.
De acordo com a Ecoa, organização que está dando suporte para que reunião entre as lideranças comunitárias e a ministra aconteça, essa mobilização e viagem até Brasília, denominada de “Missão Pantanal” – dado a distância enfrentada pelos moradores para chegarem à até Corumbá e, depois, até à Capital Federal, é de fundamental importância para manter o diálogo aberto com o governo, sendo uma forma de conscientizar as autoridades sobre como as decisões tomadas em Brasília podem afetar as necessidades da população que habita essa região tão importante do Pantanal sul-mato-grossense.
De acordo com o biólogo Diego Viana, que faz parte da equipe multi-institucional que está acompanhando de perto os casos de avistamento de onças nessas cidades, a mudança de comportamento desses animais é, de fato, um tópico relevante para ser debatido em Brasília, dada a importância de unir forças para que a coexistência entre pessoas e animais selvagens seja algo seguro e não prejudique nenhuma das partes envolvidas.
Segundo o especialista, este diálogo servirá como um alerta para que o governo federal garanta que órgãos federais ligados ao Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, como o IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) e o ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade) disponham de equipes e estrutura para que as demandas de conservação da fauna sejam atendidas, já que essas entidades estão atuando juntamente com as forças locais nos casos de avistamento de onças.
“Levar esse tema até Brasília reforça a necessidade de fortalecimento das ações de campo e a urgência de garantir que esses órgãos federais tenham estrutura adequada para atender às diversas demandas relacionadas à conservação da fauna e à segurança das comunidades. Este é um desafio concreto que permeia a convivência entre sociedade e biodiversidade nos territórios onde a presença da fauna é histórica e contínua. Portanto, esse diálogo é essencial para garantir que a resposta institucional esteja à altura da complexidade da situação”, afirma Diego.
Por estar inseridos no meio de um grande bioma como o Pantanal, moradores das duas cidades já registraram o aparecimento de onças e outros animais selvagens anteriormente, já que isso é algo natural de se acontecer, especialmente quando o Rio Paraguai passa por cheias, ocasião em que especialmente os grandes felinos buscam por locais mais altos, como é o caso de alguns bairros de Corumbá. No entanto, o biólogo afirma que, atualmente, outros fatores estão influenciando nesta nova onda de avistamentos, o que requer atenção e ações concretas voltadas para a conscientização ambiental e preservação dos ecossistemas.
“Os incêndios recorrentes no Pantanal, especialmente nos últimos anos, tendem a impactar diretamente a disponibilidade de alimentos e a integridade do habitat das onças. Esses efeitos cumulativos, somados a uma maior presença de presas domésticas, como cães, galinhas e bezerros, nas áreas periféricas da cidade, podem aumentar a probabilidade de esses felinos se aproximarem do ambiente urbano em busca de alimento”, explica.
“Isso reforça a importância de políticas públicas que integrem conservação, prevenção de conflitos e fortalecimento das instituições responsáveis por essa agenda”, afirmou, reforçando a importância de se levar o debate até Brasília.
Além de se reunirem com Marina Silva, o grupo, formado por 12 pessoas – entre eles representantes indígenas, ribeirinhos, brigadistas, pescadores e artesãos, que fazem parte das comunidades tradicionais de Corumbá, ainda tem agenda marcada no Ministério da Pesca e Aquicultura, bem como participará de uma reunião da Comissão de Meio Ambiente da Câmara dos Deputados.
Por Ana Clara Santos
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