Evento em Campo Grande reúne médicos para curso prático de videolaparoscopia com tecnologia inédita

ENTREVISTA DR MARCIO EDUARDO - ROBERTA MARTINS (3)

Curso aborda técnica usada há mais de três décadas e ainda ausente em parte dos hospitais públicos do Estado

 

Com foco na atualização técnica e no uso de tecnologias aplicadas à cirurgia minimamente invasiva, médicos de diferentes cidades de Mato Grosso do Sul participam, nesta sexta (18) e sábado (19), de um curso prático em Campo Grande voltado à videolaparoscopia. A formação reúne especialistas em três locais da cidade e combina teoria, simulações em realidade virtual e procedimentos cirúrgicos realizados ao vivo em hospital da rede pública.

Torre de videolaparoscopia – Foto: Arquivo Pessoal

O evento, chamado Masterclass Experience – Imersão em Videolaparoscopia | Edição Premium, foi idealizado pelo cirurgião geral Dr. Márcio Eduardo de Souza Pereira. A proposta é capacitar um grupo reduzido de médicos — seis profissionais e uma residente — com aulas práticas, simulações em realidade virtual, debates sobre gestão de carreira médica e cirurgias transmitidas ao vivo no SUS, com uso de equipamentos de ponta.

“Corumbá, nossa terceira maior cidade do Estado, não tem dentro da Santa Casa deles um aparelho de vídeo até hoje”, aponta o médico. “Os profissionais de uma cidade tão grande quanto aquela ainda não têm o privilégio de ter um serviço de videolaparoscopia. Isso me assustou”.

Segundo ele, o equipamento usado nas cirurgias do curso veio de São Paulo, tem imagem 4K e será deixado por uma semana no Hospital São Julião para atender pacientes da rede pública. “Chegou hoje inclusive, vou montar e testar amanhã. Vamos colocar no hospital e deixar ele por um período de uma semana lá para os outros procedimentos do SUS também”, afirma.

 

Técnica cirúrgica que mudou a medicina

A videolaparoscopia, também conhecida como cirurgia por vídeo ou minimamente invasiva, se consolidou na medicina moderna a partir de 1986, quando os primeiros procedimentos bem-sucedidos com uso de câmera foram registrados na Europa. No Brasil, passou a ser adotada nos grandes centros nos anos 1990. Em Campo Grande, segundo o Dr. Márcio, as primeiras cirurgias do tipo aconteceram entre 1993 e 1994.

“O que o pessoal antigamente chamava de cirurgia a laser é o que hoje chamamos de videolaparoscopia. Isso existe desde 1986, e em Campo Grande começou por volta de 1993, 1994. Hoje é chamado mais de cirurgia minimamente invasiva, aquele procedimento dos furinhos”, explica.

Entre os procedimentos mais comuns realizados com videolaparoscopia estão a colecistectomia (retirada da vesícula biliar), hérnias inguinais e hérnias ventrais. Esses serão inclusive os tipos de cirurgias realizadas durante o evento no sábado. 

 

Curso integra conhecimento técnico, gestão e atendimento humanizado

A Masterclass ocorre em três locais da capital: The Place, onde os participantes iniciam as atividades na sexta pela manhã; Senac Hub Academy, que recebe a parte da tarde com simulações em óculos 3D e manipulação de materiais; e Hospital São Julião, onde as cirurgias acontecem no sábado pela manhã.

O evento vai além da técnica. “Todos os artigos, todas as revistas científicas provam o seguinte: se você está bem na gestão da sua vida, no seu planejamento de carreira, você vai atender melhor as pessoas. Você não precisa correr, não precisa ter pressa. E isso faz com que você melhore a saúde geral da população”.

Painéis como “Sem torre, sem show” abordam o funcionamento da torre de vídeo. “Se o médico não entender como funciona a tecnologia da torre, ele não consegue operar bem. Vai ter que aprender a montar. Porque se não souber, não tem cirurgia, não tem como trabalhar”, explica.

Outro destaque é o “Nutrilap Debate”, conduzido por uma nutricionista da equipe. “Ela vai ensinar o médico a reconhecer risco nutricional, preparar melhor o paciente para evitar a complicação no pós-operatório. Isso faz muita diferença”, explica o médico, que destaca ainda a abordagem empática. “Começa com o atendimento ao paciente. O curso já começa às sete da manhã da sexta com isso. Como atender o paciente de maneira empática, inclusive. Isso faz parte”.

Há ainda a roda de conversa “Indução, insuflação e inspiração”, que reúne cirurgiões e anestesistas. “Na videolaparoscopia, a gente faz uma insuflação da barriga para operar. Isso atrapalha o anestesista, que tem que mudar a capacidade dele de fazer a respiração do paciente. Então os dois precisam coordenar bem”.

 

Cirurgias ao vivo no SUS encerram programação

No sábado, a partir das 7h da manhã, o grupo acompanha seis cirurgias videolaparoscópicas realizadas em pacientes da rede pública, no Hospital São Julião. Os procedimentos fazem parte da programação prática e servem também para ampliar o atendimento à população via SUS.

Além do Dr. Márcio, o curso conta com profissionais de diversas áreas, como cirurgiões, nutricionista, anestesista, enfermeiras, fisioterapeutas e um gestor financeiro que deve ensinar planejamento de carreira.

Os planos vão além da Capital, segundo o médico já existe negociação para levar a mesma proposta para Corumbá. 

 

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