Plano divulgado por operador do sistema nacional aponta risco crescente de sobrecarga nos horários de pico sem novos leilões de potência
O sistema elétrico brasileiro pode não conseguir atender à demanda nos horários de pico nos próximos anos, principalmente no fim do dia, caso não sejam realizados novos leilões para contratar fornecimento extra de energia. A conclusão está no Plano da Operação Energética 2025, divulgado nesta terça-feira (8) pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico, órgão responsável por coordenar a geração e transmissão de energia no país.
De acordo com o documento, o aumento da participação de fontes intermitentes, como solar e eólica, trouxe novos desafios ao setor. Essas fontes são fundamentais para ampliar o uso de energia limpa, mas produzem menos justamente no período em que o consumo dispara: entre o fim da tarde e o início da noite. Sem energia armazenada ou geração firme suficiente para compensar essa queda, o risco de sobrecarga cresce.
Mesmo com a previsão de expansão da capacidade instalada, com acréscimo de 36 gigawatts até 2029, o estudo aponta que esse avanço não é suficiente para garantir o equilíbrio entre oferta e demanda nos horários mais críticos. A situação pode exigir, por exemplo, o aumento do uso de usinas térmicas e medidas emergenciais, como a volta do horário de verão, suspenso desde 2019, para reduzir o consumo nas horas de maior pressão sobre o sistema.
O operador alerta que o modelo atual depende cada vez mais da flexibilidade de fontes capazes de responder rapidamente às oscilações no consumo, como hidrelétricas e termelétricas de resposta rápida. Por outro lado, descarta o uso de térmicas inflexíveis ou de acionamento lento, consideradas inadequadas para lidar com as variações que ocorrem ao longo do dia.
Um leilão específico para contratar potência extra, previsto para agosto de 2023 e depois remarcado para junho deste ano, acabou cancelado após o governo revogar as regras do certame. Sem essa contratação, o risco de falhas no fornecimento tende a se acentuar já a partir de outubro deste ano, segundo o documento. O operador também alerta que, entre 2026 e 2029, a probabilidade de o sistema não dar conta da demanda no horário de pico será recorrente, se mantido o atual cenário.
Outro ponto de preocupação está na entrada de novas cargas pesadas, como datacenters e projetos de produção de hidrogênio verde, que exigem fornecimento constante e com pouca margem para adaptação. Esses empreendimentos, somados ao crescimento do consumo residencial e comercial, podem pressionar ainda mais o sistema nos próximos anos.
*Com informações da Agência Brasil
Confira as redes sociais do O Estado Online no Facebook e Instagram