Com mais de 4.500 corredores e cerca de 10 mil pessoas circulando pela “Cidade da Maratona”, evento se consolida como o maior do gênero em Mato Grosso do Sul
Depois de meses de expectativa, a Maratona de Campo Grande chegou à sua quarta edição neste domingo (6), superando todos os recordes anteriores de público e desempenho. Com largada e chegada na “Cidade da Maratona”, instalada nos altos da Avenida Afonso Pena, o evento reuniu milhares de atletas e entusiastas do esporte durante os três dias de programação.
Neste ano, a competição ganhou novos percursos de 5 km e 10 km, além das tradicionais provas de 21 km (meia maratona) e 42 km (maratona). Ao todo, foram 4.552 inscritos, um crescimento de mais de 40% em relação ao ano passado. Para garantir melhores condições climáticas aos corredores, a largada foi antecipada: às 5h para os percursos longos e às 6h para os demais.
A principal conquista do dia foi a quebra do recorde da maratona masculina. O campeão dos Jogos Pan-Americanos de 2007 e vencedor da São Silvestre 2006, Franck Caldeira, de 42 anos, concluiu os 42 km em 2h25min38s, estabelecendo a nova melhor marca da prova. Por isso, além da premiação principal, recebeu um bônus de 50% no valor do primeiro lugar, que era de R$ 3.500.

Franck Caldeira, vencedor dos 42 km masculino – Foto: divulgação
“É uma nova página que eu reinicio depois de tantos ciclos e é uma prova que tem uma importância muito grande para a minha carreira como atleta. Eu almejei muito, me preparei bastante, respeito todos os adversários, mas hoje não poderia deixar de fazer o que eu sei fazer de melhor: vencer as dificuldades, os medos, os desafios e cruzar em primeiro lugar”, declarou Franck, que atualmente mora em Bonito, no interior do Estado.
Entre as mulheres, a campeã foi Silvania Lopes Gimenes, de Ivinhema, que já havia vencido em 2023 e agora se tornou bicampeã com o tempo de 3h32min24s. Auxiliar de limpeza, Silvania celebrou a vitória com emoção: “Graças a Deus mais uma prova vencida, com muita garra e muita força. E pra cada um que queira participar da corrida, eu digo: esse é um esporte que salva vidas”.

Silvania Lipes Gimenes, vencedora dos 42 km feminino, acompanhada por um amigo de Ivinhema – Foto: divulgação
Resultados da maratona 42 km
Categoria masculina
1º – Franck Caldeira (2:25:38)
2º – Marcos Antônio (2:37:18)
3º – Everton Policarpi (2:40:07)
4º – Marcelo Henrique Rocha (2:41:33)
5º – Ricardo Gomes de Oliveira (2:50:52)

Pódio 42 km categoria masculina – Foto: divulgação
Categoria feminina
1º – Silvania Lopes Gimenes (3:32:24)
2º – Rita de Cacia Boeno (3:39:24)
3º – Rosilene Bizerra (3:46:19)
4º – Greicielly Duarte (3:46:19)
5º – Lílian Dornelas (3:47:00)

Pódio 42 km categoria feminina – Foto: divulgação
Nas demais distâncias, a competição também revelou talentos e histórias inspiradoras. No percurso de 5 km, o jovem Elias Gonçalves da Silva, de 17 anos, foi o mais rápido entre os homens, com 16min18s. Entre as mulheres, Marcia da Silva, de 35 anos, venceu com 21min14s.
Nos 10 km, o destaque foi Alan Ferreira Araújo da Silva, de 23 anos, com o tempo de 34min26s. No feminino, Évelin Eich Ribeiro completou o trajeto em 40min18s.
Na meia maratona (21 km), os vencedores foram Maicon Dieferson Gomes (1h16min49s) e Gisele Bittencourt (1h26min36s).
A organização mobilizou mais de 400 staffs e contou com apoio da Agetran, Polícia Militar, Detran-MS, Guarda Municipal, Corpo de Bombeiros e da Qualisalva. As alterações no trânsito começaram às 4h e as vias foram liberadas por volta das 11h. Não houve intercorrências graves, e os cerca de 30 atendimentos médicos foram casos leves, como desidratação e cãibras.
O último participante oficial completou a prova em 5h56min10s, demonstrando o nível de resistência exigido pelo percurso, que passou por pontos como a Avenida Afonso Pena, Ernesto Geisel, Ricardo Brandão, Fernando Corrêa da Costa, Parque dos Poderes e ruas centrais da cidade.
Homenagens e emoção
A edição também foi marcada por uma emocionante homenagem à corredora Danielle Oliveira, que faleceu em fevereiro após ser atropelada enquanto treinava. A frase “Sê valente”, que ela usava como lema, foi estampada em uma faixa de 16 metros, estendida no momento das largadas com apoio da Energisa. Os troféus dos 42 km também levaram seu nome e foram entregues por sua filha, Giullia, de 18 anos.

Troféu Danielle Oliveira – Foto: divulgação
A amiga Rebeca Anderson Costa, que correu sua terceira maratona em homenagem a Danielle, resumiu: “Foi como correr com ela ao meu lado o tempo todo”.
Segundo a organizadora Kassilene Cardadeiro, a Maratona de Campo Grande já se tornou mais do que uma prova: “A gente sai daqui com o coração cheio, com o dever cumprido e mais do que isso, porque além de tudo ter sido muito bem executado na parte técnica, o feedback dos atletas foi surreal, várias histórias de transformação de vida. A maratona é uma jornada e ela transforma vidas”.

Rafael Ovando – Foto: Juliana Aguiar
O profissional de educação física, Rafael Ovando, participou da 4ª Maratona de Campo Grande com mais de 30 alunos e destacou a importância da prova para o cenário esportivo local. Segundo ele, a maratona é a principal corrida da cidade, com percurso desafiador e clima quente, que exige preparo físico e mental dos participantes.
Ovando ressaltou que a prova passa por pontos turísticos e movimenta o calendário esportivo da Capital, servindo como motivação para os corredores amadores. Ele recomenda que quem deseja participar comece a treinar com antecedência e busque orientação profissional.
“O segredo é paciência e preparação. Quem corre aqui está pronto para correr em qualquer lugar do Brasil”, afirmou. O professor já planeja aumentar o número de participantes no próximo ano.

Priscila Oliveira – Foto: Juliana Aguiar
A fisioterapeuta especialista em terapia manual, Priscila Oliveira, participou do evento dando suporte a seus pacientes no pós-corrida a seus pacientes e explicou sobre o papel da fisioterapia na prática de esportes.
“A fisioterapia com foco em terapia manual é fundamental para a evolução do atleta. Desde a preparação para os treinos até a recuperação após as provas, o acompanhamento com um fisioterapeuta faz toda a diferença no desempenho e na prevenção de lesões. Com o tratamento regular, há uma melhora significativa no rendimento, sendo possível aumentar gradativamente o nível de dificuldade nos treinos sem comprometer a integridade física, permitindo ao atleta chegar nas competições mais confiante, com o corpo preparado para dar o melhor. O atendimento no pós-prova também é essencial, porque, depois de cruzar a linha de chegada, o corpo está em um estado de tensão extrema, muitas vezes com câimbras e dores musculares. Nesse momento, as técnicas manuais e instrumentais, como pistola de massagem, ventosaterapia e dry needling, ajudam a aliviar os pontos de tensão e a acelerar a recuperação. Ter esse cuidado fisioterapêutico não é luxo, é estratégia. Faz parte do processo de quem leva o esporte a sério e quer longevidade e qualidade no desempenho.”
A Maratona de Campo Grande distribuiu R$ 25 mil em prêmios para os cinco primeiros colocados de cada categoria nos 42 km, com bônus extra para o novo recordista e encerra a edição de 2025 como o maior evento esportivo da cidade, unindo alto rendimento, inclusão, emoção e um recado claro: correr transforma.
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