Abordagem policial contra idosa chinesa em SP gera revolta

Foto: reprodução/TV Globo
Foto: reprodução/TV Globo

Imagens que circulam nas redes sociais nesta semana mostram uma abordagem violenta da Polícia Militar  de São Paulo contra a imigrante chinesa Zho Xiao Wei, de 69 anos, conhecida como “Nainai” — que significa “vovó”, em mandarim. O caso aconteceu na última sexta-feira (20), na Rua Florêncio de Abreu, no bairro da Luz, região central de São Paulo.

Nos vídeos, quatro policiais militares se aproximam da idosa e tentam apreender o carrinho com legumes que ela usava para vender na rua. Ela resiste, segura o carrinho e se deita no chão, chegando a chutar um dos policiais. Em meio à confusão, um dos agentes tenta tirar um objeto das mãos de Nainai, enquanto ela grita e protesta contra a ação.

Em determinado momento, um PM afirma: “Está no Brasil e tem que seguir as leis do país.” A idosa arremessa o carrinho em direção ao policial, que reage chutando o objeto com força. Em seguida, os policiais levam o carrinho embora, deixando a senhora no chão.

Em entrevista à TV Globo, Nainai contou que vive no Brasil há mais de 10 anos, tem dificuldade para falar português e reagiu com medo de perder os produtos que vendia para sobreviver.

Comerciantes da região relataram que esse tipo de ação policial é comum com vendedores ambulantes. Um deles, que preferiu não se identificar, disse que “brasileiro, angolano e chinês são os que mais sofrem na rua vendendo”.

De acordo com testemunhas, Nainai tem familiares que mantêm comércio no Brasil, mas ela mesma costuma vender nas feiras da região, incluindo a Rua Florêncio de Abreu, onde ocorreu a abordagem.

A Secretaria da Segurança Pública (SSP) afirmou que a abordagem dos policiais “não condiz com os protocolos da instituição” e que as imagens estão sendo analisadas. A conduta dos agentes pode resultar em abertura de processo disciplinar.

Caso semelhante com ambulante senegalês

O episódio reacendeu a discussão sobre violência contra vendedores ambulantes, especialmente imigrantes, em São Paulo. Em abril deste ano, o senegalês Ngange Mbaye morreu baleado durante uma abordagem policial na Rua Joaquim Nabuco, no Brás, também no centro da capital.

Na época, a PM alegou que ele havia atacado um agente com uma barra de ferro. No entanto, imagens de câmeras de segurança obtidas pelo g1 mostram que Ngange havia acabado de sair de um restaurante e não estava vendendo mercadorias no momento da abordagem.

Segundo as gravações, ele vai em direção à calçada onde havia deixado seus produtos guardados, sem nada exposto à venda. A Secretaria da Segurança Pública informou que o caso está sendo investigado pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), e que também há um inquérito policial militar sob sigilo.

Os dois casos têm gerado indignação nas redes sociais e entre defensores dos direitos humanos, que cobram respeito, dignidade e igualdade no tratamento de imigrantes e trabalhadores informais. O assunto também motivou manifestações de movimentos sociais e deve ser tema de debates na Assembleia Legislativa de São Paulo.

 

Com informações do G1/TV Globo

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