Clube de leitura propõe conversa aberta e sem formalidades sobre poesia neste sábado

Turma do ‘Clube de Leitura Pássaro-Poesia’ posa para foto com o escritor Henrique Pimenta - Foto: Henrique Pimenta/Divulgação
Turma do ‘Clube de Leitura Pássaro-Poesia’ posa para foto com o escritor Henrique Pimenta - Foto: Henrique Pimenta/Divulgação

Encontro será realizado na Hámor Livraria e contará com leitura e análise de obra, de forma gratuita

 

Neste sábado (28), a Hámor Livraria sedia mais um encontro do ‘Clube de Leitura Pássaro-Poesia’, com análise da obra ‘Sal de Fruta’, da poetisa e tradutora carioca Bruna Beber, e ainda um bate-papo descontraído, de forma gratuita e sem a necessidade de uma leitura integral e prévia da obra para participar.

O escritor Henrique Pimenta e a jornalista Camila Mortari criaram no início de 2025 um clube de leitura devotado a quem ama a poesia. A ideia básica, sem academicismos, é proporcionar um espaço e um tempo para que amantes do texto poético possam ler e bater um papo sobre as suas impressões de leitura.

Houve, até agora, três encontros, com conversas acerca de Manoel de Barros (Livro sobre nada), Hilda Hilst (Júbilo, memória, noviciado da paixão) e Diana Pilatti (Palavras diáfanas). “O que se pretende com o nosso clube de leitura, exclusivo para a poesia, é proporcionar o gosto por esse gênero textual nas leitoras e nos leitores iniciantes e aguçá-lo em quem já tem experiência no gênero. Outra pretensão da curadoria é divulgar as obras tanto de poetas com seus nomes já inscritos no cânone quanto de poetas em ascensão, digamos assim”, afirma Pimenta.

A jornalista Camila Mortari, idealizadora do clube, explica. “Eu sempre fui e continuo sendo uma leitora voraz de poesia e, portanto, nada mais natural do que promover a reunião com outras leitoras e outros leitores, a fim de compartilhar as nossas experiências, as nossas sensações, sobre os livros que lemos. Existe, eu sei, uma mística de que escrever e de que ler poesia seja um ato solitário; bem, pode até ser, mas a gente pode também chamar a galera que lê os mesmos livros e bater um papo, tomando um café, descompromissadamente”.

Conforme Pimenta, a escolha das obras para o clube é feita, primeiramente, pelo critério da qualidade textual, seja em sua tradução ou na contemporaneidade, porém é tudo feito de forma espontânea, até mesmo com sugestões dos participantes. “Como nós dois lemos muita poesia de todas as épocas, não achamos difícil escolher os títulos. E, também, escutamos as sugestões dos participantes e as analisamos. Trata-se, portanto, de um compartilhamento de prazeres de leitura de poesia. Nada é muito cristalizado. Deixamos fluir, desde que sejam autoras e autores, assim como suas obras, merecedores esteticamente de nossa leitura”.

Café e boa prosa

A poesia pode ser, para alguns, uma leitura mais complicada, que exige conhecimento prévio. Mas, essa é a noção que o ‘Clube de Leitura Pássaro-Poesia’ quer quebrar, aliando o espaço acolhedor de uma cafeteria com uma leitura leve. Para Pimenta, o acolhimento “é uma senha para quem gosta de poesia”, seja para quem lê ou para quem escreve.

“O diálogo sobre o fenômeno poético pertence ao nosso cotidiano. Penso na cantiga de ninar, no trava-língua, na quadrinha, nos cantadores nordestinos, nos improvisos ‘freestyle’, nas batalhas de rimas, ‘slam poetry’, nas músicas com letras que escutamos o dia inteiro”, opina. “No final das contas, tudo é poesia. No final das contas, tudo é democracia. Agora, quem escreve para se fazer de difícil e de inacessível, via, detesta poesia. Não é o nosso caso. Nós somos, por fim, humanos. Humanidade na veia e na alma. Humanidade é ou não é sinônimo de poesia?”.

Henrique Pimenta destaca que a diversidade de vozes é justamente o que dá força e identidade ao Clube de Leitura Pássaro-Poesia. “É na diversidade que a gente se une. A poesia tem um poder incontrolável sobre nossas emoções e sobre o que entendemos por língua. O ritmo do que falamos, do que cantamos, do que silenciamos, no meu entender, é a base do texto poético. Muitas vozes e muitas pausas e muitos silêncios. Essa estrutura é, também, o ritmo do Clube de Leitura Pássaro-Poesia. Pássaro-Poesia é uma espécie de coral”, define o escritor.

Pimenta e Mortari ainda avisam que não existe obrigatoriedade na leitura completa do livro escolhido, que todas as pessoas com gosto de ler poesia são convidadas a entrar no clube e conhecer o seu sistema, algo como “uma anarquia bastante organizada”, coisa de “profissionais do amadorismo”.

Para ele, o espaço do clube acolhe tanto leitores experientes quanto aqueles que ainda estão dando os primeiros passos na linguagem poética. “A família da poesia é composta, sim, pela diversidade. Até mesmo quem não domina o abecê na escrita é capaz de absorver poesia e até de produzir poesia: lembrando que a base de nossa literatura ocidental se concentra em boa parte em textos poéticos falados, ou cantados”, afirma.

Henrique cita ainda momentos marcantes vividos durante os encontros, como a participação da poetisa Raquel Naveira. “No encontro acerca da Hilda Hilst, ela não se conteve e falou um bocado do ‘incômodo’ com a poética da Hilda; resultado: algumas semanas depois, escreveu uma crônica e um poema acerca dessa ‘catarse’”, conta. Segundo ele, o espaço é aberto para todo tipo de reação. “Há participantes que colocam experiências íntimas à mostra. E há participantes do grupo que apenas sorriem. E há participantes do grupo que apenas lacrimejam. A participação é livre. A poesia é livre”, resume.

Serviço: O encontro do ‘Clube de Leitura Pássaro-Poesia’ será realizado neste sábado (28), às 10h, na Amor Livraria, na rua Amazona, 1080, com a leitura do livro ‘Sal de Fruta’, de Bruna Beber.

 

Por Carolina Rampi

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