Haddad: entre China e Estados Unidos, Brasil quer relações comerciais com os dois

Foto: Reprodução/TV UOL
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Em entrevista, ministro Fernando Haddad reforçou que determinação do presidente Lula é a busca por multilateralismo. Titular da Fazenda também disse que Brasil vai crescer 2,5% em 2025 

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, apontou, em entrevista na manhã desta segunda-feira (12/5), que o Brasil não pensa em escolher ou privilegiar relações econômicas e políticas com a China ou Estados Unidos, e sim buscar relações sólidas e cada vez mais amplas com ambos os parceiros.

“O presidente Lula é um democrata. Ele jogou fair play a vida inteira. Tem portas abertas em todo o mundo. Ele acredita no multilateralismo, mesmo. Ele não está fazendo tipo. Ele pensa que o Brasil, até por sua dimensão e peso específico, nem pode pensar em outra política que não seja multilateral”, disse Haddad. “O presidente Lula não vai fazer essa escolha {entre Estados Unidos e China]”.

O ministro da Fazenda argumentou que o Brasil não pode nem pretende prescindir de boas relações com os Estados Unidos, mesmo em cenário atribulado por conta da política tarifária “errática” adotada pelo presidente Donald Trump, e ainda que a China seja o maior parceiro comercial do País. Segundo Haddad, os Estados Unidos continuam na dianteira da alta tecnologia, e o Vale do Silício é prova disso, embora a China, segundo ele, esteja fazendo um bom trabalho ao perseguir a mesma dianteira na fronteira tecnológica. “Essas duas parcerias são fundamentais para o Brasil se desenvolver”.

PIB brasileiro em alta

Haddad disse também que o Brasil deve registrar expansão do Produto Interno Bruto (PIB) de 2,5% em 2025. Ele ressaltou, ainda, que a taxa média de crescimento, entre 2023 e 2026 — os quatro anos do atual governo —, ficará no patamar de 3%. “O Brasil está crescendo mais, de forma mais justa, com mais oportunidades”, avaliou Haddad, ao participar de entrevista ao Canal UOL, em São Paulo. Ele apresentou amplo balanço dos resultados obtidos desde o início de governo, além de perspectivas e análises sobre os cenários interno e externo.

“Este ano, mesmo com juros altos, vamos crescer alguma coisa em torno de 2,5%”, previu o ministro, reforçando que a economia brasileira tem plenas condições de crescer de forma equilibrada, a uma taxa próxima da média mundial. “Não vejo razão para o Brasil crescer menos”, completou.

O ministro reforçou que o crescimento brasileiro ocorre porque atualmente há “um plano de crescimento sustentável endereçado para o país”, capaz de impulsionar o desenvolvimento mesmo diante das turbulências internacionais e de desafios internos, como a elevada taxa de juros básicos e problemas herdados de gestões anteriores (como a Tese do Século, derrota do governo Temer que custou R$ 1 trilhão ao governo, e aumento de precatórios, subproduto da reforma trabalhista). Haddad destacou a relevância do Arcabouço Fiscal nesse processo de recuperação sustentável da economia nacional.

“Estamos no melhor momento de distribuição de renda, na melhor taxa de desemprego, no maior incremento de renda da nossa história recente. E quero preservar isso”, afirmou o ministro da Fazenda. Além de destacar as conquistas já obtidas, como a Reforma Tributária, esperada por cerca de 40 anos, Haddad ressaltou a importância de haver novos avanços na pavimentação da trilha do desenvolvimento sustentável, ao citar diversos projetos já encaminhados ao Congresso Nacional.

Oportunidades

“Temos uma janela de oportunidade, ainda no primeiro semestre, para aprovar questões importantes que vão ajudar no ambiente de negócio”, afirmou, destacando que a reforma do Imposto de Renda é proposta que conta com elevada aprovação popular e que tem condições “de ser aprovada em 15 dias”. Conforme explicou o ministro da Fazenda, a reforma do Imposto de Renda assegura isenção a 15 milhões de brasileiros, compensada a partir da tributação d e141 mil super-ricos.

Haddad citou também os efeitos positivos dos avanços no mecanismo de concessão de crédito consignado aos trabalhadores do setor privado com carteira assinada. “Tem muita gente no agiota, tomando crédito a 5%, 6%, 7% ao mês”, ressaltou.

Questionado sobre o comportamento recente da inflação, o ministro da Fazenda disse que a questão está sendo enfrentada e ajustada. “Do meu ponto de vista, se você cumprir as metas fiscais e o Banco Central fizer o seu papel, vamos acomodar isso”, comentou.

Mundo

Sobre as atuais turbulências externas, Haddad focou especialmente na elevação de tarifas adotada pelos Estados Unidos. Ele lembrou que a América Latina registra déficit nas relações comerciais com os norte-americanos e que, portanto, a alta das tarifas deve ser renegociada.

O ministro da Fazenda disse que a questão foi abordada em recente conversa com o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, e que o norte-americano propôs o diálogo. “Ele próprio reconheceu e disse: olha nós vamos negociar, vamos sentar à mesa para negociar ”, relatou Haddad.

Haddad reforçou, ainda, que a viagem aos Estados Unidos, realizada no início de maio, permitiu aprofundar tratativas relacionadas ao setor de tecnologia, data centers e inteligência artificial no Brasil, com foco no Plano Nacional de Data Centers . “O Brasil tem energia limpa e barata, tem um cabeamento superior aos seus vizinhos. O país tem tudo para processar aqui os seus dados, inclusive por razão de segurança”, explicou. Além disso, a estratégia ajudará também a reduzir o déficit externo decorrente do pagamento de serviços que atualmente estão sendo feitos fora do País.

Assista à entrevista do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ao UOL Entrevista.

Com informações da Agência Gov.

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