Erro em carta revela identidade de operador do PCC e leva à prisão em Ponta Porã

Foto: divulgação
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Um detalhe aparentemente irrelevante levou à prisão de um dos principais operadores do Primeiro Comando da Capital (PCC) no domingo (11), em Ponta Porã, a 346 km de Campo Grande. Conhecido como Everton de Brito Nemésio, ou “Delinho”, o criminoso foi identificado após assinar uma carta enviada à esposa de um dos chefes da facção, revelando involuntariamente seu nome verdadeiro.

Segundo a Polícia Civil, Delinho atuava como mensageiro entre líderes do PCC presos e os chamados “sintonias” em liberdade, responsáveis por manter a organização criminosa ativa fora dos presídios. Ele usava tecnologia sofisticada para escapar da vigilância, como cartões de memória ativados no exterior e identidades falsas. No entanto, foi traído por uma carta física — um recurso antigo, mas ainda utilizado por criminosos para tentar burlar sistemas de interceptação digital.

A carta foi interceptada pela Delegacia de Investigações Sobre Entorpecentes (Dise) de Mogi das Cruzes (SP) e revelava uma tentativa de aproximação religiosa, supostamente inofensiva, mas que serviu como prova decisiva. Nela, Delinho escreveu:

“Muito obrigado pelo vídeo. Palavras sábias. Até me deu um arrepio só de ouvir, cunhada, como se fosse pra mim. Aproveito para pedir a senhora, por favor, apresenta meu nome e de minha família nas orações da igreja. Meu nome é: Everton Nemésio”.

A assinatura permitiu aos investigadores confirmar que o “Delho” citado em mensagens anteriores era, de fato, o operador Delinho, um dos responsáveis pela movimentação financeira da facção fora do Brasil.

Delinho mantinha contato direto com Fabiana Manzini, esposa de Anderson Manzini, o “Gordo”, figura central em uma disputa interna de poder dentro do PCC. O Gordo é jurado de morte por rivais ligados ao líder histórico da facção, Marcola.

As investigações revelam ainda conexões de Delinho com João Gabriel Yamawaki, primo de Gordo e apontado como o dono de um “banco digital do crime”. Segundo informações do portal Metrópoles, o esquema teria movimentado R$ 8 bilhões por meio de 19 empresas de fachada, usadas para lavagem de dinheiro, compra de drogas e até financiamento político.

Conversas interceptadas indicam planos do PCC para lançar candidatos a vereador em cidades como Ubatuba, Mogi das Cruzes, Santo André, além de Campinas, Ribeirão Preto e municípios da Baixada Santista, no interior paulista.

Delinho deve ser transferido para São Paulo, onde será interrogado pela equipe da Dise.

 

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