Trabalho dobrado: Mães e líderes, elas equilibram maternidade e política

Foto: Divulgação
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Além de representar a população, a gente também carrega as responsabilidades familiares”, pontua Mara Caseiro

 

De forma natural ou milimetricamente organizada, a conciliação da vida pública com as tarefas da maternidade, apesar de inerentes das mulheres que exercem mandato, também exigem trabalho dobrado. Para as forças políticas do Estado e na Capital, a jornada influencia na forma de legislar e da força aos mandatos.

Uma reflexão, será que tudo isso vale a pena”, essa é uma das observações feitas ao longo da reportagem de quem escolhe a política, mas a resposta não tarda, as responsabilidades e empatia, qualidades aprimoradas na maternidade são carregadas na vida pública, em virtude da melhoria na vida de cidadãos que dependem dessas mulheres.

Acompanhada sempre do caçula Bruno e o primogênito Matheus, a prefeita Adriane Lopes, primeira mulher eleita no Executivo de Campo Grande, pontua que se realiza todos os dias através dos filhos. Mãe de dois, ela leva o olhar maternal para as políticas públicas. “Sonhei e nasci para ser mãe e me realizo todos os dias com os meus filhos, na primeira infância deles dei uma pausa na minha vida profissional para acompanhá-los de perto e ensinar a eles princípios e valores que ao longo dos anos foram construindo o caráter deles”.

A relação construída com respeito rende momentos especiais divididos em família, mas o trabalho dobrado é sempre em busca de resultados, para os filhos e para a capital. “Matheus e Bruno são companheiros, sempre me acompanham nos eventos, agendas e as vezes até na rotina da Prefeitura”.

Camilla Nascimento

A vice prefeita, Camilla Nascimento, primeira mulher eleita em uma chapa totalmente feminina em sua primeira eleição em 2024 é formada em odontologia é responsável pela criação de Carolinne, de 31 anos, Bianca, de 28, e Gabriel, de 21, e aponta orgulho e força vindos da energia que recebe dos filhos. “Sou abençoada por ter filhos que acompanham tudo o que faço. Conversamos sobre tudo, meu trabalho, o do meu marido, as atividades e planos deles, sempre com muito diálogo e companheirismo. Eles me cuidam, me mimam, e estão sempre ao meu lado. Agradeço a Deus por essa união tão forte e verdadeira. Somos realmente um pelo outro”.

Para Camilla, manter essa proximidade é essencial. “Não sei se é um conselho, mas posso afirmar com certeza, o apoio dos filhos e da família é essencial para quem está na vida pública. Nada levanta, conforta e cura mais do que o amor de um filho”.

Mara Caseiro

Mara Caseiro (PSDB) entrou na política em 1992 e em 1996 foi a vereadora mais votada de Eldorado, hoje exerce mandado na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul, onde já presidiu a CCJR, comissão mais importante da Casa e atualmente comanda a Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher e Combate a Violência Doméstica e Familiar, e conta que concilia as tarefas como mãe e avó com apoio da família. “A gente sente, sim, que precisa trabalhar dobrado. Primeiro, porque ser mulher na política ainda exige que a gente prove o nosso valor o tempo inteiro. Depois, porque, além de representar a população, a gente também carrega as responsabilidades familiares. Mas eu vejo isso como uma missão. Trabalhar mais não me assusta, porque sei que cada esforço vale a pena quando a gente vê o resultado nas políticas públicas chegando a quem mais precisa. E quero que minhas ações também sirvam de inspiração para outras mulheres que desejam entrar para a política sem abrir mão de ser quem são.”

Mãe de Matheus e Maiara e avó de Luiz Henrique, João Vitor e Ana Gabriela, Mara fala sobre a influência que a vida pública exerceu na família, mesmo com todos seguindo seu caminho, uma coisa é certa. “Todos têm um senso de justiça muito forte, e isso me orgulha demais”.

Lia Nogueira

Natural de dourados, Lia Nogueira foi a mulher mais votada para vereadora da segunda maior cidade do Estado e em 2022 subiu para o cargo de deputada estadual e hoje preside a Comissão de Assistência Social e Seguridade Social, apesar da distância, devido a sua atuação em Campo Grande, o malabarismo da deputada garante tempo com a família. “No meu caso fica mais complicado ainda, porque minha base eleitoral é Dourados, eu moro em Dourados, meu domicílio é em Dourados, então toda semana eu preciso vir para Campo Grande para cumprir as sessões aqui na capital do estado. É difícil, realmente, às vezes até faço uma reflexão, será que tudo isso vale a pena? Só que por outro lado, a política, não é ela que te escolhe, é você que escolhe estar na política, então você sabe que você teria que se anular de muitas coisas, abrir mão de muitas coisas. Uma dessas é esse convívio, mas quando a gente está junto realmente é muito bom”.

Com sua entrada na política em 2016, quando ficou como suplente, os filhos João Victor, 28 anos, Gabriel de 22 anos e Maria Eduarda de 20 anos, que até então não se interessavam muito por política, começaram a engajar, influenciados pela mãe. “Eles comentam, dão um pitaco, o do meio, principalmente, tem essa mania de querer comentar – A mãe, aquele projeto teu é legal, aquilo ali não ficou legal. A rede social, você precisa melhorar isso, aquilo. E hoje eles se envolvem muito com política. Antes eles não gostavam, hoje eles gostam muito, mas não se interessam em atuarem de forma ativa, efetiva, não. Não se interessaram e não têm vontade de se candidatarem, de seguirem a vida pública, não.

Mas eles se envolvem bastante e é muito bacana, porque cada um tem uma visão diferente”, posicionamentos esses que gram reflexão na hora de legislar.

Essas mulheres deixam claro, que mesmo sendo voz ativa na sociedade e representante milhares de iguais, os compromissos com a família e a responsabilidade de mãe se mantém no alicerce da vida.

 

Por Carol Chaves

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