De Chicago ao Vaticano: a trajetória de Robert Francis Prevost, o novo Papa Leão XIV

Foto AP/Riccardo De Luca
Foto AP/Riccardo De Luca

Primeiro pontífice norte-americano, Leão XIV construiu sua missão entre Estados Unidos, Peru e Roma, com raízes na espiritualidade agostiniana

A história de Robert Francis Prevost, eleito Papa Leão XIV, é marcada por cruzamentos culturais, serviço missionário e longa experiência eclesiástica. Nascido em 14 de setembro de 1955 em Chicago, nos Estados Unidos, é filho de Louis Marius Prevost, de origem francesa e italiana, e de Mildred Martínez, descendente de espanhois. Desde jovem, demonstrou vocação religiosa e, aos 22 anos, ingressou no noviciado da Ordem de Santo Agostinho.

Fez sua primeira profissão religiosa em 1978 e os votos solenes três anos depois. Prevost é profundamente marcado pela espiritualidade agostiniana, centrada na comunidade, na interioridade e na busca da verdade. Cursou teologia na Catholic Theological Union, em Chicago, e foi enviado a Roma para se especializar em direito canônico na Pontifícia Universidade de Santo Tomás de Aquino. Recebeu a ordenação sacerdotal em 1982.

Logo após concluir sua licenciatura em 1984, foi enviado ao Peru como missionário. Sua ligação com o país sul-americano se tornou duradoura e profunda. Entre 1985 e 1998, atuou nas dioceses de Chulucanas e Trujillo, dedicando-se à formação de novos religiosos, à docência no seminário e ao trabalho pastoral direto com as comunidades. Em Trujillo, foi vigário judicial e professor de direito canônico, patrística e teologia moral.

Após retornar aos Estados Unidos, foi eleito prior provincial da Província Agostiniana “Mãe do Bom Conselho”, com sede em Chicago. Pouco depois, seus coirmãos o elegeram prior geral da Ordem de Santo Agostinho, cargo em que permaneceu por dois mandatos (2001–2013), viajando o mundo e liderando mais de 2.700 religiosos agostinianos.

Em 2014, Prevost voltou ao Peru por decisão do papa Francisco, sendo nomeado administrador apostólico da diocese de Chiclayo, onde logo se tornou bispo titular. Foi ordenado bispo na festa de Nossa Senhora de Guadalupe, em dezembro daquele ano. Em 2015, assumiu oficialmente a diocese, reforçando sua ligação com o povo peruano, que o reconhece também como cidadão do país.

Sua atuação episcopal o levou a integrar a Conferência Episcopal Peruana, onde ocupou cargos como vice-presidente e presidente da Comissão de Cultura e Educação. Também foi membro do Conselho Econômico da instituição. Em 2019, Francisco o chamou para integrar a Congregação para o Clero e, em 2020, a Congregação para os Bispos, órgãos centrais na organização da Igreja.

O passo definitivo para sua entrada no centro da Cúria Romana veio em janeiro de 2023, quando o papa Francisco o nomeou prefeito do Dicastério para os Bispos — função estratégica, responsável por acompanhar e nomear os bispos no mundo todo. No mesmo ato, foi promovido a arcebispo. Em setembro daquele ano, tornou-se cardeal, recebendo o título de Santa Mônica. Em fevereiro de 2025, foi elevado à ordem dos cardeais-bispos, com o título de Albano.

Como prefeito do dicastério, participou das viagens papais, dos debates do Sínodo sobre a Sinodalidade e das principais decisões da Cúria nos últimos dois anos. Também foi ele quem presidiu, em março de 2025, o rosário pela saúde do papa Francisco, quando o pontífice já enfrentava agravamento em seu quadro clínico.

 

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