Alta projetada de 2,3% em 2025 é atribuída a juros elevados, perda de fôlego da demanda e retração nos investimentos
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) revisou para baixo sua expectativa de crescimento para a economia brasileira em 2025. Agora, a projeção é de um avanço de 2,3% no Produto Interno Bruto (PIB), menor resultado dos últimos cinco anos. A estimativa anterior, feita no fim do ano passado, apontava para uma alta de 2,4%.
O recuo, segundo a entidade, está diretamente ligado a um cenário de desaceleração econômica mais forte do que o previsto, agravado pela sinalização do Banco Central de que a taxa básica de juros pode subir novamente. “Reduzimos um pouco a projeção de crescimento do país para este ano, porque a desaceleração da economia está sendo mais forte do que a CNI esperava, e porque o Banco Central dá sinais de que vai elevar ainda mais a taxa Selic”, afirmou o diretor de Economia da CNI, Mário Sérgio Telles.
O sinal de alerta, de acordo com Telles, começou no último trimestre de 2024, quando o crescimento do PIB foi de apenas 0,2%. Para ele, o resultado foi muito abaixo da média dos meses anteriores e representa um reflexo claro de desaquecimento. “Há um desaquecimento geral da economia”, resumiu.
As estimativas da CNI para os principais setores confirmam essa tendência. A indústria, que havia crescido 3,3% no ano passado, deve avançar apenas 2% em 2025. O setor de serviços também tende a perder força, com previsão de alta de 1,8%, frente aos 3,7% registrados em 2024.
A indústria de transformação deve sentir esse impacto de forma mais direta, com expectativa de expansão de apenas 1,9%, metade da taxa alcançada no ano anterior. A construção civil também deve desacelerar: de 4,3% para 2,2%.
No campo oposto, a agropecuária surge como exceção positiva. Depois de um 2024 negativo, com queda de 3,2%, o setor deve crescer 5,5% este ano. A indústria extrativa também deve melhorar seu desempenho, passando de 0,5% para 1%.
As projeções da CNI refletem também um ambiente de crédito mais restrito. A taxa de juros real deve fechar o ano em 9,8% ao ano, acima dos 7% registrados em 2024. Isso tende a frear o consumo das famílias, cuja expansão prevista caiu para 2,2%, frente aos 4,8% do ano anterior. As concessões totais de crédito também devem desacelerar, com alta estimada de 6,5%, bem abaixo dos 10,6% do ano passado.
O mercado de trabalho também deve sentir os efeitos desse cenário. O crescimento do número de pessoas ocupadas, que foi de 2,8% em 2024, pode cair para apenas 0,5%. Já a massa salarial deve crescer 4,8%, abaixo dos 7,6% registrados anteriormente.
Os investimentos produtivos no país devem seguir a mesma lógica, com expansão projetada de 2,8%, contra os 7,3% do ano passado. O cenário externo, segundo a CNI, também deve influenciar negativamente, especialmente por conta da nova política comercial dos Estados Unidos, que tende a frear parte da demanda global.
Mesmo os gastos públicos devem acompanhar o ritmo mais lento. As despesas do governo devem subir 2% em termos reais neste ano, um resultado inferior ao crescimento de 3,7% em 2024.
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