Preço do ovo de Páscoa “amarga” com alta do cacau e ultrapassa os R$ 200

Ovos de chocolate já estão disponíveis para vendas nos supermercados - Foto: Nilson Figueiredo
Ovos de chocolate já estão disponíveis para vendas nos supermercados - Foto: Nilson Figueiredo

Escassez da matéria-prima do chocolate deve elevar em até 10% o valor dos produtos em 2025

Em Campo Grande, um ovo de Páscoa pode custar R$ 209,99 – caso do sabor pistache (600g) da Cacau Show, segundo apuração da reportagem do jornal O Estado. A culpa? A disparada no preço do cacau, que acumulou alta de 189% em 12 meses e afeta desde grandes marcas até pequenos produtores.

Nem as opções voltadas ao público infantil escaparam da inflação: o ovo Tortuguita (100g), acompanhado de um headphone Bluetooth, chega a R$ 165,90, enquanto Kinder Ovo Maxi (150g), custa R$ 98,90. Em outros formatos, a barra de chocolate ao leite da marca Garoto (1kg), está sendo vendida por R$ 109,90.

O chocolate tem superado a inflação geral dos alimentos. No acumulado de 12 meses até janeiro, o preço dos chocolates em barra e bombons aumentou 14,31%, quase o dobro da inflação dos alimentos, que ficou em 7,25%, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

A crise no abastecimento do cacau é a principal causa desse aumento. A Abia (Associação Brasileira da Indústria de Alimentos) estima um reajuste de dois dígitos nos ovos de Páscoa, mas sem aumentos extremos. “Não será nada absurdo, como um aumento de 50% ou 70%. A indústria faz uma ginástica para que o preço caiba no bolso do consumidor”, explica Gustavo Bastos, vice-presidente jurídico e de assuntos públicos da Nestlé e presidente do conselho diretor da Abia.

O cacau, principal matéria-prima do chocolate, teve uma alta de 189% nos últimos 12 meses, segundo a FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura). Questões climáticas adversas e uma crise sanitária na África, continente responsável por 70% da produção mundial de cacau, reduziram a oferta e aumentaram os preços globalmente.

Perspectivas para o setor

A presidente da AIPC (Associação Nacional das Indústrias Processadoras de Cacau), Anna Paula Losi, destaca que a queda na produção na Costa do Marfim e em Gana ampliou o déficit global na oferta de cacau. “Com a oferta muito menor do que a demanda, as cotações dispararam, impactando todo o mercado, inclusive o Brasil”, afirma Losi.

Apesar de o Brasil ser o sexto maior produtor mundial de cacau, com uma média de 200 mil toneladas por ano, o país ainda precisa importar cerca de 100 mil toneladas para abastecer a indústria local. A oferta reduzida afeta diretamente os preços internos. “Ainda não é possível prever como os preços do cacau vão evoluir. Mesmo com alguns sinais de queda na demanda, o mercado continua operando com uma oferta menor do que a procura”, complementa Losi.

A indústria do cacau tem investido para expandir a produção, tanto no Brasil quanto no exterior, mas esses investimentos levam tempo para impactar o volume ofertado. “Será necessário esperar um pouco mais para entender como o mercado global do cacau vai se comportar no médio e longo prazo”, destaca a presidente da AIPC.

Como economizar?

Diante dos aumentos, os consumidores devem buscar estratégias para economizar na compra dos ovos de Páscoa. A Associação Brasileira da Indústria da Alimentação estima um reajuste de aproximadamente 10% nos ovos em relação ao ano passado, mas os preços podem variar conforme a marca e o tipo de chocolate.

Para garantir o melhor preço, a recomendação é comparar valores em lojas físicas e online, aproveitar promoções e considerar alternativas como barras de chocolate e bombons, que podem ter um custo-benefício melhor. Algumas redes de supermercados também oferecem descontos em compras antecipadas ou em pacotes promocionais.

 

Djeneffer Cordoba

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